Mia Bradley retorna a seu país natal após dois anos sem sequer ter notícias de lá, sem ânimo para fazer o que amava, sem disposição para viver fora de ser quarto, e não conseguindo tirar a visão daquele que ela realmente amou chorando enquanto ela o...
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Estava terminando de arrumar minha bagagem de mãos para ir até o aeroporto. Nela eu carregava uma troca de roupa de moletom, meus fones, carregador e alguns ítens de higiene permitidos no avião. A manhã estava chuvosa e fria, com um clima úmido e sombrio.
Minha vida está agitada recentemente, e tudo ficou ainda mais agitado com a mudança que estamos fazendo de volta para a Alemanha. Nossas bagagens chegaram lá antes de ontem, e meu pai contratou algumas pessoas para reformarem e arrumarem a casa, para que, quando chegarmos lá, só ficarmos com o trabalho de arrumar nossas roupas e quartos.
Eu estava nervosa e ansiosa, estralando os dedos enquanto pegava as últimas coisas que havia no meu futuro antigo quarto, andando de um lado para o outro. Senti minha pele se irritar na região dos pulsos e pescoço, isso ocorria quando pensava demais ou quando ficava em estresse constante. Dei um longo suspiro fechando o zíper da minha mala, e indo diretamente para a porta do cômodo, olhando por uma última vez o cômodo vazio, clareado somente com a luz fraca e quase inexistente vindo da janela. Fechei a porta lentamente e desci as escadas cabisbaixa, me lembrando da última coisa que fiz antes de vir para Los Angeles.
•Flashback •
O ano era 2006, eu estava junto à Tom e Bill em uma praia que havia perto de casa, todos com calças e blusas de frio devido ao ar gelado da estação. Ficamos lá a tarde toda, conversando, rindo, brincando e comendo, eles não sabiam que eu iria partir essa noite e sem volta marcada para retornar, por isso estranharam meu comportamento carinhoso e carente.
- Mia, o que está havendo com você? - perguntou Bill, enquanto comia um pedaço de seu cachorro quente - Está carinhosa, e isso está me assustando um pouco... Tá doente? - ele disse colocando uma de suas mãos em minha testa, fingindo que a mesma estava quente. Logo peguei seu braço e o joguei para longe de meu rosto.
- Olha aí, a robô voltou a funcionar - ironizou Tom, pegando o cachorro quente das mãos de Bill e dando uma mordida, dei um tapa em sua cabeça o mandando calar a boca - Definitivamente voltou a funcionar!
Os gêmeos riram da situação, mas logo pararam vendo minha expressão séria e triste.
- Ok... - suspirei fundo, juntando todas as minhas forças para suportar a dor que seria me despedir deles - Nós precisamos conversar sobre uma coisinha... - eu disse, me levantando do banco onde estávamos sentados e os encarando seriamente - Vou me mudar para Los Angeles essa noite, sem data marcada para eu voltar para cá.
Digo muito rápido, sendo mais um trava língua do que uma frase, mesmo assim, eles entenderam o recado e se encararam chocados, sem cor alguma em seus rostos que antes estavam avermelhados por tanto rirem.
