IV- Acidente de Percurso

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Mesmo combinado da primeira vez, capítulos aos domingos e às quartas, mas talvez um ou outro apareça de bônus.

Carmem se esforçou para não fechar os olhos novamente. Sua cabeça doía e ela tinha certeza de que a noite anterior havia sido péssima. Ela abaixou a máscara de dormir de volta para os seus olhos e abraçou um dos travesseiros, tentando a todo custo se livrar dos borrões da sua memória.

A loira julgava que poderia passar o resto da vida ali no amontoado de cobertores e travesseiros, esperando que sua vida murchasse como o seu coração.

A porta se abriu com um baque alto e ela escondeu o rosto com o lençol.

—Eu tô entrando no covil do Batman, é isso?—A voz de Paula preencheu o quarto fazendo a loira ter certeza de que preferiria estar em qualquer lugar do mundo do que ali. —Vamos, levanta daí, eu tenho tanta coisa pra te contar…Vai logo Carmem.

Ela sentiu a morena puxar o seu pé.

—Me deixa eu quero morrer como todos os gansos dos travesseiros! —Ela gritou.

—O que aconteceu? Seu filho me falou que você bebeu todas ontem. —Paula puxou as cobertas de uma vez fazendo a loira se encolher ainda agarrada ao lençol.—Você ignorou todas as minhas ligações e ja são quase dez da manhã!

A loira grunhiu quando a mulher abriu as cortinas.

—Me deixa viver a minha solidão.

—Nada disso! É um dia pra celebrar! —A morena a encarou—Vou te dar 10 minutos pra se arrumar e vir tomar café. E você sabe muito bem que eu não vou aceitar um não.

A porta bateu em seguida e o silêncio caiu no ambiente.

Ela se sentou na cama tirando a máscara de dormir e a jogando do outro lado do quarto. De todas as pessoas que ela não queria ver aquela manhã Paula Terrare estava no topo da lista.

Carmem suspirou encarando o cachorro que dormia aos pés da cama. Havia sido uma longa noite para ambos. A mulher massageou as têmporas esperando que a noite anterior tivesse sido apenas um terrível pesadelo.

—Nove minutos!—A voz da morena soou do corredor a trazendo de volta para a realidade.

15 minutos e um banho depois a loira se via em frente a penteadeira, a escova em uma das mãos enquanto os olhos estavam fixos no espelho.  Sua cabeça parecia a beira de uma explosão e Carmem via-se em um looping de situações desastrosas que parecia piorar a cada dia.

Ela suspirou terminando de arrumar o cabelo e ajeitar o macacão preto.  Sorriu para o espelho como se a encenação da felicidade a tornasse real.

A loira pegou o frasco em forma de coração, a grande aposta da sua atual maior inimiga e com certeza o perfume que Violet usava na noite anterior.

Carmem espirrou um pouco no pulso, cheirando em seguida, não parecia tão ruim quanto Paula fizera parecer no evento.

Ela colocou frasco  de volta na penteadeira e se levantou saindo do quarto. Caminhou até a sala de estar e a mesma se encontrava vazia.

—Paula?—Chamou na esperança de que a outra tivesse desistido e ido embora.

—Cozinha!—A resposta a obrigou seguir para o outro cômodo. A morena sorriu assim que a viu.

—Eu disse que não dava pra ficar naquele quarto o resto da vida, você precisa tomar um sol, pegar um vitamina D. —Ela serviu o suco de caixinha no copo—Toma, eu mesma abri.

Nêmesis - CarrareOnde histórias criam vida. Descubra agora