32.

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Quando abriu os olhos, Enid percebeu que estava um quarto que com certeza não era o seu. No lugar do papel de parede colorido, havia um tão branco que suas retinas incomodavam-se; No da decoração vívida e dos móveis presentes desde que ela se entende por gente, ausência de além do necessário: uma cama e um armário.

— Mamãe? —Chamou por impulsos tão profundos que não deixavam-na acreditar que eram próprios.

E então, depois de um simples piscar de olhos, ela estava na sua frente.

— Eu vou embora —Avisou e deu as costas, saindo do ambiente.

Enid, ou o que parecia ser ela, foi atrás da mulher. Por longos corredores, os mais diversos cômodos e lugares inteiros, mas sem nunca alcançá-la. Correndo ou andando, tinha a impressão de estar o tempo todo na mesma distância da mãe.

— Por que você tá fugindo? —Perguntou cansada e enfim a matriarca parou e novamente virou-se para a menina.

— Você precisa me deixar ir.

Outro piscar de olhos e Enid acordou no sofá da sua sala de estar, com a sensação de que estava caindo. Ela bufou, xingando mentalmente, logo que conseguiu se realocar. Havia adormecido quase sem nem perceber —depois de arrumar algumas coisas para receber seus amigos— em uma posição desconfortável e ainda tivera um pesadelo.

Mais um.

De repente, seu celular tocou. A princípio, ela ignorou. Murray estava atarefadíssimo no trabalho e os irmãos estavam no quarto, não poderia ser tão urgente. Deu prioridade à levantar, lavar o rosto, escovar os dentes e beber um copo de água, para que pudesse parar de tremer e de fato estar acordada. No entanto, a pessoa persistia na chamada então, sem nem ver quem era, ela atendeu:

— Oi?

Olá. Como foi o primeiro dia inteiro tendo sossego ontem?

Enid sorriu ao ouvir a voz de Wednesday e sentou-se no sofá.

— Que horror, Willa.

Sequer mandei mensagem pra você desfrutar da paz, não pode ter sido em vão.

— E quem disse que você tira a minha paz?

Você entendeu, Enid.

— Ah não, eu não gosto mais disso! —Reclamou franzindo a testa, por mais que a outra não pudesse ver.

Do que?

— Me acostumei com você me chamando de cara mia. Agora eu quero continuar assim.

Veremos a minha disponibilidade.

— Pelo menos não negou —A garota de olhos azuis disse rindo, sabia que era brincadeira.

Vai ser insensível da minha parte perguntar o que disse aos seus irmãos? Meus pais estão preocupados.

Enid sentiu seu coração se aquecer. Ficava feliz quando os Addams demonstravam que se importavam, que realmente gostavam deles.

— A verdade. Que a mamãe iria se tratar. Eles aceitaram bem, já sabiam que ela precisava.

Então deu tudo certo? Que bom.

— Sim. Ontem o clima tava leve, o começo do meu dia de hoje foi bom e acredito que a tarde vá ser também. O pessoal tá vindo pra cá —Contou, omitindo os pesadelos.

Que pessoal?

— Yoko, Divina e Ajax, claro —Respondeu e ouviu Wednesday resmungar— O que foi?

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora