14, Ella.

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E mais uma vez eu estava sentada no banco passageiro do carro de Tom, rindo e cantando com ele que nem dois bêbados loucos e desafinados, era mais vergonhoso para ele por ser de uma banda, não para mim que era só mais uma garota alterada.

Quando o silêncio permanecia por uns minutos, nossos olhos se esbarravam e não podíamos conter a vontade de rir mais um pouco, não por ser engraçado e sim por estarmos naquela fase "bobinha por alguém."

─ Você toca guitarra muito bem, parece que sempre surge uma conexão inexplicável entre você e ela. ─ Digo dando um gole da minha bebida.

─ Eu sei disso, eu sou o melhor. ─ Me lança uma piscadela e eu sorrio em resposta, muito convencido eu diria. ─ Não precisei de tanto tempo para aperfeiçoar, eu realmente gostava de estar com ela em meus braços, me sinto livre toda vez que meus dedos tocam aquelas cordas, sabe? pura arte.

─ Entendo sim.. eu sinto falta. ─ Encosto a cabeça na escora do banco e continuo olhando para o garoto que estava ao meu lado. ─ Eu fiz aulas, eu lembro que eu gostava muito de tocar, talvez deva ser por isso que eu fico hipnotizada toda vez que você toca.

─ Então você fica hipnotizada? ─ Ele realmente é um convencido, por que eu fui abrir a boca? ─ Mas eu percebo, o lance da chuva e sobre Monsoon tem um efeito grande em nós dois. ─ Bebeu um pouco de sua bebida e batucou os dedos no volante.

─ Sim, você não se lembra? ─ Perguntei confusa, eu que perco as memórias e ele que esquece dos momentos? maluco. ─ Quando éramos pequenos você disse uma vez que parecíamos uma coisa chamada Monção. ─ Disse sorrindo ao meu lembrar desse momento que eu me recordei havia poucos dias justamente quando ele tocava.

─ CARALHO, VERDADE! ─ Exclamou alto, eu ri com seu ato. ─ Eu não me lembrava disso, talvez minha memória tenha apagado muitas coisas com você, o trauma deve ter bloqueado algumas memórias, mas pelo fato de sermos novos acho que acabou contribuindo com o esquecimento.

─ Sim, tem dessas, minha mãe era amiga da sua, por isso as vezes, passávamos muito tempo juntos. ─ Expliquei para o garoto, ele parecia realizado por lembrar de mais coisas, era fofo o jeito que se expressava.

De repente ficamos perdidos em algum tipo de transe e um silêncio confortável se estabeleceu dentro daquele carro. Lembrar desse passado tinha dois lados de uma mesma moeda. Era fácil se recordar que já fomos próximos e felizes enquanto tinhamos um ao outro, mas é completamente inaceitável como fomos tirado um do outro, sem mais nem menos. E pior ainda pensar como a possibilidade de termos nos encontrado de novo era realmente baixa, mas foi possível, eu e ele dentro de um carro no meio de uma estrada vazia, bebendo e conversando, era a prova que talvez o destino exista e só funcione da forma que ele deseja.

─ Tom, eu sei que você se lembra de mim, mas por favor, diga em voz alta, quero que meus ouvidos escutem perfeitamente que você se lembra de mim como eu me lembro de você. ─ Me sentei de lado, virando completamente de frente para ele, precisava ouvir isso, eu realmente precisava.

─ Eu me lembro, Ella.. ─ Suspirou como se um peso tivesse sido tirado de dentro de seu peito, e isso me reconfortava de certa forma. ─ Éramos novos, mas quando os boatos que você tinha morrido foram espalhados e principalmente quando eles chegaram até mim, eu chorei por uma semana no colo de Bill. ─ Bebeu de sua bebida e me encarou pela primeira vez desde que iniciamos esse assunto. ─ As noites foram brutais, e eu era apenas uma criança com seus problemas paternais e escolares, você e Bill foram os únicos que tiraram sentimentos de um Tom que se fechou para quase todo tipo de emoção duradoura.

─ Sinto muito por você ter passado por isso, talvez minha mãe tenha sido egoísta, mas ela tinha muito medo de pessoas que se envolviam com meu pai virem atrás de nós, precisávamos de paz. ─ O que não era mentira, depois dos incidentes com meu pai, minha mãe merecia uma vida melhor, e eu a amava imensamente.

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