41- Bode expiatório

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Era difícil esperar que as coisas fossem descobertas tão vagarosamente por Jhony. Taeng tinha sido extremamente paciente por muito tempo, uma vez que sozinha ela não estava conseguindo descobrir grandes coisas, acabou investindo na educação do sobrinho e esperando que ele conseguisse se infiltrar na máfia para obter mais informações.

Mas as coisas desviaram completamente de rota quando Jhony acabou se envolvendo com um sujeito chamado Gear, foi nessa época que as esperanças de Taeng começaram a morrer, parece que ia passar a vida buscando respostas sem realmente obter nada.

Dessa forma provavelmente jamais ia conseguir se vingar, jamais ia conseguir limpar o nome de seu irmão. Já tinha sido difícil conseguir mudar o  sobrenome dela e de Jhony, mais que isso, tinha usado metade da herança deixada pelo irmão, para educação e criação do pequeno.

Seus pais chegaram a pedir que eles fossem morar com eles. O que até foi feito e deu certo por alguns anos, mas o objetivo dela estava aqui, era na Tailândia que devia ficar, então quando pode voltaram, mas logo o menino tomou outros caminhos.

E assim sendo, ela as vezes duvidava que ele realmente entendia a dimensão de tudo aquilo.
No dia que ele finalmente conseguiu uma oportunidade verdadeira de se infiltrar, ela achou que tinha chegado finalmente o momento em que poderiam descobrir coisas sólidas e levar aquela vingança a cabo.

Mas outra vez se sentiu frustrada, o rapaz até tentou buscar algumas informações, mas nada era concreto, como se as coisas que aconteceram no passado com seu irmão tivessem sido completamente apagadas e tiradas do mapa, quem podia sumir assim com as provas dessa forma?

Como que não tinha nada, nenhuma ponta que pudessem puxar e descobrir mais por baixo? Durante um ano ela esperou ele conseguir fazer algum progresso, e nada aconteceu como o esperado. Sua paciência mantida por anos a fio estava no fim com certeza.

Durante todos esses anos e com a grande soma em dinheiro deixada por seus pais para ela Taeng fez muitas coisas, não vivia só pela vingança, por mais que quisesse. Estudou muito, se preparou muito, levantou o próprio negócio, tinha uma vida bem estável e relativamente confortável.

Fora que tinha contatos significativos, aprendeu a ter muitos e muitos contatos, o que sempre lhe foi útil e fazia grande diferença.  Agora que a um ano seu sobrinho estava infiltrado na máfia, mas não conseguia mesmo assim informações, resolveu ela mesma através de seus contatos se infiltrar. Não foi nada fácil, levou um ano para conseguir algum progresso. A organização era extremamente cuidadosa e fechada. A partir do dia em que conseguiu resolveu investigar sozinha e não meter muito o sobrinho nisso.

Tinha tido progresso ao descobrir qual era a família que estava responsável por tais cobranças, naquele ano da morte do seu irmão. Chegou a enviar a informação ao sobrinho, com uma foto da sua família, para ver se ele entendia que tinha uma missão.

Pensou ter achado uma pequena ponta, só que era mais que isso de repente parecia que tinha aberto uma verdadeira caixa de pandora, depois dessas informações, começou a achar outras que a deixaram estupefata.

*****

- Tem alguém mexendo no passado senhor, essa pessoa está buscando arquivos e conversando por aí. Chegaram poucas informações até nos, só sabemos que está infiltrado aqui na nossa região. Começamos a procurar, mas não descobrimos  quem é ainda.

- Sobre exatamente o que essa pessoa quer saber?

- O sobrenome Nattawin e um subordinado afastado Abey.

Korapat que está sentado em seu escritório na sua própria casa olha para o rapaz que trás as informações, ele trabalha a apenas alguns anos ali, então não sabe de coisas que aconteceram a tantos anos atrás. Mas pra alguém estar tentando acordar os mortos, é alguma pessoa do passado com certeza.

Sabe que a maioria das provas nem existem mais, que a maioria dos envolvidos nem vivem mais, só que não pode arriscar ter alguém lhe investigando de perto, tem muitos negócios que faz por baixo dos panos e que podem acabar sendo expostos. Aprendeu a ser bastante discreto com os anos. Precisava de um bode expiatório.

- Seja quem for, deve estar usando contatos para perguntar por aí, a pessoa não vai se expor com tanta facilidade. Então vamos dar o que esse sujeito quer.

Korapat levanta e vai até um cofre de onde tira alguns documentos, entrega ao subordinado.

- Leia...

O rapaz passa os olhos nos papéis e logo sabe do que se tratava.

- Mas senhor, seu... Seu filho está envolvido nisso?

Korapat encosta no lado na mesa, de frente para a janela, acende um cigarro distraidamente enquanto olha para fora. Não parece ter emoção nenhuma no olhar.

- Eu não tenho, e nunca tive filhos. Esses bastardos nunca me serviram de nada, um deles pode muito bem me servir de escudo. Deixe quem quer saber da verdade, saber da verdade.

- Entendido senhor.

O subordinado apenas sai da sala, sabe que não pode questionar o chefe, em suas mãos estão papéis que provam que Klahan esteve no comando de operações de cobranças de dívida por alguns anos, o nome dele está envolvido com o do tal de Abey, e o nome deles dois com o sujeito chamado Nattawin.

As informações agora começam a vazar e a fluir como um rio e não é difícil de chegarem até Taeng.
Era isso? Klahan Suttatip tinha quantos anos naquela época? 19? Taeng estava tentando ponderar as novas informações. Podia um garoto tão novo ser tão mal? Ele tinha atirado em seu irmão a sangue frio? Realmente foi atrás de um devedor? Ou ele tinha se confundido? Foi um engano ? Foi de propósito? Tem mais por trás? Kulap, Korapat, o velho pai deles dois? Ou era só isso? Klahan, um tiro e fim da história. Abey estava com ele? O homem que sumiu do mapa a um tempo atrás, a foto que Jhony achou no escritório de Klahan na ilha era daquela época,  dos homens que trabalhavam com ele. Tudo sobre o cara tinha sido encoberto, então Abey sabia mais do que contava? Se escondeu por que tem o rabo preso em algo? Investigou ele, sabia que tinha esposa um filho, viu fotos, mas o rastro deles tinha desaparecido a mais de 2 anos.

Surtando, Taeng estava surtando com tantos questionamentos. Precisava conversar com Jhony, cara a cara, contar o que descobriu, duas cabeças pensariam melhor que uma, finalmente depois de tantos e tantos anos tinha uma resposta clara, sabia quem puxou o gatilho, ela e o sobrinho precisam pensar juntos, no que deve ser feito agora. Qual caminho seguir.

Ela nem pensa muito, so pega o carro e dirige até o restaurante, nessa altura não se importa em não se expor, a verdade veio a tona, e o que importa agora é o que eles vão fazer com essa verdade...

Ela estaciona, pega o celular, liga para o sobrinho, mas sua mente cheia de questionamentos, preenchida de questões, fica em branco quando vê um jovem saindo dos fundos do restaurante, o mesmo rosto que viu a pouco nos arquivos de Abey. O que era aquilo? O destino? Ou o garoto estava ali perto de Jhony com algum objetivo específico?

Seus planos de repente mudaram, mudaram completamente ...

The two brothers Onde histórias criam vida. Descubra agora