18.

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Enid respirava fundo enquanto as gotas de água fria escorriam pelo seu corpo. Fora um dia cansativo, em que ficara muitíssimo atarefada. Arrumando a casa, estudando um pouco e ainda não havia acabado. O festival que há um mês prometera ir com seus irmãos era hoje. Ela apertou os olhos ao lembrar disso, um tanto desmotivada porque seus amigos disseram que não poderiam ir. Ou seja, além de ter que cuidar dos seus pequenos poços de energia, não teria companhia de nenhum conhecido da sua idade.

Saiu do banho e vestiu-se casualmente. Queria ter certeza de que as crianças não estariam precisando de assistência antes de colocar a roupa que de fato usaria para sair. Quando chegou no quarto ao lado para verificar, viu o caos, tanto em bagunça de roupas quanto em falatório.

— Será que alguém pode me explicar que furacão passou por aqui?

— Qual vestido é melhor? Verde ou Lilás? —Lucille questionou enquanto levantava os dois no cabide.

— O lilás —Enid respondeu de imediato. Era um dos seus favoritos.

— Ótimo, então oficialmente não sei qual penteado fazer.

— Pelo menos seu problema é individual. Isaac não quer me emprestar uma única peça sendo que tá indeciso entre várias!

— A culpa não é minha se você tá me pressionando tanto que não consigo nem pensar!

— Antes de qualquer coisa, vocês já tomaram banho?

— Não —Os três responderam em uníssono.

— Então vamos começar por aí. Lucy, eu faço o seu penteado. Zach, tem várias outras roupas que são muito mais o seu estilo no closet. Isa, não é um casamento, relaxa e escolhe o que vai te deixar confortável.

Eles assentiram e começaram a se organizar para obedecer, do jeitinho deles, enquanto a irmã mais velha supervisionava distante, encostada no batente da porta, presente apenas para caso surjam dúvidas na resolução de mais algum conflito.

— Como faz isso? —Esther chegou perguntando de repente— Eles te ouvem com facilidade.

— Muita prática. Eu tento dar importância e compreender ao máximo as situações, independente do que forem, e eles acabam refletindo o comportamento com confiança, obediência.

— São atitudes muito inteligentes pra uma garota tão jovem. Me orgulho de você por isso.

Enid deu um breve e fraco sorriso. Não que a frase fosse ruim de escutar, ela gostava de saber que tomava as decisões corretamente, mas dadas as circunstâncias cotidianas a palavra orgulho vindo de Esther soava quase como um palavrão.

— Está bonita. Por que se arrumou tão cedo? —Perguntou enquanto a analisava, mudando de assunto— E por que um vestido desses pra um festival infantil?

— Na verdade, eu e seu pai vamos aproveitar que vai estar com as crianças e sair também, mas pra outro lugar. Tudo bem por você?

— Ah. Claro. Sem problemas. Divirtam-se.

A matriarca assentiu, sorriu e saiu andando.

— Beijo, crianças! Aproveitem muito, mas com cuidado. Logo estaremos de volta! —Murray exclamou enquanto chegava no quarto, deu um beijo na testa de cada um dos filhos e também se foi.

— Ela nem deu tchau pra gente —Lucy disse um tanto sentida. De longe era a que mais demonstrava ficar afetada com a instabilidade da mãe entre eles.

— O papai deu, não foi? Pense nisso.

A garotinha deu de ombros, o que fez o coração de Enid ficar apertado. Porém, não deu tempo de pensar sobre, já que a campainha tocou.

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora