Euphractus Sexcinctus

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Não sei se você sabe – e se não sabe, fique sabendo – que eu utilizo em meu blog uma ferramenta que me permite verificar por quais caminhos os visitantes o estão acessando. Brinquedinho muito útil e por vezes revelador.


Dia desses, quando espiava as visitas que partiram do Google (Ave, Google!), descobri que um cidadão adentrou às Crônicas do Beto buscando a seguinte frase: "Cão feroz atacando tatupeba".


Pois é. Também não sei.


Fiquei imaginando o que, diabos, esse cabra estava querendo com um "cão feroz atacando tatupeba". Será que ele queria, apenas, uma rara foto de tal ação? Queria ele achar um conto sobre um cão que, em um acesso de fúria, atacara um indefeso (salvo a carapaça) tatupeba que tivesse flertado com a senhora cadela? Quiçá, vai saber, tal visitante estava enfrentando uma invasão de tatupebas em sua residência e procurava qual seria o melhor cão feroz para usar como guarda em seu quintal. Ó, dúvida cruel.


Bom, o que fiz eu: fui ao Google (Ave, Google!) e pesquisei, antes de tudo, o que é um tatupeba, pois, confesso, não sabia exatamente do que se tratava – apesar de desconfiar.


Um tatupeba, segundo o site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), "é um animal solitário...".


Antes de prosseguir com esta crônica, quero prestar minha solidariedade ao tatupeba, essa pobre criatura solitária que, não bastasse as agruras de uma vida sem o devido convívio social, ainda é atacado a torto e a direito por cães ferozes.


Voltando, o tatupeba "é um animal solitário, cujo nome científico é Euphractus Sexcinctus (me admira ser solitário), que ocupa campos, cerrados e bordas de floresta onde escava túneis para se esconder. Possui hábitos diurnos e crepusculares (a Stephenie Meyer gostaria disso) e ocasionalmente tem atividade durante a noite. Alimenta-se de uma ampla variedade de itens, incluindo muito material vegetal, como raízes e frutos, e também insetos, como formigas, pequenos vertebrados e até carniça. Tem a visão relativamente pouco desenvolvida, mas possui um bom olfato, que é utilizado para procurar seu alimento. Quando manuseado, o tatupeba pode morder para se defender".


"Manuseado"? Às vezes eu confesso que começo um texto e não faço a menor ideia para aonde ele vai me levar (muito menos do porquê de está-lo escrevendo). Eu jamais imaginaria, por exemplo, que um tatupeba pudesse ser "manuseado". Inclusive, apoio o bichinho, afinal, eu também morderia se tentassem me manusear. Mas já que a Embrapa diz que o tatupeba pode ser manuseado, e ainda o chama de "Sexcinctus", quem sou eu para discordar? Todavia, convenhamos, é uma afirmação que suscita muitos questionamentos – ainda mais com sobrenome tão sugestivo. Senão, vejamos:


Como seria o manuseio de um Sexcinctus... digo, de um tatupeba? Qual seria o fetiche manual que tatupebas inflariam em determinadas pessoas? Seria o tal cão feroz na verdade um bicho tarado que só queria manusear o sexcinctus do tatupeba? E o visitante que inspirou esta crônica, teria tal pessoa um fetiche por manusear tatupebas? Ou seria um voyeur de cães ferozes... ou será que, na realidade, ele prefere relações "sexcinctuais" inter-raciais?

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