The two brothers

01- Klahan

Kulap não entendia o irmão mais novo Korapat, com 15 anos o garoto já tinha se envolvido em problemas mais do que suficientes, além de brigas, muitas coisas erradas e histórias na escola entre drogas, meninas e buling, o menino era um verdadeiro demônio.

E agora o pequeno ia ser pai, do nada essa notícia pegou a família inteira de surpresa e acabaram tendo que acolher a menina que era tão nova quanto Korapat e foi expulsa de casa pela gravidez.

Araya e Korapat tiveram um casamento forçado. Quando Klahan nasceu foi criado basicamente pelo avô que naquela época era quase líder absoluto da máfia, quando as famílias ainda não tinha se dividido totalmente.

Crescer assim era difícil, nem mesmo era herdeiro direto, por ser o filho do irmão mais novo, mas ao mesmo tempo era o neto mais velho tinha que de certa forma ser o melhor em tudo. Seus brinquedos eram armas, seus estudos eram sobre como gerir os negócios, seus pais eram distantes e não havia afeto, seu avô era menos afetuoso ainda, deixando claro desde sempre que o dever dele era cuidar e proteger a "família".

Para Klahan isso nunca foi um problema, fazia sempre as coisas direito e como era designado, sempre teve disciplina e não achava nada difícil demais ou cansativo demais, aprendia rápido e não tinha grandes ambições.

Quando se tornou adolescente já sabia mais sobre os negócios do que muito homem adulto. Sempre se mantinha calmo e gostava de cobrar as dívidas principalmente, não se incomodava em torturar ou até mesmo atirar em alguém que não respeitasse as regras, nunca tinha de fato matado ninguém, mas esperava que quando esse dia chegasse estivesse realmente preparado para carregar isso para o resto da vida.

Antes mesmo de tirar a primeira vida, acabou ganhando uma vida. Com 15 anos igual seu pai, se tornou um pai, pai de um filho que não era seu. Mond nasceu já rejeitado por Araya e Korapat, que nunca souberam o que significa a palavra filho em todo seu amplo significado e, veio para Klahan a responsabilidade sobre aquele bebezinho recém nascido.

Nessa época as famílias já estavam bem divididas mas não existia guerra entre eles, cada qual tomou um território e a vida prosseguiu cada um cuidando de seus próprios negócios.
Kulap como novo chefe designou uma área para Korapat e isso fez com que Klahan tivesse que trabalhar com o pai.

Não era uma parceria fácil, nem mesmo era tranquilo, os dois divergiam muito sobre os métodos de trabalho o tempo todo. E no fundo Klahan se ressentia com o pai, por ter que criar Mond sozinho, mas seu irmão a medida que crescia ia se tornando sua prioridade e sua vida. Klahan nunca esteve apaixonado.

Já tinha tido suas experiências com garotas e também com garotos. Achava divertido com ambos. Gostava da sensação apenas, por que paixão, amor, ninguém nunca tinha despertado nele aquele sentimento. E com o exemplo de seus pais, sabia que o amor poderia ser algo fadado ao fracasso, seus pais viviam essa vida de uma felicidade de fachada, nenhum dos dois nunca tinha sido realmente feliz com o outro.

Quando completou 19 anos, Klahan já era conhecido e muito temido em todos os lugares, a fama se dava pelo fato de que ele era calmo de mais, bom em torturas, nunca tinha realmente matado ninguém, mas isso era pior, já que os homens que caiam nas suas mãos preferiam a morte.

Estava a alguns dias cobrando dívidas quando o pai lhe enviou alguns arquivos sobre uma nova lista de pessoas que ele tinha que procurar para cobrar. O pai geralmente cuidava da parte burocrática e da papelada, então Klahan ficava com a ação sem questionar muito. Mas nesse dia em específico acho a lista um pouco estranha, queria parar para analisar, gostava de saber tudo sobre as pessoas das quais tinha que ir atrás, mas daquela vez as informações estavam faltando, pareciam incompletas.

Tentou contato com o pai e com os homens dele, mas não teve muito sucesso. Então ele e seus próprios homens foram investigar por conta própria.
Ao seguir um dos primeiros nomes da lista no entanto algo deu muito errado, o homem percebeu que estava sendo seguido e o fim da noite foi uma troca de tiros em um beco afastado da cidade.

O homem que eles estavam seguindo além de ter mais 3 homens com ele, estavam todos armados, o que levou Klahan a crer que sim ele era um sujeito mal fugindo de acertar suas dívidas.

Um dos seus subordinados estava sem vida no chão e seu próprio braço que fora atingido por um tiro estava sangrando muito, depois de acabadas as munições de ambos os lados o homem que Klahan precisava torturar e cobrar foi capturado.
Nattawin Suparat esse era o nome do indivíduo.

Klahan estava com raiva naquele dia, nem quis fazer as coisas como geralmente faz, era a primeira vez que tinha um ferimento tão grave, já tinha apanhado várias vezes antes, até levado tiros de raspão. Mas aquilo era diferente. No geral ele não perdia a cabeça ou a calma por nada. Mas ao se aproximar de Nattawin o homem que estava sendo segurado pelos seus subordinados, lutava para se soltar gritando e repetindo que não tinha feito nada de errado, que tinha família, que podia pagar o resgate.

Como aquele bastardo ousava confundir eles com sequestradores? Quando se tem dívidas se sabe que a máfia cobra seu preço. Nessa hora todos davam as mesmas desculpas. Klahan estava começando a se cansar desse tipo de desgraçado que se mete em jogo, dívidas as vezes comprometendo a própria família pra sustentar seus vícios. Homens com aquele tipo de caráter e que atiram primeiro pra implorar depois não mereciam nem mesmo ser torturados.

Klahan ainda era muito novo, muito imaturo e pela primeira vez alguém tinha feito ele ficar um pouco impaciente, então atirou no homem sem dó. Achou que ficaria mal depois de matar alguém assim a sangue frio. Mas o corpo de um de seus melhores homens sem vida no asfalto frio, seu próprio braço sangrando sem parar, um homem que claramente era mal, jurando que era bom, tudo isso só deixava ele com um sentimento de alívio por ter livrado o mundo de um pedaço de lixo daqueles.

Depois disso matar se tornou parte da rotina de trabalho e decidiu criar o irmão totalmente longe de tudo isso. Ia esperar Mond ter idade suficiente para decidir se queria ou não ingressar naquele mundo. Por enquanto ia deixar seu irmão crescer como uma criança normal viver e estudar, sem pressão para se tornar alguém como ele que as vezes precisava esquecer que tinha um coração.

*****

Como é perder tudo com 6 anos?

Jhony não sabe, ele não pode responder, ele tem apenas 6 anos, ele não entende o que está acontecendo, ele está anestesiado. O pai, a mãe e o irmão mais velho estão sendo velados. Ele está sentado agora sozinho em um canto no jardim, nenhum pensamento passa pela cabecinha infantil, ele não consegue pensar. Quando alguém se aproxima dele e segura suas pequenas mãozinhas, ele olha nos olhos vermelhos e inchados da outra pessoa, e tudo que essa pessoa tem a lhe dizer são 4 palavras que ficam martelando em sua mente por várias horas mesmo depois de serem ditas.

- Nós vamos nos vingar...