21.

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Aquela noite fora longa para Wednesday. Apesar de saber que não poderia fazer nada para reverter a situação tão tarde da noite, ainda virava de um lado para o outro na cama —tentando arranjar uma posição confortável— e praguejava aos ventos por seus impulsos terem sido tão desalinhados e independentes das suas próprias vontades.

Era como se duas pessoas diferentes habitassem o mesmo corpo.

A Addams acordou na manhã seguinte com murmúrios no andar de baixo. Automaticamente olhou para o relógio em cima da cômoda e descobriu ser por volta de meio dia. Ela suspirou, cansada. Havia descansado de fato apenas cinco horas. No entanto, se permanecesse ali deitada, perderia o almoço e seu estômago já não estava nada satisfeito no momento, quem dirá depois. Então, ela levantou, escovou os dentes tentando ignorar os olhos inchados, tomou um banho frio, vestiu roupas confortáveis e, quando chegou na sala de estar, surpreendeu-se. Junto com os seus pais, estavam Tyler e Eugene.

— Quem te viu, quem te vê! —Exclamou Galpin, brincando. Sabia que a amiga não costumava acordar tarde.

— Você ser mais alto não me impede de te derrubar —Ameaçou e ele levantou as mãos em sinal de rendição.

— Okay, pelo menos o humor ácido tá normal.

— Só os olhos inchados que não. Tava chorando? —Perguntou Eugene, um tanto preocupado.

— Não! —Exclamou, como se fosse óbvio— O que vocês dois fazem aqui em um sábado praticamente de manhã?

— Eu os convidei pro almoço —Morticia respondeu— Tudo bem, querida?

— Sim, eu apenas dormi pouco. Pensei demais.

E anteriormente, de menos.

— Se quiser compartilhar, estaremos ouvindo.

— Mãe, já conversamos sobre esse tipo de tratamento.

— Não tem a ver! Mesmo! Eugene reclamou ainda agora sobre o clube de apicultura. É apenas diálogo.

— Pois é, o garoto novo quase matou três das minhas melhores abelhas!

Ela assentiu, satisfeita com aquilo. Agora era sua vez de desacostumar com o cuidado. Além disso, ali estavam algumas das poucas pessoas em quem ela realmente confiava, sua família de sangue mas também coração, então por que não falar um pouco mais?

— A Enid me convidou para o Rave'n.

Os quatro presentes reprimiram um sorriso maior, porém demonstraram interesse com o olhar.

— E o que você respondeu?

— Que veria —Praticamente susurrou, quase envergonhada.

— Acho que seria uma boa ideia —Falou Gomez, tentando soar pelo menos um pouco despretencioso, e os outros três concordaram.

— Não se preocupem em me convencer. Até concordo que ir pode ser bom, em partes.

— Então por que não disse de uma vez pra ela?

— Também não entendi exatamente o motivo, porém praticamente saí correndo. Quando dei conta, era tarde.

Não seria possível que eu estivesse nervosa, certo? Pensou.

— E você vai atrás dela hoje ou vai esperar até segunda?

— É possível —Respondeu novamente no automático. Por que sentia-se tão tímida ao tentar afirmar, afinal?— Espero que ela me ajude com roupas e afins. Quem sempre resolvia era o Pugs.

Caminhar • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora