35.

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O café da manhã, que costumava ser um tanto silencioso na casa dos Addams, estava movimentado. Além de outros assuntos, como os respectivos planejamentos da semana por exemplo, Wednesday comentou sobre como Enid tinha feito ela conversar com Ajax e que, apesar de um persistente porém temporário incômodo na sua presença, estava se sentindo bem com os resultados.

— Estou muito feliz, minha tempestade de raios, mas tem algo que não posso deixar de perguntar. É uma dúvida recorrente entre sua mãe e eu.

— O que seria? —Questionou mesmo que já tivesse uma ideia do que seria.

— Vocês e a Enid estão namorando?

Assim, a filha mais uma vez lembrou-se que ficaram tão focadas na situação de Ajax que ainda não haviam falado sobre quase nada entre si. E entendia que precisavam disso. Seu estômago não costumava revirar e seu sono não era atrapalhado com um assunto à toa.

— Não. Nem conversamos sobre o que sentimos ainda.

— Mas agora você aceita que está apaixonada, querida?

— Sim —Afirmou antes que o medo a fizesse pensar demais.

— E sabe que ela também está, certo?

Wednesday tirou um minuto para absorver a pergunta. Apesar dos olhares, das pequenas-grandes ações, das palavras de afirmação e diversos outros tópicos que a deixavam com um sorriso no rosto e o coração batendo descompensado só de lembrar, não conseguia responder por Enid nunca ter dito com todas as letras.

E ela definitivamente detestava não poder permitir-se ter certeza de algo, principalmente nesse caso.

— Como disse, ainda não conversamos. Não posso afirmar nada.

— Bom, apesar de concordar com o seu jeito de lidar com a situação na maior parte das vezes, nós achamos um tanto notório pra precisar de verbalização.

— Sequer desconfio do contrário, mas uma parte de mim quer ouvir. Absorver, compreender e decidir o que fazer daqui em diante.

— E você já pediu que ela o fizesse?

— Por que a insistência de repente? —Perguntou para tentar fugir daquela exposição.

— Apenas gostaríamos de entender. Saber como agir, como chamar.

Eu também, Wednesday pensou. Afinal, por mais que já tivesse em mente mais ou menos o que queria fazer, era difícil lidar com a incerteza enquanto juntava coragem.

— Vamos cuidar disso logo —Assegurou decidida e os pais assentiram.

— Não queremos pressionar, okay? Mesmo que ter respostas seja do nosso agrado, entendemos que é um assunto delicado.

— Agradeço o apoio e a paciência. Com licença —Disse e levantou-se da mesa, decidida a focar em como acabaria com aquela agonia.

╰───────╮ ✧ ╭───────╯

Por volta das nove da noite, Enid jogou-se na cama —após um bom banho frio. Havia terminando há pouco os últimos preparativos para a semana então finalmente poderia descansar. No entanto, antes que pudesse relaxar completamente, ouviu algo bater na janela do seu quarto. Logo foi olhar, sabendo do esporádico hábito de Wednesday, e acabou dando um sorriso quando suas suspeitas foram confirmadas.

— O que faz aqui uma hora dessas? —Questionou apoiando-se no vão que agora tinha os vidros abertos.

— Posso subir? —Pediu com os braços cruzados— É importante.

— Não pode esperar até amanhã? —Sugeriu e a Addams negou— Se eu te receber agora vou acabar acordando alguém.

— Então saia de perto da janela.

A Sinclair não entendeu a princípio, mas obedeceu. Pouco depois Wednesday escalou a casa —silenciosa e precisa— e passou pela abertura, como se fizesse aquilo a vida toda.

— Você ficou doida? —Perguntou assustada, segurando os ombros da outra.

— Fiz cinco anos de aulas de parkour. Meu irmão amava mas não queria ir sozinho então fui pra dar apoio. Acabou que gostei e continuei quando ele perdeu o interesse.

— Okay mas e se você tivesse escorregado?

— Não seria uma queda tão alta, se chegasse a ser uma.

Enid suspirou, tentando não pensar mais no que poderia dar de errado.

— Agora pode me contar o que faz aqui? Não to reclamando, mas já tá ficando tarde e amanhã eu tenho aula bem cedo.

— Queria enfim te falar algo pessoalmente. É certo da minha parte, mas um tanto confuso quando a sua perspectiva é colocada em evidência. Não que faltem demonstrações mas... eu queria ouvir de volta. Eventualmente.

— Willa, não to entendendo.

A garota de olhos castanhos respirou fundo. Tudo o que tinha pensado em dias anteriores, depois da conversa com os seus pais e, inclusive, no caminho até ali, simplesmente sumira de sua mente, e o que restou, ela não sabia como por em palavras. Até mesmo os seus sentidos físicos estavam embaraçados.

Então, ela se aproximou e deu um selinho demorado Enid. O impacto fora tanto que a garota caiu sentada na cama, tendo-a sentada em suas coxas. Pararam um segundo para encararem nos olhos uma da hora mas logo beijaram-se com intensidade. Enquanto a Addams segurava o cabelo da nuca da Sinclair, puxando vez ou outra, a mesma agarrava sua cintura com propriedade.

No entanto, a vontade preexistente de explorar outras partes do corpo da menina mais baixa havia aumentado, então, Enid tentou descer as mãos com precisão o suficiente para a outra ter conhecido mas calmamente para não assustá-la. Wednesday não movera um músculo para se opor então ela continuou e apertou suas coxas, fazendo-a arfar no meio do beijo. Depois, foi refazendo o caminho até alcançar a barra da blusa, que foi ignorada pelas mãos um tanto trêmulas para enfim tocar a pele de Wednesday sem que nenhum tecido pudesse atrapalhar.

Também confiante, e conscientemente guiada pelos seus desejos, a Addams passou seus braços pelo pescoço da Sinclair e movimentou-se em um leve rebolado, deixando a distância entre elas ainda menor. A reação veio em forma de um longo arranhão em suas costas —da nuca até a lombar— com as duas mãos. De repente ambas pareciam estar em uma nova —e repleta de luxúria— sintonia, que esquentava os seus corpos com um tipo diferente de ansiedade e faziam-nas sentir seus batimentos cardíacos fortemente nas costelas.

Buscando fôlego, Wednesday afastou os lábios e fez uma trilha de beijos até o pescoço de Enid, mas logo que percebeu o que estavam fazendo se afastou e a encarou. O azul das íris pareciam mais escuros e a pupila estava dilatada; A boca avermelhada —como as bochechas— estava entreaberta, ansiando pela sua; O peito subia e descia rapidamente, acompanhando a respiração.

Uma conclusão era óbvia: A garota em baixo de si estava absurdamente linda.

Enid tentou voltar à beija-la, mas fora interrompida pela mesma, que segurou em seu ombros, deu-lhe um selinho delicado e acariciou o seu rosto.

— Eu estou completamente apaixonada por você, Enid Sinclair.

Antes que ela pudesse sequer pensar no que iria responder, Wednesday levantou e saiu pelo mesmo lugar que entrou, deixando-a ali com um misto de confusão, animação, medo e desejo.

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Olá, seres.

O que acharam?

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora