31.

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Enid estava voltando de Nevermore feliz. Havia sido uma manhã tranquila e sabia que passaria a tarde sozinha, já que os irmãos tinham ido para um passeio escolar e o pai só chegaria no mesmo horário que eles, mais tarde. No entanto, ao chegar na rua em que morava, ela notou um automóvel branco estacionado logo na frente. Instituto Psico estava escrito na lateral. Logo começou a andar mais devagar, analisando, e assustou-se quando de repente viu três homens saindo de dentro da sua casa, levando uma Esther histérica nos braços.

— Ei! —Chamou, mas foi facilmente ignorada.

Quando estava prestes a se aproximar mais do carro e insistir por informações, os Addams chegaram.

— Enid, querida, fique calma —Morticia pediu enquanto a segurava.

— O que tá acontecendo? Pra onde vão levá-la? —Perguntou nervosa.

— Sua mãe está sendo levada pra um hospital psiquiátrico.

A garota de olhos azuis piscou rapidamente três vezes, sem entender.

— Eu contei pros meus pais o que aconteceu no final de semana e, como já te falei, temos bons contatos —Wednesday se manifestou.

— Não achou que seria válido me comunicar antes? O que eu vou falar pro meu pai?

— Ele foi avisado e concordou com a ideia, depois que disseram que não haveriam despesas. A equipe veio fazer só uma avaliação, e esperávamos te contar antes que quaisquer outras medidas fossem tomadas, mas infelizmente as coisas saíram um pouco do controle —Gomez explicou com paciência, e ainda sim Enid começou a chorar.

Não sabia se era de alívio —por saber que Esther estaria melhor sob supervisão e cuidados médicos— ou de medo —do que aconteceria a seguir, por exemplo. Já cuidava dos seus irmãos sozinha e entendia suas responsabilidades, mas era confortável ter a matriarca por perto. Apesar do receio, durante alguns jantares ou eventos da cidade, soavam como uma família normal escolhendo o que iriam comer ou conversando sobre os respectivos dias —ao menos parte deles. Agora ela sequer tinha certeza se a veria novamente.

— Ei, não fique assim. Okay, é a sua mãe, mas ela vai estar melhor lá. E vocês vão enfim ter qualidade de vida aqui —Wednesday assegurou e ela concordou, apesar de sentir seu corpo trêmulo e seu coração pesado dentro do peito.

— Willa, tudo bem se você ficar um pouco comigo?

— Claro, cara mia.

Enquanto Enid estava abalada e Wednesday preocupada o suficiente para não reparar, os Addams mais velhos se surpreenderam com o apelido. Entreolharam-se e decidiram não comentar nada por hora, mas sabiam bem o que estava acontecendo ali.

╰───────╮ ✧ ╭───────╯

Depois que Enid tomou um bom banho frio, deitou-se com Wednesday em sua cama. Chorou nos braços da garota de olhos castanhos como já queria há muito tempo. Não apenas por sua mãe, mas por todos os seus problemas —que quando juntos, à convite do gatilho, eram sufocantes demais.

Acabou dormindo de cansaço após duas longas horas, mas despertava toda vez que a Addams saía de perto. Percebendo isso, ela apenas aceitou e ficou. Vez ou outra acariciava a Sinclair, oferecia um pouco de colo e persistia para que ela bebesse água, mas em geral estava ali, se esforçando para aceitar todo o contato calada —o que era um tanto desesperador por querer ajudar.

Beirando as cinco horas da tarde, Wednesday pediu que ela comesse, já que sabia que a outra garota não tinha almoçado e seu breve café da manhã havia sido uma pequena salada de frutas. Ela cedeu só depois de ouvir e sentir o seu estômago reclamar de fome. Enquanto a Addams preparava uma salada de macarrão —um dos pratos favoritos de Enid, ela ficava por perto. Chegou a buscar ingredientes e abraçar Wednesday por trás, mas passou a maior parte do tempo sentada em uma das banquetas, tendo a cabeça apoiada no cotovelo em cima da bancada.

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora