capítulo 28.

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Cheryl Blossom pov.

Toni estava sentada na minha cama e eu estava deitada em seu colo, enquanto recebia um bom cafuné.

nós também estávamos com as nossas amigas, conversando sobre coisas aleatórias.

- eu jurei que a minha mãe tinha me chamado para dar só um passeio. - Betty bufou. - na verdade, ela tinha me levado em uma loja de casamento. me mandou escolher um vestido e marcar a data.

- ih, agora vocês vão ter que casar. - Toni brincou, vendo a cara de pavor das duas.

e para me matar de constrangimento, o meu pai entrou no meu quarto do nada, sem nem bater na porta.

- quem é essa menina e o que ela faz aqui? - ele apontou para Toni, que se encolheu de nervoso.

- é a minha amiga, ela não está proibida de vir aqui. - o enfrentei. - Toni vai vir quantas vezes eu quiser que ela venha.

ele deu as últimas olhadas para Toni e virou o olhar para Verônica e a minha prima.

vi que Verônica se arrepiou com o contato visual. ela morre de medo do meu pai.

e sem dizer mais nada, ele saiu do quarto.

- ai, ele é um pesadelo. - Toni balançou a cabeça rapidamente e negativamente.

- ele não era assim. - Betty me olhou confusa e desconfiada.

- esse é o verdadeiro Clifford Blossom. sem a minha mãe e sem o Jay Jay. o verdadeiro Clifford comigo. - neguei com a cabeça, tentando afastar esse pensamento que me assombra todas as noites em Thistlehouse.

notei que Betty iria questionar ou falar algo sobre o assunto, por isso a cortei antes mesmo de ela começar.

- vocês querem pedir pizza? - sugeri. - estou com fome.

o clima já havia ficado constrangedor. é o que o meu pai faz em qualquer lugar que chega.

- só se for de marguerita. - Verônica esticou os braços, espantando o medo que sentiu com o recente acontecimento.

- então vamos pedir. - me levantei, pegando o meu celular que estava no outro lado da cama.

Toni parecia conversar com Betty visualmente. as duas se encaravam como se estivessem contando segredos que não podiam ser revelados.

- vocês vão querer de quê? - Verônica questionou, quebrando qualquer tipo de contato visual entre elas.

- qualquer uma, gosto de qualquer sabor. - Toni sorriu de uma forma pensativa, como se não estivesse nesse mundo. não agora.

- cha-cha, pode ir pegar o número da pizzaria lá na cozinha, por favor? - me sentei na cama outra vez. - está na geladeira.

- Betty, vem comigo? - Ronnie olhou amedrontada para Betty, como se um monstro terrível a esperasse fora do meu quarto.

e então, as duas saíram.

- você está bem? - me sentei ao lado de Toni. - parece pensativa, confusa, curiosa.

- quero saber mais sobre você. - ela pediu. - você disse que esse é o verdadeiro Clifford Blossom, sem a sua mãe e sem o seu irmão. ele finge perto deles, então?

suspirei pesado, encostando a cabeça na cabeceira da cama e fitando as minhas unhas.

- quando a minha mãe ou o meu irmão estão por perto, o meu pai me trata como se eu fosse a coisa que ele mais ama no mundo. como se...

- como se ele se importasse com você? - terminou por mim.

- exato. - concordei sem olhar em seus olhos. - aí quando estamos só nós dois, ele é o Clifford que você conhece. e não, não é o Clifford que eu invento!

- como assim? o Clifford que você inventa? - quanto mais eu contava, mais interessada nas minhas histórias ela ficava. e isso era bom, de uma certa forma. já que ela é a única que tem interesse em me ouvir.

- no meio do primeiro ano, o Jason tinha passado para o melhor time de futebol do país, mas não era aqui nessa cidade. - comecei. - então, a minha mãe e ele viajaram para conversar com o técnico e enfim, fiquei sozinha com o meu pai.

dei uma pausa comigo mesma e notei que precisava falar baixo, mais do que eu estava falando.

as paredes são finas e mesmo que fossem grossas, o meu pai está por todo canto.

- continuando. - voltei a dizer. - o meu pai começou a colocar as asinhas para fora. começou a mostrar quem ele era. ele me batia quando estava bêbado, dizia que eu não deveria ter nascido, que Jason com certeza era melhor que eu. e que eu só dava trabalho. eu estava sozinha com ele, não tinha ninguém. então a minha única saída foi contar para o diretor da escola. o meu pai foi lá e disse que era imaginação de criança, aí quando cheguei em casa...

Toni ficou em silêncio e eu também, mas logo voltei a dizer.

- ele disse que... que eu poderia pegar uma das armas que ele guarda e poderia soltar o gatilho em mim mesma. - deixei uma lágrima cair. - e disse que se eu quisesse, ele mesmo o poderia fazer.

- Cheryl, você tem que sair daqui. - Toni disse rapidamente, como se tivesse visto um fantasma ou até o meu pai em sua frente. - o mais rápido possível!

- do que está falando? - cruzei as pernas, finalmente virando o meu olhar para ela.

- o seu pai... - deu uma pausa na sua própria fala. - ele pode acabar com você quando ele mesmo quiser. não sabe quando isso pode acontecer, como isso pode acontecer. você não pode ficar aqui.

a garota da cadeira ao lado - Choni.Where stories live. Discover now