CINCO MESES DEPOIS
27 de Fevereiro de 2024
Hollywood, Florida.
Amanda
Amanda encarou o próprio reflexo no vidro da janela. O sol já brilhava no alto do céu e o calor dos raios solares que invadia o quarto aqueciam sua pele. Estava sentada na cama e suava frio após despertar de mais um de seus pesadelos frequentes.
Voltou o olhar para o corpo do homem ainda adormecido ao seu lado, tentando normalizar a respiração e segurar o choro preso na garganta. Fez o possível para não acordar Antônio, mas ele despertou quando ela tentou levantar da cama.- Não conseguiu dormir de novo, amor? - Perguntou gentilmente.
- Consegui, acabei de acordar. - Ela tentou disfarçar seu estado aflito, mas sabia que Antônio notaria.
- Mais um pesadelo? - Amanda não respondeu, ao invés disso, deitou o corpo sobre o dele, se aninhando nos braços do lutador e deixando um soluço abafado escapar. - Calma, amor. Eu tô aqui, nós dois estamos aqui. Tá tudo bem.Amanda não admitiria para ninguém que não fosse Antônio, mas desde que tudo acontecera, ela nunca mais foi a mesma. Todas as noites tinha pesadelos com aquela maldita casa e o quarto em que precisou se trancar para ficar a salvo de Felipe. Sempre o mesmo sonho... Ela estava lá outra vez, trancada, encurralada e desesperada, ouvia as batidas frenéticas na porta e conseguia sentir o desespero como se fosse real.
E o pior é que esses eram os sonhos mais tranquilos, ela só os tinha quando dormia com Antônio. Quando dormia sozinha, tudo era pior... ele aparecia.- Tem uma coisa que eu preciso te falar... Estou enrolando pra dizer desde o hospital, mas eu... Não sei, nunca achei o momento certo. - Amanda começou a dizer. - É sobre a Suzzy.
- Então eu não quero saber. - Respondeu o lutador com um tom rígido.
- Ela pediu pra me ver... Quando você ainda estava na UTI, ela pediu pra falar comigo. - A médica continuou mesmo assim.
- Amandinha, eu não me importo com nada do que aquela mulher possa ter te dito, eu quero esquecer que ela existiu.
- Mas... Foi o último pedido dela, Antônio.Amanda sentiu o estômago se contrair ao lembrar da cena. Suzzy estava péssima e de certa forma, já sabia que não sobreviveria quando chamou a médica em seu quarto para implorar que ela fizesse com que o Antônio soubesse que nunca quis que ele se ferisse e que tudo que fez foi por amá-lo mais do que amava a si mesma.
Amanda não o diria isso, não com essas palavras, sabia que ele se sentiria culpado se ela usasse a fala exata, mas precisava dizer a ele que Suzzy se arrependeu do que fez e que verdadeiramente o amava, afinal, até mesmo os mortos tem direito a redenção e ao perdão.- Ela perdeu o direito de fazer qualquer pedido quando ajudou um psicopata a te sequestrar.
- Tem certeza de que não quer saber?
- Tenho. Você é a única pessoa que me importa.
- Não exagera. - Amanda riu.
- Tem razão, também vou me importar com os nossos filhos quando eles nascerem.
- E quem disse que a gente vai ter filhos no plural?
- Você sabe que na primeira gravidez vamos ter gêmeos, né? - Antônio falou de forma tão séria e genuína que a fez gargalhar alto.
- Gêmeos, Antônio? E por acaso a gente tem condição de criar gêmeos?
- Claro que sim. Eu vou me aposentar do MMA, a gente vai se mudar pro interior da Bahia, perto dos seus pais e do meu pai. Eu vou abrir uma escolinha de jiu-jitsu, você vai abrir uma clínica, vamos morar numa fazenda, quero que as crianças tenham contato com os animais desde cedo. No começo as nossas mães podem ficar com a gente, pra ajudar a dar conta dos gêmeos, depois a gente pega o jeito e contrata uma babá pra quando a gente voltar a trabalhar, não precisa se preocupar, amor. A gente vai fazer dar certo.
- Você promete?
- O que?
- Que nós vamos ter essa vida, do jeitinho exato que você descreveu?
- Prometo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Momentos | Docshoe
FanfictionO que acontece quando o amor e a amizade andam lado a lado? É possível amar sem ser amigo? Ou ser amigo sem amor? O que acontece quando uma brincadeira vira algo sério? Quando um flerte vira desejo? Quando um abraço vira um beijo? O que aconte...