36- Monstro

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Será que existem homens maus bons? E homens maus maus? Essa divisão realmente existe? O quanto um homem mal pode ser mal? E o quanto um homem que se diz mal pode ser bom? 

Korapat não entende o irmão mais velho Kulap. Simplesmente não consegue ver como se é mal você pode impor ou ter limites entre o certo e o errado, quando se é mal, é mal e pronto, mas Kulap não parece ser esse tipo de "mal". Esta casado e tem um filhinho pequeno, Bean.
Nos negócios se restringe muito a viver sem conflitos com ninguém e quando entra neles mesmo em brigas sangrentas quase sempre dá um jeitinho de matar o mínimo necessário, poupando quem consegue, tentando acordos e usando diplomacia ao invés dos punhos sempre que possível. Sem contar que por mais ilegais que sejam seus negócios, tem limites também para as coisas que faz, e isso tudo faz o jovem Korapat pensar no motivo pelo qual seu irmão merece ser o " chefe " se é assim um bandido cheio de princípios. Existe isso de princípios na máfia? Para que seguir esses códigos e matar só quem merece morrer? Ou fazer os negócios ilegais na margem do legal?

Não, isso não vai funcionar para ele de forma alguma, Korapat é o tipo de pessoa que não vai aceitar essa vida limitada, assim que conseguiu uma região para cuidar, começou a trabalhar do jeito que queria, começou a fazer seu nome ser reconhecido pelo que ele era "um homem mal".
Mas sua fama era outra, por onde passava era conhecido como " Monstro ". Não poupava nada nem ninguém, mulheres, crianças, o costume era acabar com a vida até da família de quem atravessava seus negócios ou seu caminho. Não evitava briga, procurava briga. E começou um negócio muito perigoso de tráfico humano, primeiro era com mulheres que eram vistas principalmente como objetos, vendidas para fins de uso sexual ou até trabalho escravo ou mesmo a indústria mais negra de órgãos, quando descobriu que podia fazer o mesmo com homens e até menores, o céu não foi o limite, já que ele não conhece o significado da palavra limites.

Teve uma época em que ele estava tão descontrolado e tão sem freio que o fim mais óbvio para ele era a prisão ou o cemitério. Não tinha quem não quisesse vê-lo morto ou atrás das grandes.

*****

- O que é isso? Uma intervenção?

Korapat está irritado, sentado no escritório do pai, Sonchai, enquanto o homem mais velho está do outro lado da mesa olhando com calma para o filho, na cadeira ao lado de Korapat está seu irmão mais velho. Estão ali para discutir os " limites "

-Chame como quiser seu bastardo maldito...

Kulap não parece tão calmo como o pai deles, muito pelo contrário, seu rosto parece transtornado e está vermelho, ele sente muito ódio nesse momento.

- Pai estou aqui com...

A porta é aberta e um adolescente de uns 14 anos entra e se espanta ao ver os 3 homens reunidos. Ele une as mãos em sinal de respeito e desculpas .

- Perdão papai eu não sabia que estavam tendo uma reunião.

- Sem problemas meu filho,  eu estava esperando por você, trouxe o que eu pedi?

- Sim pai...

O pequeno se aproxima da mesa e entrega uma pasta grande para Sonchai a quem chama de "Pai" na verdade esse adolescente é Klahan e seu pai biológico é o homem sentado com cara de tédio Korapat. Mas o menino sempre chamou o avô de pai desde muito pequeno e assim ficou, ninguém corrigia ninguém, mesmo agora o menino sabendo que aquele estranho ali na sala era seu pai, ele não sentia nada. O homem não tinha interesse nele e ele não tinha interesse naquele homem.

- Sabe o que é isso seu idiota?

Sonchai joga a pasta sobre a mesa.
Ninguém fala nada, ou sabe exatamente do que se tratava. Então o mais velho continua.

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora