Ursula
— Eu não temia a escuridão e antes de acontecer aquilo comigo passava horas acordada ou lendo ou até mesmo pensando em como iria fazer feliz a única pessoa que achei depois da minha tia estar do meu lado só que novamente me enganei.
— Tinha tido pesadelos horriveis depois que fui deixada observando a Ivete porém eram tão ruins que não duravam tanto apenas flashes daquela violência horrenda.
"— Está muito tarde para lágrimas não acha?"
— Me acordei a pouco tempo e antes de poder me esquecer havia deitado na cama hospitalar que ficava ao lado da dela nos separando apenas por finas cortinas brancas e um pequeno frescor vindo do vento da noite porém me lembrava daqueles rostos horriveis tão reais quanto a luz da lua.
Ursula:– O que está fazendo aqui Santiago?
— Existia uma poltrona escura no canto das camas e naquele momento o cara que gostaria que estivesse longe estava bem perto de mim e sua presença era perigosamente uma distração.
Santiago:– Estou de olho no que é meu.
— Dessa vez presto bem atenção em suas palavras e tenho vontade de me levantar e dar na cara daquele idiota presunçoso!
Ursula:– Eu não sou sua!
— Uma risada curta que parece invadir o silêncio da noite e até mesmo ameaçar o sono dela me faz levantar da cama e ir até perto daquele maldito porém sou impedida por algemas que estão presas em meus pulsos e foram colocadas contra uma parede oposta para de alguma maneira tentar me segurar?
Ursula:– Isso é um absurdo!
Santiago:– Viu só?Não posso deixá-la solta com minhas algemas preferidas e por isso estou aqui tomando conta delas.
— Dessa vez me dou conta de que ele não falava de mim como propriedade e sim daquelas coisas feias me prendendo.
Ursula:– Então estava falando dessas coisas?
Santiago:– Ei!
— Rio porque parecia que tinha falado de algo muito precioso para o cara porém aquelas algemas desconfortáveis e feias não pareciam ser grandes coisas.
Ursula:– O que foi?
Santiago:– Essas algemas pertenciam ao meu pai.
Ursula:– Ele morreu?
— Não sei o que significava aquele olhar distante e silencioso,parecia que tinha entrado em um território espinhento e perigoso.
Santiago:– Não na verdade meus pais moram em uma fazenda afastada aqui mesmo na Itália.
Ursula:– Nossa que susto seu idiota!
— Bato de leve em seu ombro porque parecia que tinham morrido e não me contive quando estava contando aquele relato que até parecia triste.
Santiago:– Não se preucupe tanto assim com a minha vida.
Ursula:– Por que não?Você vive colocando o focinho na minha sem nunca ser convidado!
— Tinha tentado cruzar os braços porém não consegui pelas algemas.
Ursula:– Você pode tirar isso de mim!?
Santiago:– Como se fala?
Ursula:– Agora!
— Tentar explicar para ele que estava agindo como um idiota era impossível porque parecia sempre apenas ouvir a si mesmo então apenas não falei mais nada e virei as costas.
Ursula:– Não sei o motivo de ainda perder meu tempo com você!
Santiago:– Porque talvez esteja começando a gostar de mim?
— Como ousava acreditar que poderia sentir qualquer coisa por alguém que atirou e me sequestrou e agora estava me mantendo presa naquela mansão!?
Ursula:– Você só pode estar sonhando mesmo!
— Antes que pudesse continuar a reclamar sinto que não existe mais algemas em meus pulsos e quando olho vejo que tinha tirado aquelas coisas horrorosas de mim.
Santiago:– Viu?Saiu perfeitamente.
— Esfrego um pouco o lugar que está sensível e olho em seus olhos e digo algo que até um certo segundo atrás parecia ser impensável.
Ursula:– Obrigado.
Santiago:– Viu só?Não sou tão ruim assim princesa.
Ursula:– Sei.
— Ele terminava de falar aquilo colocando um dos braços sobre meus ombros e me puxando para mais perto.
Ursula:– Qual é seu problema!?
Santiago:– Você se tornou meu problema.
Ursula:– Quer tirar as patas de cima por favor!?
— Antes de reclamar mais tenho meu pedido atendido e quando tento me afastar tenho meu braço segurado de leve e em seguida escuto aquela pergunta.
Santiago:– Onde está o celular que ela te deu?
Ursula:– O que?
— Precisava fingir que não fazia idéia do que estava falando porque aquele foi o único meio de comunicação que a Carmosita havia me passado,foi porque implorei que me ajudasse a me comunicar com as pessoas do Brasil e quem sabe pudesse achar um meio de fugir daquela bizarrice que havia caído.
Santiago:– Pensei que pudesse confiar em você.
Ursula:– Não sei do que está falando Santiago.
— Ele sorri para mim e aquilo desperta várias coisas em meu estômago e acima de todas era arrepio.
Santiago:– Tudo bem você quer mentir justo para mim?
— Dessa vez tenho o outro braço segurado e aquela nova sensação que não tinha nada a ver com medo ou nojo é apenas ansiedade e surpresa pela forma que me deixava tão próxima dele.
Ursula:– Só queria ligar para minha família.
— Não me orgulho disso porém disse aquela última parte como um pedido e que de alguma maneira aquele insensível,desprezível pudesse compreender que estou a ponto de enlouquecer longe daqueles que amo!
Santiago:– E você conseguiu não é?
— Aquela pergunta ficaria sem resposta porque até agora não tive nenhuma notícia da minha tia e toda vez que tentei ligar caia ou alguém na linha não queria falar comigo o que era bem estranho porque naquela altura ela deveria estar desesperada atrás de mim né?
— Tento olhar para o teto e para o chão em seguida,para qualquer lugar que não fosse seus olhos e tentava de verdade não me sentir acuada e com medo porém Santiago conseguia sempre extrair as piores partes da minha personalidade e como descobriu sobre aquele telefone não seria diferente agora.
Ursula:– O que está fazendo seu idiota!?
— Ele começou a me tocar por todo o corpo só que não estava tentando nada apenas procurava e sabia o que.
Ursula:– Pare agora com isso!
— Antes de poder continuar brigando e lhe ofendendo por estar sendo tão repetitivo e evasivo ele finalmente acha o celular pequeno e cinza que Carmosita havia me dado escondido,provavelmente havia me entregado para ele,foi ingenuidade minha pensar que manteria segredo.
Santiago:– Olha só muito esperta as duas.
Ursula:– Do que está falando?
Santiago:– Não me olhe com essa cara amor.
Ursula:– Pare de me chamar assim!
— Que droga!Estou parecendo uma garota mimada porque esse desgraçado conseguia me fazer perder o controle bem mais rápido do que imaginava!
Santiago:– Não seja malvada e não grite porque Ivete precisa de muito silêncio.
— Tapo minha própia boca rezando para que aquele meu mini escândalo não tenha lhe acordado porém quando fui olhar para ela estava dormindo e esperava que fosse assim pelo resto da noite.
Ursula:– Eu tô cansada.
Santiago:– Sério?
— Todos aqueles pesadelos e a tristeza misturada com os traumas que rodeavam minha mente estavam me drenando como um vampiro e parecia que por mais que tentasse escapar uma hora ou outra seria pega por cada movimento errado.
Santiago:– Tudo bem então Serafina obrigado.
— Agora que vi Santiago terminando de falar pelo celular com a namorada de Ivete e pelo pouco que conheci parecia amá-la muito,aquilo me despertou uma ponta de inveja porque era assim que desejava ser tratada pelo meu ex e infelizmente não cheguei nem aos pés da relação que aquelas duas pareciam ter.
Santiago:– Ela vai vim para cá e agora podemos ir.
Ursula:– Para onde?Ainda é madrugada não é?
Santiago:– Umas duas e meia da manhã.
Ursula:– E onde vou dormir?
— Não tive tempo para pensar bem porque seria uma das poucas vezes que dormiria fora de casa e nesse caso falava do meu país.
Santiago:– No meu quarto.
Ursula:– O que!?
— Ele continua a andar e enfia o meu celular num dos bolsos da sua calça jeans e agora conseguia perceber bem,mesmo com a falta de luz sendo quebrado apenas por algumas luzes brancas e fracas no canto daquele quarto e nos outros três cantos porém além de estar vestido com aquela peça de roupa que realçava a bunda firme e musculosa,não que estivesse notando ou nada parecido porque simplesmente não poderia gostar de um tipo como aquele só que Santiago era um homem forte talvez dois metros e não iria lhe perguntar aquilo e combinando tinha o sueter preto de gola alta e mangas compridas o fazendo ficar além de atraente parecia saído de uma daquelas novelas brasileiras onde esse imbecil provavelmente seria o vilão da história porque não havia outra maneira de taxar todo seu desenvolvimento até agora.
Santiago:– Por que não para de tentar me seduzir?
Ursula:– O que?
Santiago:– Seus olhos estão vidrados na minha bunda.
Ursula:– Até parece!
— Vou andando devagar pelo mesmo caminho que ele e com o rosto queimando de vergonha e agradecendo a Deus por ele não perceber que estava daquele jeito,droga!Tinha sido pega no flagra!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Traumatizada
RomanceUrsula tem tudo o que sonhou nas mãos porém ela só não imaginava que em uma única noite toda sua vida passaria de um mais lindo conto de fadas para um pesadelo traumático do qual ficaria marcada até a chegada de alguém que nunca imaginou pensar em c...