XXI- Uma Estrada Solitária

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Eu posto um capítulo hoje e vocês dizem se esperavam ou não.
Boa leitura
Até domingo.
Feliz sexta
•••

Violet abaixou a tela do notebook lentamente, um soluço estava preso em sua garganta mas ela fez questão de empurrar os sentimentos de volta. Não havia pelo que chorar, ela repetia para si mesma, mas a verdade era que não restavam mais lágrimas. Havia uma linha traçada mentalmente que a levava do ponto que estava até o "lugar seguro". Sua posição confortável para que pudesse lidar com as consequências de ações que não pertenciam a ela.

A nota oficial fora enviada para a imprensa antes mesmo que ela soubesse o que estava acontecendo. Era questão de tempo até que Paula resolvesse fazer uma loucura, ela sabia, mas não esperava que fosse tão cedo, nem que fosse um golpe tão baixo, mas agora haviam um conjunto de matérias que tentavam incriminá-la. A culpa já não era um castigo alto o suficiente?

Seu coração afundou com a lembrança do sonho da noite anterior e a loira fechou os olhos, aquilo era muito pior. A dor era muito pior que o escândalo.  Violet puxou a gaveta do criado mudo tirando um frasco dali, despejou alguns comprimidos na mão e os contou devagar. Oito. Ela engoliu os remédios de uma vez, tampou o frasco e o guardou novamente. 

A loira suspirou, todo o dia cancelado, todas as reuniões remarcadas e agora só restava o exílio em casa. Fugindo de repórteres enxeridos e paparazis inconvenientes. A mulher girou o anel na mão esquerda, como se aquilo pudesse resolver todos os seus problemas. Não poderia. Porque amuletos da sorte não existiam, assim como Lia não existia mais.

Violet afundou nos travesseiros da cama, odiava que assuntos como esse fossem levados para o quarto tanto quanto odiava se sentir presa em sua própria casa, mas não havia escolha. Ou haviam escolhas demais, ela não sabia dizer.

A porta do banheiro se abriu, fazendo com que a loira se voltasse seu olhar para uma Carmem de roupão. A platinada deu um meio sorriso.

-Fico feliz que tenha largado essa coisa-Apontou para o computador-Aprendi da pior maneira que é melhor não olhar as notícias ruins.

-Não são notícias ruins, são falsas.-Baudet se levantou enquanto a outra se aproximava, ela sentiu os dedos das mãos formigarem-Articles biaisés. complètement faux.

-Eu sei...Mas...eles não. Não acha que deveria contar o que aconteceu? Isso acabaria com tudo isso de uma vez.

-Eu não quero expor isso.-Ela suspirou se aproximando da penteadeira, apontou para o banco e Wollinger obedeceu se sentando de frente para ela, de costas para o espelho. Violet pegou um fraco, despejando um pouco do óleo em uma das mãos, um pouco mais do que o necessário.  Ela piscou algumas vezes.-Todos que importam sabem disso.

-E eu.- Ela encarou a loira antes que ela começasse um trabalho completamente inusitado nos cabelos de Carmem.-Você me contou porque teve o pesadelo.

-Contei porque confio em você. -Violet sorriu-Tanto quanto você confiou seu cabelo a mim.

-Prometeu não deixar ele rosa-Carmem sorriu quando escutou a risada da outra.

-Mas não disse nada sobre verde-Ela levantou a sobrancelha, mordendo o lábio inferior em seguida.

-O que?-A falsa preocupação quase pareceu real, mas então ela puxou a outra para seu colo, suas costas bateram contra o móvel. Baudet sorriu e por um momento Carmem teve certeza de que poderia eternizar aquele momento em sua mente, o sorriso era comparável às fotos que ela vira na entrada, quando entrou na casa pela primeira vez. -Isso vai deixar meu cabelo verde mesmo?

Nêmesis - CarrareOnde histórias criam vida. Descubra agora