capítulo 35.

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Cheryl Blossom pov.

- você nunca me falou muito sobre você mesma. - coloquei as minhas mãos dentro dos bolsos do casaco. estava bastante frio. - me conta da sua infância.

- eu era nerd. - ela riu, parecendo se recordar. - gostava de estudar e odiava ficar no fundo da sala. a minha mãe gostava de me ver fazendo amizades, mas eu odiava fazer amizades. é que quando eu tinha uns oito anos, eu comecei a gostar de um garoto. ele dizia que gostava de mim também, mas no final, preferiu a minha amiga.

- pobre Toni. - ri baixinho com o seu depoimento amoroso.

- ei, não ri de mim! - ela me deu um leve tapa no braço.

Toni começou a chutar algumas pedras no chão, conforme andava. parecia se recordar mais do seu passado, não sei.

ambas ficamos em silêncio novamente.

- quando eu estava no segundo ano, eu vi uma menina da minha sala quietinha. - voltou a dizer. - e ela não era assim. então eu fui até ela... e perguntei se ela estava bem.

- e o que ela disse? - me interessei no assunto.

- que não. - murmurou. - ela falou que os pais dela estavam brigando muito. disse que uma vez, o pai dela chegou bêbado em casa e bateu nela e na mãe.

- coitada. - foi a única coisa que consegui dizer. deve ser tão pesado passar por isso bem na infância.

- ela me contou que tinha uma irmã de dezesseis anos, na época. - Toni continuava andando e chutando as pedras. - eu lembro até hoje, ela me disse: "é que a minha irmã gosta de meninas também. uma vez eu ouvi o meu pai dizendo, que não queria ver ela com nenhuma menina, caso contrário, ele teria que matá-la".

- meu Deus, que pesado. - virei o meu olhar para ela, enquanto continuava andando.

- ela me perguntou se isso era tão errado assim. eu falei que não, que os meus pais me ensinaram a amar todos da forma que eles são. que qualquer tipo de amor, ainda era amor. nunca deixaria de ser amor.

- isso é lindo. - abri um sorriso fraco, porém sincero. todos os sorrisos que dou com ela, são sinceros.

- a professora ficou sabendo dessa nossa conversa, pois o pai da menina teve na escola, dizendo que alguém tinha influenciado ela a falar coisas erradas. - ela disse e eu já senti o desespero tomar conta de mim. eu estava ansiosa e nervosa para saber o que viria depois.

- e aí?

- e aí que a professora me chamou para conversar. - suspirou pesado. - ela pediu para eu dizer exatamente o que eu disse para a menina e eu disse. contei o que eu falei e o que ela me falou sobre o pai. a professora disse que eu estava certa e que foi lindo o que eu disse. ela falou que eu era muito esperta para uma garotinha de apenas sete anos. disse que era para eu continuar assim, com esse pensamento. eu me senti muito feliz, senti que começando daquele momento, eu poderia ajudar muitas pessoas.

sorri novamente.

Toni Topaz pov.

- o que aconteceu depois? com o pai dela? - questionou curiosa.

- foi preso. - respondi e ela me olhou surpresa. - preso por... por...

- por...?

- por assédio sexual. contra a própria filha. - falei baixo, certamente com medo da reação dela.

Cheryl parou e ficou em silêncio.

me aproximei mais dela, olhando para o seu rosto. que agora, parecia abalado com o que disse.

- eu não deveria ter te dito isso, me perdoe. - segurei as suas mãos.

de surpresa, ela me abraçou. um abraço forte, um abraço que mesmo junto de mim, parecia pedir por mais que isso.

- você é incrível. - Cheryl murmurou, antes de deixar um beijo demorado na minha bochecha.

a garota da cadeira ao lado - Choni.Where stories live. Discover now