Festa do Fred

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Antônio

Os raios de sol invadiam suavemente o quarto através das frestas de uma cortina mal fechada, criando uma suave iluminação que proporcionava a Antônio, mesmo que ainda sonolento, a capacidade de enxergar as feições da mulher adormecida ao seu lado.
Acordar ao lado de Amanda naquela manhã  de segunda-feira feira foi como um sopro de felicidade em meio ao caos de insegurança que o rodeava nos últimos tempos.
Ele se permitiu ser embargado pela presença de Amanda... Tão linda, tão suave, o rosto estampado pela serenidade, refletindo a calmaria de um sono profundo. Ele observou a forma suave como seu corpo subia e descia, de maneira leve e ritmada a cada respiração dela. Se permitiu perde-se nela, capturando cada detalhe de seu rosto, os cabelos espalhados pelo travesseiro, a pele dos ombros expostas pelas finas alças do pijama que o permitiam ver aquelas tão adoráveis pintinhas.
O olhar dele transbordava de admiração, amor e gratidão enquanto permaneciam fixos na figura da mulher que amava.

- Como é possível existir uma pessoa tão linda como você? - Sussurrou para a médica, sabendo que ela não ouviria. - Você é uma obra de arte, Amanda Alice. E eu sou grato pelo privilégio de poder te apreciar.

Ele se moveu no colchão, tomando todo o cuidado possível para não acordá-la, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar a magia daquele momento. Levou os dedos até a bochecha macia e quente dela e os lábios até sua testa, acariciando-a cautelosamente.

- Você é o motivo de cada batimento do meu coração, Amanda. Você é o farol que ilumina o meu caminho quando estou navegando em noites sombrias. Um dia eu vou te mostrar o quanto eu sou grato por você e o quanto eu te amo. - Sussurrou novamente, ainda mais baixo que da última vez.

Sentia-se envolto por uma aura de fascínio, como se o tempo se curvasse diante da intensidade daquele sentimento que se alastrava por todo o seu peito e alma. O olhar, ainda fixo nela, transmitia uma devoção inabalável e as batidas de seu coração ecoavam silenciosamente o pulsar de todo aquele amor que o dominava.

A pouca luz que transpassava o quarto, caia gentilmente sobre ela, fazendo seus fios dourados brilharem, como o anjo que ele sabia que ela era. O mundo inteiro poderia desaparecer e ele não perceberia, contanto que ela estivesse ao seu lado. O desejo de passar o resto da vida ali, naquele exato local e companhia inundava sua mente e o fazia sentir paz. Paz pela certeza de que estava em casa, paz por saber que enquanto a tivesse por perto, estaria completo.

Estava tão hipnotizado que não viu a hora a passar, os minutos corriam e ele continuava ali, apenas olhando-a e memorizando todos os mínimos detalhes dela. Completamente cativado pelo momento, a ponto de perder a hora e se atrasar para o treino, pelo simples fato de não ser capaz de tirar seus olhos de Amanda.

Diferente da semana anterior, aquela foi especial, tudo foi melhor, foi mais leve. Eles só precisavam se reajustar, no final das contas.
Os treinos ainda eram intensos, duas vezes por dia e intercalados com sessões de fisioterapia e quiropraxia. Amanda o acompanhou em cada uma das sessões após ouví-lo se queixar do joelho na terça-feira e sempre bombardeava a equipe com perguntas e observações, preocupada em como estava seu processo de recuperação para a próxima luta. Mas mesmo com todos os compromissos, eles encontraram uma forma de ainda terem tempo um para o outro, com ela indo até a academia para almoçarem juntos e sendo convencida por Buchecha a treinar com eles, jantando juntos, mesmo que tarde da noite e até mesmo nas sessões que ela o acompanhava e ajudava a tornar em um momento mais alegre.

Na quinta-feira a casa de Antônio foi invadida pelos amigos que haviam chegado para a festa de Fred e ficariam até o dia da luta. Bruna, Paula, Tina, Alface, Bruno, Cristian, Gabriel e João Vicente desembarcaram em Miami e todos seriam hospedados por Antônio, com exceção de João Vicente, que ficaria em um hotel, já que, nas palavras dele, não correria o risco de estar perto quando a Dona Lurdes decidisse colocar ordem na bagunça.
E realmente, Antônio estava preocupado em saber se a sua casa sobreviveria aos amigos caóticos por uma semana, mas valeria a pena, era bom tê-los por perto e a melhor parte: Amanda iria para o quarto dele, assim o quarto que ela estava poderia ser ocupado pelos recém chegados.

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