Amanda
- Você não vai nem chegar perto de mim! - A médica pronunciou em desespero, dando passos para trás até que suas costas se encontrassem com a parede.
- Não seja estúpida, amor. Não quero que se iluda pensando que pode me impedir. Você é minha e sou eu quem manda aqui.
O sorriso sinistro de Felipe enviou arrepios pela espinha de Amanda. Ela estava em pânico, as mãos trêmulas e o coração acelerado, ainda mais do que das outras duas vezes em que Felipe a atacou. Dessa vez, ela se sentia muito mais vulnerável e muito mais incapaz. Uma prisioneira de seu próprio terror.E ainda havia uma voz no fundo de sua mente que sussurrava constantemente que ela não sairia viva dali.
- Suzzy, você já pode ir, eu cuido de tudo por aqui, você pode voltar de manhã. - Felipe disse com uma ameaçadora calma.- Não! - Amanda suplicou, as lágrimas de tristeza misturadas ao seu medo. - Eu sei que você me odeia, mas por favor, não me deixa sozinha com ele.
- Isso não vai acontecer, não se preocupa. - Suzzy respondeu.
- Eu não estava pedindo, Suzzy. - Felipe devolveu. - Eu estou mandando você sair e voltar amanhã.
- Você não manda em mim, queridinho. Eu não coloco um pé pra fora dessa casa, nem fudendo. Você não vai encostar nela à força enquanto eu estiver aqui, isso eu não vou admitir. Você disse que só precisava de tempo e um lugar reservado pra se acertar com ela e é só isso que você vai ter.
- Eu posso te obrigar, sabia? - Ele disse, acariciando a arma prateada com uma das mãos enquanto a segurava com a outra.
- O que? Com essa arma? Você acha que eu tenho medo de você? - Suzzy riu.
- Deveria. Eu só preciso de uma bala para me livrar de você.
- Você é tão burrinho, né, Felipe? - Ela ainda ria, mas a tensão no ar era palpável. - Você acredita mesmo que eu seria maluca de vir pra esse fim de mundo com um desconhecido sem um plano de segurança? Eu envio mensagens de texto constantemente pra uma pessoa de confiança e se eu parar de fazer isso ou atrasar uma mensagem, a polícia vai chegar aqui antes mesmo de você ter tempo de achar a chave do carro pra fugir, então, atira em mim se você quiser que todo o seu planinho de se reencontrar com o amor da sua vida vá por água abaixo.
- Você é uma desgraçada, eu devia matar você, sua filha da puta! - Sua voz era baixa, mas era possível sentir a raiva genuína que ele entonava. Felipe ergueu sua arma em direção a mulher, o que fez Amanda encolher-se ainda mais contra a parede.
- Então me mata, mas é melhor ter certeza de que não vai errar porque do contrário, eu acabo com a sua vida. - Suzzy não parecia ter medo, enquanto ele continuava a encará-la, sem responder. - Você tem duas opções: seguir a porra do plano direito e sair daqui com a sua namorada ou tentar me prejudicar e sair daqui direto pro presídio.
- Você é uma puta! - Ele resmungou ao abaixar a arma. - Amanda, vai pro quarto agora, eu te encontro lá em alguns minu...
- Você não me entendeu? - Suzzy interrompeu. - Você não vai encostar nela sem consentimento, querido. E eu vou passar a noite inteira do lado dela só pra garantir que você não se esqueça de que eu não estou brincando.
- Você vai se arrepender, Suzzy. Muito. Eu não vou deixar ninguém ficar entre mim e a Amanda.
- Vai dormir, Felipe. Se recompõe pra falar com ela igual gente amanhã.
Suzzy agarrou o braço de Amanda e a puxou, fazendo-a segui-la até o quarto. Assim que atravessaram a porta, a morena a fechou e trancou. Amanda observou-a soltar um suspiro longo assim que retirou a chave da maçaneta, como se estivesse aliviada por estar ali dentro.
Por um segundo, a médica teve a impressão de que talvez Suzzy estivesse tão assustada quanto ela, só que estava se empenhando em não demonstrar.
- Você pode dormir, se quiser. Provavelmente vai ter um dia longo amanhã. As roupas estão naquela mala ali no canto.
Amanda não respondeu, sua mente estava se esforçando muito ao tentar digerir toda aquela situação, e era difícil se concentrar em emitir uma reação no momento. Com dificuldade devido às pernas trêmulas, ela caminhou até o cantinho onde havia uma mala preta. Sentou-se no chão ao lado do objeto e o abriu, procurando por qualquer coisa que pudesse vestir. Encontrou uma camiseta larga e básica e uma calça de moletom confortável. Queria vestir algo que fosse prático, algo que pudesse deixá-la mais confortável e que não atrapalharia numa possível fuga.
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Momentos | Docshoe
FanfictionO que acontece quando o amor e a amizade andam lado a lado? É possível amar sem ser amigo? Ou ser amigo sem amor? O que acontece quando uma brincadeira vira algo sério? Quando um flerte vira desejo? Quando um abraço vira um beijo? O que aconte...