11.

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Enid chegou no Petz World agradecendo aos céus por Bianca estar na recepção. Assim não perderia tempo e talvez pudesse chegar em casa antes que sua mãe —que enfim decidiu sair do quarto— notasse a sua ausência.

— Quem é vivo sempre aparece! —Exclamou enquanto se apoiava no balcão.

— Perdão pela demora. Tempos difíceis.

Wednesday. Esther. Senhora Mallet. Sua vida estava uma completa confusão nas últimas três semanas —quase quatro, ela estava contando.

— Tudo bem. Veio pra buscar o gato da sua namoradinha?

Enid iria concordar prontamente, mas ao ouvir a última palavra sentiu seu rosto queimar e travou.

— Ei! Somos só amigas —Defendeu-se não sabia do que.

— Aham, claro. Veio ou precisa de mais tempo? Meu chefe nem notou que eu mexi nas coisas do Anti então tudo bem se quiser.

— Vim busca-lo, mas é uma surpresa. Quero animá-la um pouco.

— Fiquei sabendo do que rolou no festival. Xavier me contou.

— Achei que tivesse parado de falar com ele depois que terminaram.

— E tinha, mas às vezes ele ainda passa aqui, me trás uns mimos, flerta. Nada que passe do casual.

Se fossem amigas próximas e Enid tivesse mais tempo, certamente argumentaria contra.

— Posso assinar a adoção com o nome dela?

— Normalmente eu teria que dizer não, porém, vá em frente —Disse, entregou a prancheta e saiu andando.

A garota de olhos azuis escreveu o nome de Wednesday completo —ou o que achava que era, colocou o endereço, não tinha número para contato então deixou em branco e assinalou algumas perguntas mais banais. Poucos minutos e Bianca estava novamente ali, com o felino dentro de uma caixa de transporte cinza e preta. Isso é tão a cara da Wednesday, Enid pensou e deu um sorrisinho.

— Sua namorada vem comprar as coisas dele ou você também vai cuidar dessa parte?

— Bianca! —Repreendeu a garota pela segunda vez.

— Ah, para! É só brincadeira. Se tá sentida já sabe o que pode ser.

— Não, não sei. E sim, vou resolver o restante pela minha amiga.

— Certo, certo. Vou junto. Posso segurar o Anti enquanto você escolhe as coisas.

— E quem vai ficar na recepção? A cidade é pequena mas ainda existem emergências.

— Meu turno acabou agora, não se preocupe. Daqui a pouco a outro menino chega.

Enid aceitou de bom grado e elas foram. Objetivamente pegou ração para adultos —visto que Enid descobriu que ele tem dois anos de idade, tigelas de inox, uma coleira branca com pingente de caveira, uma cama que mais parecia uma caixa —propositalmente, tapetes higiênicos e um arranhador —por dica de Bianca. Pagou tudo, despediu-se e foi andando rápido rumo à casa dos Addams. Não só pelo horário, mas por ter que fazer um caminho diferente para que não passasse nem perto de sua casa.

Apesar de ter cansada, deu o seu melhor sorriso e tocou a campainha.

— Olá, Enid! —Morticia exclamou, como sempre exalando elegância, enquanto abria mais a porta.

— Oi, senhora Addams! Este é Anti, o gato que a Wednesday gostou.

A mulher olhou pelos buracos da grade que o impedia de sair e ele se escondeu no fundo da caixa, na defensiva.

— Tão gentil quanto a dona. Pode subir. Ela está no quarto. Lembra onde fica?

Ela concordou, subiu a grande escada no meio do hall de entrada, seguiu o corredor e bateu na porta. Logo que ouviu o entre, obedeceu, surpreendendo Wednesday, que lia Jantar Secreto no estofado da janela.

— O que faz aqui?

— Trazer companhia! —Exclamou enquanto colocava a caixa no chão e abria.

O animal não saiu de imediato, mas quando a garota de olhos castanhos se aproximou, ele andou até ela, cheirou e então se arrastou em suas pernas.

— Thing —Disse e ele miou, como se tivesse entendido completamente o que fora sugerido— Ótimo. Você gosta.

— O que? —Questionou um tanto confusa.

— O nome dele agora é Thing —Informou enquanto o via subir em sua cama, mexer as patas dianteiras para frente e para trás e deitar-se.

— Não gosta de Anti? —Perguntou e a outra negou com a cabeça, cruzando os braços— Por quê?

— Levando em consideração que reforça uma característica que ele adquiriu depois de um evento traumático, não. É um péssimo nome.

— Certo. Tem razão. Thing. Interessante. Aqui estão as coisas dele! —Avisou e colocou as bolsas de papelão no chão, perto da porta.

— Parece estar com pressa. O que aconteceu?

— Minha mãe decidiu sair do quarto e ela não sabe que to aqui. Além disso, é possível que hoje meu pai chegue cedo, por causa disso. Nem trabalhei hoje pra buscar o Thing e me certificar que desse tudo certo entre ela e as crianças. Enfim, tá uma loucura lá em casa.

— Seus pais ainda não sabem da senhora Mallet? —Questionou e Enid negou, um tanto desconcertada—Sabe, isso é uma incógnita pra mim. O que o seu trabalho afeta nela ser emocionalmente frágil?

— Ela tem um grande complexo de inferioridade. Não acho que seja válido entrar muito em detalhes sobre agora. O ponto é que as consequências sobrariam pro meu pai, porque ela estaria brava comigo, e não quero dar mais preocupações pra ele. Ou mais motivos pros meus irmãos terem receio de ficar sozinhos com ela.

— Por que não conta pro seu pai, pelo menos? Quem sabe ele pode te ajudar pra você não ter que faltar só por medo dela saber.

— Duvido que ele conseguiria esconder algo assim dela. E se mais tarde ela descobrisse que era a única que não sabia, seria um completo caos de qualquer forma.

— Sinto muito por tudo isso. Agradeço por me contar um pouco, aliás.

— Claro. Sem problemas. Eu com certeza te ajudaria com o Thing se pudesse mas eu tenho mesmo que voltar agora. Até amanhã?

— Veremos —Respondeu e a outra arqueou uma sobrancelha— É certo que sim, Sinclair. Não me faça abrir mão do meu charme.

A garota de olhos azuis deu uma risada sarcástica.

— Então, além de pedir desculpas, agora você também faz piadas?

— E tenho um felino que pode te dilacerar se não parar de me apontar.

Enid levantou as mãos, mostrando rendição e saiu andando. Wednesday sorriu, quando sozinha no quarto, mas parou logo que sua mãe chegou.

— Feliz com a surpresa, querida?

A filha olhou para Thing, esticado em sua cama. Companhia. Depois para as sacolas que Enid trouxe junto consigo. Wednesday respirou fundo. Ela esteve ali apesar de não poder, buscou o gatinho porque a Addams demonstrou interesse e com poucas palavras tinha, de alguma forma, melhorado o seu estado de humor.

Mas não diria tudo isso à Morticia.

— Foi agradável.

No mínimo.

— Que bom! Eugene e Tyler ligaram. Queriam saber se tinha melhorado. Eu disse que você estava bem e com a Enid. Eles ficaram alegres ao saber, apesar de um pouco enciumados.

— Imagino. Diga que eles podem aparecer aqui essa semana, se quiserem.

Morticia apenas concordou com a cabeça, reprimindo um sorriso maior, e saiu do quarto.

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Olá, seres. :)

O que acharam?

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora