Mia Bradley retorna a seu país natal após dois anos sem sequer ter notícias de lá, sem ânimo para fazer o que amava, sem disposição para viver fora de ser quarto, e não conseguindo tirar a visão daquele que ela realmente amou chorando enquanto ela o...
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Me olho no espelho com certo desespero, bebendo o quarto copo d'água enquanto Christina fala sobre como é seu novo relacionamento com Jacob. Mas a única coisa que me preocupava agora, era a ligação de Mikael, sobre o que o mesmo queria comigo, sobre o porquê dele estar tão... Diferente.
- Mia? - a voz manhosa e preocupada de Christi interrompe a voz em minha cabeça, a afastando por um momento. Engulo seco tentando manter a calma e entender que tudo aquilo era apenas uma brincadeira de um puta mal gosto - Está tudo bem?
- Está, está sim - largo o lápis de olho que estava plantado em minhas mãos e me viro da cadeira, tendo a visão de Christi preocupada - É só que... Sabe quando sente que algo não parece certo? Quando uma única pedra no sapato não te deixa viver em paz?
- Está se referindo a Tom? Mas vocês se queriam tanto...! - ela resmunga parecendo cansada desse nome.
- Não é ele, Christi - digo soltando uma risada fraca ao ver a mesma se espreguiçando no sofá, esgotada de ouvir minhas reclamações e sofrimento - É... Mike.
- NÃO ME DIGA QUE QUER ELE AGORA! - ela exclama se levantando do sofá com tanta velocidade que parecia Gustav quando via uma barata pela casa.
- NÃO, NÃO! - eu exclamo no mesmo tom, também me levantando da cadeira e indo até seu lado - Nem fudendo que quero um cara como Mikael... Sou louca mas preservou minha vida.
- E tem de preservar não só sua vida... - Christina me olha maliciosa enquanto finalmente chego ao seu encontro - Pelo visto sua barriguinha também, já que vai dar horrores pro seu príncipe encantado.
- Tá maluca Christina!? - dou tapa de leve nessa loira burra, que eu infelizmente tanto amo - Não sei nem cuidar de mim mesma, quem dirá de uma criança, eu em...
- ENTÃO O QUE É A PEDRINHA NO SAPATO!? - ela exclama alto mais uma vez, teatral e mais curiosa que um idiota que escuta algum barulho em um filme de terror.
Respiro fundo, me lembrando da maneira como Mikael me dizia as palavras pelo telefone, no medo crescente em mim.
- James quer vingança, Christina - digo simples e sombria, e no mesmo instante, a expressão de Christi mudou de "tudo rosa" para "preto e macabro".
- C-como assim, Mia? - sua respiração pesou notei que suas mãos pareciam trêmulas - Como assim James quer vingança? Ele... Ele está lá, não é? Está longe, em sua casa e- -
- Ele era conhecido por nunca perder uma luta, não é? - digo pegando em seus ombros e fazendo um carinho no lugar, para evitar que a mesma explodisse a qualquer segundo.
- Não, ele era conhecido por ser um filhinho de papai que se metia em brigas, é diferente - disse Chris parecendo paralisada, me olhando com um desespero nítido - Não entendo... Nós dissemos no bilhete.
- Não importa mais Christi - guiei minha amiga até a cadeira onde eu estava, e a coloquei sentada ali para que a mesma não caísse dura no chão - Ele quer vingança pelo o fizemos com ele, quer vingança por Tom ter... Desconfigurado a cara dele todinha.
- Hum, justo - disse ela sínica, me olhando enquanto mordia os lábios e estralava seus dedos nervosa - Mas como...? Como Mike sabe que James quer vingança? Como ele sabe que é verdade? Como- -
- Eu não sei, Christina - as perguntas da loira começaram a me deixar maluca, meso que elas estivessem em minha cabeça desde que a ligação com Mikael foi encerrada, as mesmas perguntas, as mesmas dúvidas, todas cravadas em minha mente. - Ele mais ficou tagarelando com o pai sobre os negócios familiares do que de fato de contando as coisas.
- Isso está estranho demais, Mia - minha amiga parecia séria, uma coisa nada normal vinda dela - Será que não é um tipo de pegadinha? Ou uma brincadeira?
- Eu estou torcendo para que seja alguma dessas coisas - digo soltando um suspiro, já irritada enquanto penso nessa possibilidade novamente - Mas eu não sei... Ele parecia tão verdadeiro enquanto contava pra mim, parecia receoso, como se algo ou alguém estivesse o impedindo, mas mesmo assim contou.
- Talvez tenha sido o lado antigo dele se amostrando para cair melhor no papel - ela disse debochada. E então, um silêncio se fez entre nós, um silêncio que era carregado de dúvidas, carregado de tenção. - O que ele disse exatamente?
Christina agora leva suas mãos até minha cintura e me olha passiva, como se estivesse dizendo que tudo ficaria bem... Uma sensação estranha me percorreu e fez com que todos os pelos em meu corpo se arrepiarem. Eu podia sentir seu olhar pairando sobre mim enquanto me lembrava de Guinevere me acolhendo sempre que eu precisava, com o mesmo olhar dizendo a mesma coisa, com a mesma delicadeza em seu toque, e com a mesma paz dentro de si.
- Ele... Ele disse que James pretendia se vingar, de alguma maneira que Mike ainda não sabe - me aconchego nos braços de minha amiga - Disse que não podia dar mais detalhes por telefone, e que quer me encontrar imediatamente.
- Eu em... Até parece que ele é dono de uma gangue ou algo assim - Christi fazia carinho em meu couro enquanto, mais uma vez, soltava merdas de sua boca.
- Isso é sério, Chris - eu digo respirando tão profundo que meu peito dói - Isso pode ser uma brincadeira, pode ser um jogo, mas... E se não for?
Mais um silêncio mortal e sombrio se fez entre nós, nenhuma de nós sabíamos o que dizer, Christina não achava respostas para minha pergunta, assim como Mikael não as dizia para minhas dúvidas.
- Se não for... - ela pega meu rosto com suas duas mãos e me lança um sorriso meigo - Eu vou até o inferno pra matar aquele desgraçado, escalo a mais alta das colinas para arrancar a cabeça dele, e não guardarei rancor quando for até às profundezas desse mundo quando finalmente ver o corpo gelado e morto de James Albrecht.
- Eu amo você - digo dando um rápido beijo em seus lábios, o beijo mais puro de todos - Mas você me assusta pra cassete as vezes...
- Eu também te amo, loirinha - ela disse deixando mais um selinho em meus lábios e logo arrumando a postura - Está pronta?
- Estou com cara de prostituta? - pergunto irônica, enquanto me afasto de seus braços e sigo até a frente do espelho novamente, analisando mais uma vez meu vestido e ajeitando meus cabelos rebeldes.
- A mais bela da boate - ela disse vindo até mim e me abraçando de lado.
