Esse assunto é entre vocês duas

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Naquele fatídico dia, Sana se jogou sobre a grama do campus. Olhava para o céu, vendo as nuvens passarem diante de seus olhos, de novo e de novo. Sim, uma cena completamente dramática, porém, a rosada tinha seus motivos para estar em tal situação. Até porque, suas últimas metas não só foram um completo fracasso, como também sua reputação na faculdade, que se baseava em informações totalmente irreais e tendenciosas.

Minatozaki Sana respirou fundo. O mais fundo que conseguiu. Mas nada aliviava aquela estranha sensação de estar em um carrinho de montanha-russa sem freio algum.

— Antes que você pergunte, não, eu não tive um coiso enquanto fazia a prova. — Tzuyu sentou-se ao lado da rosada, já jogando sua pobre mochila sobre a grama. — Embora a vaca da Kim Taeyeon estivesse desejando que eu caísse dura bem em cima daquela prova maldita.

— Isso significa que você se saiu bem? — a Minatozaki sentou-se ali, um tanto curiosa para saber o resultado de suas três horas de estudo ao lado da Chou.

— Acredito que sim. Não demorei tanto para fazer as questões, então, acho que ao menos vou conseguir passar desta vez.

— Isso já é ótimo.

— Não é o ideal, mas na minha situação, é como ganhar na loteria — Tzuyu falou despreocupada, e ao ver Sana sorrindo, lembrou-se de algo importante. — Eu queria agradecer por me ensinar a matéria. Mas não sei bem como fazer isso quando estou na sua frente.

O silêncio foi o bastante para fazer as mãos de Tzuyu formigarem, sabia que havia sido uma idiota e que não merecia ajuda. Já Sana deixou surgir um sorriso tímido no mesmo instante.

— Tecnicamente é parte do contrato. — Sana desviou os olhos rapidamente, fazendo-se de difícil ao ver a dificuldade da mais nova em se abrir o mínimo possível para ela. — Mas não é só isso, claro. Pode achar que estou mentindo, mas eu também me importo com você.

— Obrigada — a Chou assentiu, finalmente desviando seus olhos curiosos de Sana, ainda refletindo sobre as últimas palavras da mais velha. — Mas, e então, você soube o que a Jihyo andou publicando?

— Sobre você dizer a ela que eu sou a mulher da sua vida? — Sana puxou de dentro de seu caderno o último jornal impresso pela faculdade. — Como uma instituição desse tamanho permite uma coluna de fofoca no jornal? É tão ridículo!

— Certamente a Park acha que teve o salto da carreira. De um blog de fofocas para o jornal da faculdade. Ela não se importa em verificar se as informações são verdadeiras.

Sana olhou de relance para a Chou. Alguns dias atrás uma questão roubou seus pensamentos enquanto lia as publicações de Park Jihyo. E talvez, aquilo fizesse mais sentido do que imaginava.

— É claro que a culpa é toda dela por publicar o que acha que é verdade. Mas eu estive pensando em algo. — a rosada voltou a esconder o jornal entre as folhas do caderno. — Nós dizemos com todas as palavras que não namoramos. Não temos fotos juntas ou qualquer outra coisa que nos comprometa. Também não somos amigas e nunca fomos. Mas estamos o tempo todo juntas.

— Isso não é verdade.

— É claro que é verdade, Tzuyu. Mesmo quando eu não preciso estar com você ou você comigo, nós estamos juntas. Como agora. Somos tipo, Chris e Greg, sabe?

— Eu tenho certeza que esse não é o motivo de acharem que estamos namorando.

— Pela minha santa paciência, Tzuyu, não se faça de sonsa. Nós não desgrudamos uma da outra desde o contrato!

Novamente o silêncio constrangedor se fez presente. É claro que as duas estavam naquele momento pensando desesperadamente em algum assunto para desviar a atenção. Até porque, nenhuma delas conseguiria explicar com um motivo plausível e convincente o porquê de estarem tão próximas quando não havia a menor necessidade.

— Mas no fim, é tudo culpa da Jihyo mesmo. É claro que essa é a única explicação para esse inferno que estamos vivendo.

— Com certeza! — Tzuyu concordou, imediatamente. — Mas e sobre a Nayeon, você ainda pensa em tentar de novo?

— Nayeon é definitivamente uma página virada. Quero partir logo para a próxima tentativa. Hirai Momo.

A Chou assentiu, sem muito ânimo. Sentia uma enorme preguiça ao saber que teria que mexer as varetinhas novamente para colocar Sana ao lado de outra pessoa fútil e vazia. No entanto, tinha um contrato para cumprir, afinal, a Minatozaki também estava cumprindo sua parte.

Em frente às duas garotas, uma figura as olhava com a mesma expressão neutra de sempre. O jeans preto, tênis rosa e o notebook verde nos braços foram tiro e queda para identificá-la.

— Kim Dahyun — a voz de Tzuyu falhou ao pronunciar aquele nome. — Como você tem passado?

— Cadê o meu dinheiro?

— Eu juro que vou pagar até o fim da semana. Me dê só mais alguns dias.

— Não acredito mais nas suas mentiras.

— Mas eu não estou mentindo. Eu juro, agora é verdade.

— Você tem até o fim da semana para entregar o meu dinheiro. Me ouviu? — Dahyun apontou para Tzuyu, em um visível gesto ameaçador, beirando o aterrorizante. — Caso não faça isso, quando você menos esperar, eu vou estar lá.

Dahyun virou-se em direção ao pátio, indo embora em passos tranquilos. Por outro lado, Tzuyu estava tentando trazer sua alma de volta ao corpo, enquanto Sana ainda se sentia confusa sobre o que havia presenciado.

— Mas que dinheiro é esse? — Sana perguntou sem rodeios. — Não me diga que você andou comprando coisas com a maluca da Kim Dahyun.

— Lembra das informações naquela pastinha verde dos quintos dos infernos? — Tzuyu abriu um pequeno sorriso, mas estava irritada o suficiente para pular no pescoço de um certo alguém. — Eu fiz uma dívida para conseguir aquela porcaria!

— Mas eu passei o dinheiro das informações quando você me pediu. — a rosada olhou incrédula para a Chou. — O que você fez com o dinheiro, Chou Tzuyu?

Tzuyu limpou a garganta, ajeitou o cabelo, olhou para os lados. Naquele momento, faria qualquer coisa para não ter que dizer aquilo à Sana. Seria vergonhoso.

— Tudo bem, eu admito. Comprei um sanduíche artesanal de pistache e frango gourmet com o dinheiro da Dahyun.

— Eu sabia!

— Mas eu não tenho culpa, tá bem? Todo mundo sabe que aquele sanduíche é um absurdo! Só que tinha uma promoção ótima justo naquela semana. O que você queria que eu fizesse, Sana?

— Você é uma esfomeada, descontrolada, compulsiva e irresponsável.

— Meus motivos são válidos.

— Quer saber? Não é problema meu. Você que se entenda com a Dahyun. — a Minatozaki voltou a se jogar na grama, buscando alguns segundos de descanso das trapaças da Chou. — Esse assunto é entre vocês duas. Não me envolva nisso. 

Ela tá TÃO na sua!Onde histórias criam vida. Descubra agora