XIX- Alguem para ficar

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DOUBLE do dia
feliz quarta
me digam o que estão achando

Ela abriu os olhos de uma vez, reconhecendo no mesmo instante que aquele não era o seu teto, ou o seu lustre, ou até mesmo o seu pijama. Carmem piscou algumas vezes antes de encarar o outro lado da cama onde a loira dormia agarrada a um travesseiro. Ainda era possível perceber que ela passara boa parte da madrugada chorando. A platinada não a culpava ela se lembrava bem de quando Celso morreu, como uma parte dela havia morrido junto com ele,

Demorou algum tempo até que ela tivesse a certeza de Violet não acordaria tão cedo. Seu estômago roncou, algo que parecia ficar mais frequente a cada respiração, Carmem estava com fome. A óbvia constatação partia sua em duas: a primeira era de que precisava comer e a segunda tocava a música que dormira cantarolando. Algo entre Beatles e Queen, uma mistura maluca que havia inventado quando esqueceu a letra original.

A platinada se levantou, com cuidado para não acordar a outra mulher, havia um vaso na mesa de cabeceira com rosas frescas, ao lado, o telefone celular. A tela se acendeu, e silenciosamente a foto de um homem apareceu, não precisava de muito esforço para perceber que aquele parecia tanto com Violet quanto as próprias filhas. Wollinger se aproximou, mais tomada pela curiosidade da foto do que qualquer outra coisa, a frieza do olhar captado pela câmera a fez dar mais passos a diante do que realmente pretendia.

-O que está fazendo? -A voz baixa a fez levar a mão ao coração.

-Céus!-Exclamou tentando recuperar a respiração -Eu achei que você estivesse dormindo. Queria...Ver as flores de perto.

Seu olhar encontrou o de Violet, e mais uma vez ela se questionou o quanto a mulher poderia esconder. Um sorriso brotou nos lábios da outra.

-la vérité mon cher.-Ela soou tão firme que Carmem repensou se a expressão que vira a pouco era realmente verdadeira.

-Gosto de rosas. -Ergueu o queixo. -Não tem nada demais em gostar de flores. Seu celular tocou, por acaso.

-Meu celular tocou por acaso-Riu baixo estalando a língua, pegou o aparelho deslizando o dedo para o lado e desbloqueando a tela. Não havia senha. Carmem franziu o cenho mentalmente.-Meu pai

Baudet suspirou se sentando na cama, o quarto agora parecia incrivelmente menor do que realmente era.

-Deveria retornar, pode ser importante. -Carmem a observou levantar, assentindo com a cabeça.

-É, eu deveria.-Violet sorriu fraco cruzando os braços.- Pode me esperar lá embaixo? Eu não vou demorar.

-Claro eu...-Ela deixou o quarto o mais rapido que pôde, descendo as escadas.

O andar debaixo parecia recém ocupado pelas crianças, haviam lápis de cor espalhados por toda sala de estar. Bagunça que era inexistente na noite anterior, Carmem sorriu ao ver um desenho esquecido no sofá. Cinco pessoas estavam desenhadas ali, uma delas era a própria, todas sorriam.

O cheiro de café a levou a passos lentos pela cozinha, na esperança de que não houvesse ninguém, mas suas esperanças foram por agua abaixo ao encontrar Kate ali. A mulher sorriu embora aquilo não parecesse convidativo e sim ameaçador.

Ainda era estranho pensar que a ex mulher da sua...o que violet era dela? Namorada? Carmem balançou a cabeça, elas ainda não sabiam, mas pensar que Kate fora casada com Violet e estava ali, tão perto, era estranho.

-Noite animada?-Ela levou a xícara até os lábios, a porcelana branca delicadamente pintada com flores de cerejeira.A wollinguer sentiu seu rosto esquentar. -Comprei um bolo, tem queijo e geleia na geladeira.

Nêmesis - CarrareOnde histórias criam vida. Descubra agora