XXII- Olhe nos meus olhos e diga o que vê

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Volteeeeei
Num sábado
Hoje
Espero que gostem
Boa leitura

Carmem respirou fundo sentindo a onda de ansiedade dissipar lentamente enquanto encarava as duas mulheres na sala de estar.

A sua maior sorte fora Kate ter saído com as meninas assim que viu que as coisas não acabariam bem. E agora a casa estava vazia e silenciosa. Exceto pelo contínuo com ecoando em sua mente, como se fosse a trilha sonora de um filme de terror com baixo orçamento.

-Eu preciso falar com você.- Paula quebrou o silêncio encarando Wollinguer que sentiu seu estômago afundar com a breve lembrança da última conversa que tiveram. Talvez o amor seja isso: pequenos grãos de areia em uma ampulheta caindo em um vazio inconsistente, esperando que no fim haja algo. De todas as coisas que Carmem sabia era que a última pessoa que esperava ver naquele dia era Paula, menos ainda na casa de Violet, e muito menos invadindo o quarto da loira. -É sério, vai ficar me olhando com essa cara?

-O que você quer que eu diga Paula?-Ela voltou o olhar para a loira que parecia mais concentrada nas folhas da xícara do que na conversa. Carmem juntou as mãos, como seestivesse prestes a fazer uma prece, mas pelo que ela deveria pedir, afinal?-Estou te ouvindo.

-Primeiro eu preciso saber se você acredita em mim. Você precisa acreditar. -Seu olhar pousou no pijama e a morena se forçou a não alterar a sua expressão. A Terrare voltou todos os seus pensamentos para o problema atual. O que ela resolveu chamar de O Grande Problema, não era com Violet que ela estava preocupada, mas sim com o que Carmem poderia pensar. E o Grande Problema era que não importava quantas vezes repetisse para qualquer um que era inocente, ela ainda se sentia culpada. -Você Acredita, não é?

Houve um suspiro antes da resposta: -Acredito -A platinada massageou as têmporas. Ela conhecia a mulher a sua frente tempo o suficiente para saber quando ela estava mentindo, mas Paula havia mentindo tão bem quando dissera que estava doente, há um passo da morte, que Carmem precisou repensar algumas vezes até ceder ao voto de confiança. Era Paula ali, sua Paula. Então ela deixou que seus muros baixassem, mesmo que fosse perigoso.-É claro que acredito. Você não viria aqui desse jeito se não fosse inocente.

A morena deixou-se relaxar os ombros, lentamente deixando que todo o pânico fluisse pelo cômodo.

-Eu...Nada daquilo deveria ter saído naquela maldita página. Eu estava...estou recolhendo provas pra você...não para...-Ela parou encarando a loira, tendo certeza deque os olhos azuis seriam capazes de transformá-la em pó se fosse possível.-Não fui eu. Murilo fez isso. Eu tentei impedir. Mas não deu tempo. Quando...Bom isso virou uma coisa maior que eu poderia imaginar.

-Você fez da minha vida uma bagunça, me ameaçou, expôs uma situação do meu passado para não sei quantas pessoas, invadiu a minha casa...—Ela olhou para a xícara o conhaque disfarçado de chá, suas mãos tremiam e ela tinha certeza que poderia desmaiar se levantasse de uma vez—Tudo isso porque é uma covarde que não admite nem para si mesma que gosta dela.

-Situação do passado não, eles disseram que você tinha matado ela. E eu estou noiva do Neném. -A Terrare interrompeu se arrependendo em seguida quando seus olhos encontraram os de Carmem —Carmem é minha amiga e eu vou protegê-la de você

—Foda-se o Neném,  ele sequer se importa com você.  Se ele se importasse estaria aqui apoiando a noiva, não estaria? Mas está do outro lado do mundo vivendo a vida dele, enquanto você espera uma mísera ligação ou que alguma coisa saia sobre ele nas notícias. E então você repete para si mesma  que ama ele, porque se você repetir o suficiente vai se tornar verdade. Mas não vai. Porque é nela que você pensa a noite. E quando acorda, você não gosta que ela esteja comigo porque sou sua concorrente, você não nos quer juntas porque queria estar fazendo com ela o que eu faço. —Violet tomou um longo gole do conteúdo da sua xícara.

-Tudo bem, eu vou relevar isso porque você parece estressada, tô mostrando que sou uma boa pessoa. E eu amo o meu noivo, mas talvez você  não saiba o que significa amar alguém.

—Tem razão você sabe tudo sobre mim, até porque revirou a minha vida toda. O quão desocupada alguém tem que ser para ter tanto tempo livre? Estando preparando um casamento e a sua prioridade é a minha vida— Ela riu baixo

—Olha aqui sua....

-Vocês duas... Vamos ser civilizadas.

-Não vou escutar ela me chamar de assassina na minha própria casa. Ela faz da minha vida um inferno e agora eu tenho que ser a pacifista? Não. Se ela me chamar de assassina novamente o próximo evento que ela vai aparecer vai ser o próprio funeral. -Violet cruzou os braços afundando na poltrona. Ela precisou respirar fundo algumas vezes até que seu coração voltasse a pulsação normal. A loira fechou os olhos.

-Isso foi uma ameaça? -Paula encarou de uma para outra.

-Vamos voltar de onde paramos-A platinada balançou a cabeça. Eu não quero estar no meio dessa confusão, ela pensou-Precisamos resolver isso. Somos adultas e não matamos ninguém. E temos experiência suficiente com esse tipo de manchete. Então mudamos o rumo dessas notícias e depois resolvemos tudo isso. Com calma.

-Eu estou calma, a sua namorada que está irritada.-A Terrare limpou a poeira inexistente dos ombros, encarando as unhas em seguida. A ideia de que Carmem e Violet estivessem juntas ainda a deixava nervosa. Não com ciúmes, Paula Terrare jamais sentiria ciúmes. E por que ela teria ciúmes? Estava com Neném, seu grande amor, tão grande quanto a distância que eles se encontravam naquele momento.-O melhor jeito de abafar uma notícia é com outra maior. Vem cá a quanto tempo você está conhecendo a concorrência?

-C'est sérieux? -Violet levantou a sobrancelha, tomando o rrstante da bebiba—Vai querer instalar uma câmera no meu quarto? Ou peut-être que tu es intéressé à me baiser aussi ? (Ou talvez esteja interessada em me foder também? )

—Que que ela disse?—Encarou Carmem...

Carmem suspirou alto fazendo as duas se voltarem para ela.

-O que pode ser maior que isso?

-Não sei, talvez uma coisa feliz-Paula se ajeitou-Eu pensei em uma campanha de noivas, já que eu estou noiva do Neném. E noiva tem tudo a ver. A Terrare Wollinger vai arrasar! Eu não quero chutar cachorro morto mas...

-A ideia de uma campanha de noivas parece boa...-Ela fechou mordeu o lábio com força encarando Violet -Isso pode dar certo.

-Sério? -Paula se inclinou-Você acha mesmo?

-Claro, uma campanha com três noivas séria ótima

-O que? Três? -A morena arqueou a sobrancelha

-Bom...não deu para contar, mas... Violet e eu...também vamos nos casar.

Deixei a bomba e saí correndo
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Até a próxima pessoal

Nêmesis - CarrareOnde histórias criam vida. Descubra agora