Ursula
— Olhei pela janela o jardim e toda a decoração que estava sendo quase finalizada e provavelmente seria de um casamento talvez?Não fazia a mínima idéia.
Ursula:– Quem vai se casar?
Ivete:– O irmão mais velho de Santiago.
— Aquilo me deixou surpresa,não pelo fato daquele demônio ter família apenas que para ele parecia mais um dia normal e nem que alguém do seu própio sangue estaria se unindo a alguém naquela data importante.
Ursula:– Se estamos em outro país por que a maioria de vocês fala a mesma língua que eu?
— Ivete tinha tirado meu sangue e em seguida se preparava para medir minha temperatura.
Ivete:– Minha mãe era brasileira e estávamos indo bem no Rio de Janeiro.
Ursula:– O que houve para você ter chegado até aqui?
Ivete:– Uma longa história só saiba que a maioria dos assassinos dessa mansão não são totalmente italianos.
— Ia parar de fazer perguntas porque aquilo realmente não me importava porém a última parte me deixou com um gelo enorme na espinha.
Ursula:– Assassinos?Que tipo de lugar é esse Ivete!?
— Ela me dá um meio sorriso porém não me responde mais nada.
Ivete:– Treze por oito hum?Está ótima sua pressão.
— Ela tinha me colocado sobre as cobertas novamente,pediu que me comportasse como se estivesse falando com uma criança de dez anos e em seguida saiu do quarto me deixando sozinha.
— Ao ficar observando a janela e percebendo que todo aquele horror que aconteceu comigo girava ao meu redor como um satélite pensei que não adiantava mais lutar e muito menos tentar ver algo positivo sobre aquilo porque tinha sido marcada não apenas por meu ex mais por outros que se acharam no direito de violar o meu corpo e minha alma como se fosse um brinquedo comunitário e agora só vinha na minha mente momentos daquela noite maldita e pessoas rindo e se divertindo as minhas custas,para mim chega!
— Me levantei novamente e dei passos lentos até a janela e quando a abri um vento fresco tomou conta do quarto e fez meus cabelos esvoaçarem e imaginei como poderia deixar tudo mais ameno porque parecia certo o que estava prestes a fazer só que ao mesmo tempo uma voz chata na cabeça parecia dizer o contrário,que era melhor tentar lutar o quanto podia e que não estava sozinha.
— Quando subi pela escrivaninha até a janela e consegui ultrapassar a barreira de mármore notei o quão alto era o lugar onde estava,parecia mesmo uma mansão e as pessoas que estavam preparando o casamento eram apenas pontos se movimentando pelo grande gramado verde.
— Precisava silenciar a enorme dor que sentia no peito e como estava oca e parecendo que todo o resto não fazia mais tanto sentido assim,talvez tivesse escutado meu nome porém não me preucupava mais com nada porque mesmo que voltasse apesar de insistir muito com aquele homem estranho ainda persistia o fato da família do meu ex ser rica e influente e eu?Apenas uma mera empregada que não seria levada a sério e provavelmente me tornaria uma vergonha maior para minha tia.
— Queria soltar de uma vez parte da janela que ainda me pendurava porque apesar de estar tão perto de consumar aquela parte do meu suicídio ainda existia minha covardia e mesmo as lágrimas caindo tão rápido quanto a vontade de só aliviar toda a tristeza e dor apenas não via mais números o bastante para enumerar qualquer outro sentimento ruim que sentia e então acabei soltando e fechando meus olhos para que assim finalmente pudesse acabar com tudo.Santiago
— Tinha batido apenas uma vez na porta para escutar sua voz do outro lado mandando que eu entrasse.
Santiago:– Diretora?Queria falar algo comigo?
— A postura firme e os braços para trás e rigidamente olhando para o horizonte com aqueles cabelos negros e bem curtos quase tocando sua nuca me passava a sensação de que a qualquer momento Serafina
Innocenti poderia matar qualquer um com a arma que segurava em uma das mãos.
Santiago:– Não me diga que finalmente vai acabar comigo com essa pistola?
— Vejo um sorriso sem muito humor aparecer naquele rosto em formato de coração e lábios grossos com um batom vermelho colocados nele que até mesmo o mais firme dos caras poderia sentir medo daquela calma e imponência dela.
Serafina:– Matar você?
— A risada parecia de uma personagem de desenho infantil e nesse caso não seria a mocinha.
Serafina:– Esse é um destino rápido e bom demais para você idiota!
— Ela descansa a arma sobre a grande mesa de madeira que estava colocada a sua frente e se senta na poltrona negra e cruza seus braços enquanto me observava com aqueles olhos castanhos claros.
Santiago:– Então por que me chamou?
Serafina:– Você sabe muito bem porque seu maldito desgraçado!
Santiago:– Por favor sem elogios a essa hora da manhã.
— Tinha descansado as mãos em ambos os bolsos da calça preta social que vestia porque tinha certeza que não me convidaria para sentar e por mim tudo bem já tinha causado muita dor de cabeça para eles e o motivo de ainda me aceitarem na mansão tem a ver com meu irmão e não porque sou um ótimo assassíno de aluguel para a máfia.
Serafina:– Por que trouxe uma garota estranha para cá!?
Santiago:– Ah isso?Bem porque eu quis.
— Serafina me observava com um misto em seu olhar de incredulidade e surpresa porém era verdade e até agora me perguntava a mesma coisa diversas vezes e enquanto tentava responder também pedia para uma solução rápida de como fugir do casamento que aconteceria naquela tarde por todos os demônios eu não queria ter voltado naquele bendito dia!
Serafina:– Por acaso ela é alguma parente sua!?
Santiago:– Se for temo está pensando em cometer incesto com ela.
Serafina:– Droga Santiago!Por que precisa ser sempre um idiota!?
Santiago:– Deve ser um dom natural.
Serafina:– Além do fato de ser um cuzão em tempo integral!
Santiago:– E outras qualidades no tempo vago.
Serafina:– Estou avisando Santiago qualquer gracinha, eu acabo com você!
— Dessa vez estou sorrindo porque parece mesmo com os velhos tempos já que ela disse a mesma coisa quando ameaçava raptar a namorada do meu irmão se não acabasse desistindo dela.
Santiago:– Isso me parece como da última vez em?
Serafina:– Se você quer acreditar nisso porém dessa vez nem mesmo seu irmão ficará do seu lado imbecil!Está sozinho apenas com sua própia culpa!
— Tinha preferido uma facada do que aquela última verdade que acabara de jogar na minha cara.
Santiago:– Pegou pesado diretora.
Serafina:– Estou mentindo por acaso!?
Santiago:– Olha por que não chama sua namorada aqui e pergunta a ela o motivo de ter pego a Ursula!?
Serafina:– Deixa a Ivete fora disso"hai capito!?"
Santiago:– Como queira.
— Antes que pudéssemos continuar nossa conversa tão fervorosa onde um jogava verdades para o outro escutamos um bater rápido na porta e logo em seguida Ivete aparece.
Ivete:– Santiago rápido!
Serafina:– O que foi querida?
Ivete:– Ursula tentou se jogar da janela!
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Traumatizada
RomanceUrsula tem tudo o que sonhou nas mãos porém ela só não imaginava que em uma única noite toda sua vida passaria de um mais lindo conto de fadas para um pesadelo traumático do qual ficaria marcada até a chegada de alguém que nunca imaginou pensar em c...