89- Descontração

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Pawat está sentado nervoso no quarto, esfregando uma mão na outra sem parar, a alguns minutos tinha desmaiado na sala, e pediu um tempo antes de conversarem. O corpo doia, ao voltar com Klahan para o resort pegar suas coisas, tinha tentado tomar um banho sozinho, mas era impossível.

Tinha muitos cortes e ardia de mais, então o mais velho lhe ajudou a tomar um banho, mas o mais novo acabou chorando o tempo todo então Klahan pediu que Ratt chamasse algum de seus contatos na ilha, não demorou nada, alguns pontos e vários curativos, a parte pior era por que tentou lutar, um dos homens estava com uma faca e Pawat acabou se cortando superficialmente nas costas e braços, o rosto inchado pelos socos, sorte que não quebrou o nariz ou perdeu nenhum dente. Na perna estava pior um grande hematoma estava bem dolorido.

"Bastardos..." Pawat pensa no que fizeram com ele.

- Aqui pegue...

O estudante levanta o olhar para o rapaz que lhe trás um copo de água.

- Obrigado por me acompanhar- Pawat pega o copo e suspira fundo antes de tomar a água, geme baixinho, sua boca dói, seu corpo todo dói- Eu só preciso de uns minutos.

- Meu nome é Phat...

O loiro senta ao lado de Pawat na cama.

- Você, aqueles homens, todos sabem sobre mim né?

- Sim, meus esposos estão ajudando Klahan a resolver as coisas para você ficar bem.

Os olhos de Pawat que estão inchados se arregalam um pouco.

- Dois? Você tem dois esposos?

Phat sorri orgulhoso de seus amores.

- Sim, estamos juntos a bastante tempo já mais de 3 anos.

- Uau, que incrível, mas todos se amam igual? Não tem brigas?

- Sim a gente se ama igual, cada um tem um gênio diferente, mas a gente se entende muito bem.

- Fiquei impressionado, mas eu só tenho o hia, se ele amasse outro eu ia ficar louco.

Phat sorri, simpatizou com Pawat.

- Isso acontece muito, nem todo mundo consegue ou entende o tipo de amor que eu e meus esposos temos. Mas é igual você, também temos ciúmes uns dos outros, é uma relação normal entende?

- Sim, eu acho bom, só vi de relance, mas eles parecem bonitos e mais velhos que você, não igual eu e hia é claro.- Pawat sorri sem jeito, sabe que sua diferença de idade com Klahan é bem grande.

- Meus esposos são mesmo muito bonitos- o sorriso de Phat se amplia com aquele elogio e de pensar nos homens que o esperam lá na sala- Você não tem que sentir vergonha, não importa se é idade diferente, se é homem ou mulher, se ama mais de uma pessoa, o importante é se sentir bem aqui- Phat toca o próprio coração.

- Obrigado, eu e o hia, a gente está começando sabe? Uma coisa mais séria, mas agora minha mãe veio aqui, estou com medo que ela vai querer me arrastar para casa com ela. Tenho medo de ver meu irmão.

- Ei, por que não desce e vê o que ela tem para te falar? Sei que está tentando se preparar, mas nunca vai conseguir sair desse quarto assim. Você acha que aquele velho... digo P'Klahan vai deixar te levarem?

Pawat acaba rindo.

- Não ele nunca vai deixar...

- Então não tenha medo sim? Vamos descer?- Phat estende o braço para apoiar o outro, que aceita o apoio se levanta da cama e juntos voltam para sala, é hora de enfrentar seja lá o que for que sua mãe tenha a dizer.

Assim que chegam na sala o clima parece tenso, Klahan esta de pé perto da sacada, fumando, parece tentar aliviar o estresse, Kan e Gear sentados em um sofá conversando baixo entre si e Chaisee sentada em uma poltrona, um copo de água na mão olhos baixos e marejados parece nervosa.

Phat ajuda o novo amigo a se sentar em outro sofá e vai se juntar a Gear e Kan se sentando entre eles, que sorriem para ele imediatamente, ambos sabem como Phat é sociável e gosta de ser prestativo e sentem orgulho do baixinho.

- Hia...

A voz de Pawat soou baixo, mas Klahan apaga rapidamente o cigarro e entra se sentando ao lado do mais novo.

- Você se sente bem agora? -Klahan deixa Pawat se aconchegar a ele e apoia o mais novo que segura sua mão com a mão tremola.

- Estou bem hia...

- Bom nós viemos aqui só trazer essa senhora, se não se importam já estamos de saída- Kan diz e tenta se levantar, mas Phat o prende no lugar segurando em sua perna.

- A gente não pode ficar?

Pawat sorri com as palavras do baixinho, aquilo estava ajudando ele a se sentir mais aliviado, isso e a conversa descontraída no quarto. Queria que seus irmãos pudessem ser como aquele rapaz, não teria sofrido tanto.
Klahan vê a expressão de Pawat, e mentalmente agradece a Phat, se fosse por ele mesmo o clima estaria pior, ver o mais novo daquele jeito por culpa daquela família lhe tirava totalmente do seu juízo normal.

- É assunto deles- Gear faz carinho nas costas de Phat e o empurra de leve incentivando ele a se levantar para eles poderem ir para casa.

- O filho de vocês é bem curioso eim? Mas por mim vocês podem ficar...

- Seu...- Phat morde os lábios, quer xingar, mas olhando para Pawat fica com receio, mas Pawat está sorrindo agora- O velho disse que a gente pode ficar- Phat olha para Kan e depois para Gear, enquanto sorri vitorioso.

O clima está realmente melhor e muito leve agora, só Chaisee que não parece bem.

- Eu preferia conversar a sós.

A voz dela sai baixa e fraca, mas todos escutam bem e o clima pesa novamente.

Pawat se encolhe contra o corpo de Klahan que sente o tremor no corpo do estudante.

- A senhora pode começar a falar a gente vai ficar aqui, essas pessoas podem ser estranhas para Wat, mas fizeram mais pelo bem dele nesses últimos dias do que sua família fez a sua vida toda. Estamos aqui para apoiar ele, ninguém vai fazer isso de novo com ele, disso a senhora pode ter plena certeza. Eu não vou deixar.

As quatro últimas palavras parecem uma ameaça, então é a vez de Chaisee se encolher um pouco, mas ela acente com a cabeça e levanta o olhar para o filho, é hora de falar a verdade.

Ela começa explicando do problema que ele teve desde pequeno e da solução trazida por Daw, conta que autorizou tudo, e ela mesma pediu um remédio para enfraquecer ele, com isso o pai e os irmãos não saberiam a verdade. Depois confessou que seu plano era contar a verdade para ele e ajudá-lo a sair do país para que ele tivesse uma boa vida longe de toda aquela nojeira.

Ela ainda está se explicando, mas Pawat chora muito agora, seu corpo sacode de leve, mesmo Klahan o amparando o tempo todo com o braço em volta de seus ombros. O mais velho olha para Phat que entende o recado e imediatamente se levanta indo buscar um pouco de água para Pawat, ele logo volta e Klahan faz Pawat beber um pouco antes de sua mãe continuar.

Pawat enchuga os olhos doloridos, e todos esperam no tempo dele ele se acalmar

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora