Nêmesis - Carrare

XXXI-Deux mondes opposés

Volteeeeei
Espero que gostem

O escritório de Carmem no prédio Wollinger era um espaço impecável, refletindo perfeitamente a personalidade dela. Violet entrou com passos firmes, mas por dentro, sentia-se um caos. A noite mal dormida e os pensamentos incessantes sobre o dia anterior a deixavam inquieta.

Carmem estava em pé perto da janela, com os braços cruzados, mas ao notar Violet, abriu um sorriso.

— Que bom que você veio — disse, aproximando-se.

— Claro que vim. Precisamos alinhar os próximos passos da campanha, não é? — respondeu Violet, tentando soar casual.

Carmem a olhou por um momento, como se avaliasse cada movimento. Então, sem dizer nada, deu um passo à frente e encurtou a distância entre elas. Antes que Violet pudesse reagir, Carmem a beijou.

O beijo era suave e terno, mas a mente de Violet estava em outro lugar. Flashes de Kate atravessavam seus pensamentos: os olhos intensos, o toque, a energia entre elas. Quando o beijo terminou, Carmem a encarou com uma leve preocupação.

— O que foi, Violet? Você parece distante.

Violet desviou o olhar, fixando-se na paisagem pela janela.

— Nada. Só estou cansada. Ontem foi um dia longo.

Carmem franziu o cenho, claramente não convencida, mas decidiu não pressionar. Depois de um momento de silêncio, perguntou:

— E o beijo com a Kate? Como foi? Digo… para a campanha.

Violet se virou para ela, surpresa pela pergunta. Passou a mão no cabelo, tentando disfarçar o desconforto.

— Foi… profissional. Parte do trabalho, só isso.

Carmem estreitou os olhos, cruzando os braços.

— Profissional? Não parecia tão profissional para quem estava olhando. Vocês têm uma história, Violet. Não me diga que isso não mexeu com você.

— Não foi nada, Carmem — disse Violet, tentando soar firme. — Foi só… uma cena.

O silêncio entre elas ficou pesado. Violet, sentindo o peso da conversa, tentou mudar o foco.

— E o seu beijo com a Paula? Como foi? — perguntou, casualmente demais para não soar suspeita.

Carmem arqueou uma sobrancelha.

— Convincente? Que pergunta é essa, Violet?

— Só curiosidade. Quero saber como foi para você. Afinal, a campanha depende disso, certo? — respondeu Violet, evitando o olhar direto de Carmem.

Carmem hesitou, mas respondeu com honestidade:

— Foi… especial. Não sei explicar. Por um momento, parecia mais do que só trabalho. Não sei se foi coisa da minha cabeça ou se… tinha algo mais.

As palavras de Carmem atingiram Violet como uma pedra, mas ela manteve a expressão neutra. Tentou não demonstrar o aperto no peito que sentia ao ouvir aquilo.

— Entendo — disse, desviando o olhar novamente.

Carmem a observava atentamente.

— Violet… você está bem mesmo?

Violet tentou sorrir, mas não convenceu.

— Estou. Só… cansada, como eu disse. Vamos focar na campanha, certo? É o que importa agora.

Carmem assentiu, embora a dúvida ainda pairasse no olhar dela. Violet, por sua vez, sentia-se mais confusa do que nunca. As paredes do escritório pareciam se fechar ao redor dela, e, por mais que quisesse clareza, tudo o que tinha era uma névoa de sentimentos conflitantes.