Ela tá TÃO na sua!

Até parece que eu aceitaria

— Esquecer que a faculdade toda armou um circo ontem por uma bobagem? Esquecer que absolutamente todo mundo estava esperando que eu confessasse algo irreal?

— Isso. É só esquecer e seguir a vida normalmente.

— Eles estão acreditando em uma mentira absurda!

Tzuyu afastou o celular do rosto, verificando quantos minutos faltavam. Logo o sinal do intervalo seria tocado e a Chou reuniria todas as suas estratégias de persuasão para conseguir algo que queria.

— Eles são burros. Ignore todos eles.

— É só isso que vai dizer?

— Eles são burros e você também é burra. Melhorou?

— Tzuyu!

— Você é burra por se preocupar com algo tão insignificante, Sana. Dou três dias para esquecerem completamente quem somos. — a Chou ajeitou a mochila nas costas, olhando de relance para a sala de artes cênicas. — Foque apenas na Nayeon. Aliás, novidades sobre aquela bruaca?

E então Tzuyu ouviu uma risadinha nada sutil do outro lado. Faria vômito se estivesse ao lado de Sana, mas certamente receberia um daqueles olhares atravessados da rosada.

— Apenas uma. Nayeon quer fazer uma noite de pizza. — Sana voltou a rir baixinho. — Vamos assistir a série preferida dela e comer a pizza que ela mais gosta.

— Por que eu não estou surpresa?

— Com o quê?

— Vocês assistirem a série preferida dela, na casa dela, comendo a pizza que ela escolheu. 

— Você está exagerando.

— Sana, por acaso, você...?

— E daí? — a Minatozaki rosnou do outro lado. — Qual o problema disso?

— É meio óbvio, não? — a Chou soltou impaciente o ar que segurava até então. — Pensei que já tivesse percebido a garota mesquinha que ela é e toda a manipulação que faz.

— Ela não é assim! — Sana negou imediatamente, recusando-se a acreditar.

— Olha, Sana, se eu convidasse você para passar uma noite na minha casa, comendo o que eu quero e assistindo o que eu quero, o que você pensaria imediatamente?

— E por acaso você me convidaria? Não seja ridícula!

O silêncio constrangedor entre as duas rapidamente ocasionou as mãos suadas de Sana e os pensamentos confusos de Tzuyu. Afinal de contas, que pergunta estúpida era aquela?

— Espera aí, você realmente passaria uma noite de pizza comigo? — Tzuyu perguntou, atônita com tal informação. — Talvez não me odeie tanto quanto parece, não é mesmo, Minatozaki?

— Não sei — Sana respondeu, confusa, hesitante. — Você quer que eu passe uma noite de pizza com você? Que falsa! Nunca nem me chamou para fazer algo! 

— Você quem disse que não queria estreitar laços comigo! — a Chou arregalou os olhos, sentindo seu corpo congelar segundo após segundo. — Eu sou ótima companhia, tá?

— Eu acho que não.

— O que isso significa?

Só então a Minatozaki percebeu o estranho e inútil rumo daquela conversa. Soltou imediatamente uma tosse seca e forçada contra o aparelho.

— Vamos nos concentrar no que realmente importa — Sana exigiu. — Meu foco é Im Nayeon e seu plano horrível não está ajudando. Eu estou fazendo tudo sozinha.

— Sozinha? Quem conseguiu as informações? Foi você? Acho que não!

— Grande coisa — Sana debateu. — Tudo deu errado com as informações.

— Querida, a culpa não é minha se você é um fracasso no quesito seduzir alguém. Quem se interessaria por você assim? Sejamos honestas.

— Você é uma grande idiota.

A rosada desligou, deixando Tzuyu incrédula, ainda olhando para a tela do celular. Aquilo havia sido no mínimo estranho.

— Até parece que eu aceitaria uma noite de pizza com você. Uma sem sal, sem humor, sem amigos.