Ozymandias

942 93 19
                                    

- Ao vir de antiga terra, disse-me um viajante:
Duas pernas de pedra, enormes e sem corpo,
Acham-se no deserto. E jaz, pouco distante,
Afundando na areia, um rosto já quebrado,
De lábio desdenhoso, olhar frio e arrogante:
Mostra esse aspecto que o escultor bem conhecia
Quantas paixões lá sobrevivem, nos fragmentos,
À mão que as imitava e ao peito que as nutria
No pedestal estas palavras notareis:
"Meu nome é Ozymandias, e sou Rei dos Reis:
Desesperai, ó Grandes, vendo as minhas obras!"
Nada subsiste ali. Em torno à derrocada
Da ruína colossal, a areia ilimitada
Se estende ao longe, rasa, nua, abandonada.

Natasha leu o poema com o celular na mão, ela estava deitada na cama com as costas encostadas na cabeceira e Wanda deitada de bruços do outro lado, escutando com atenção.

- Acho que seu pai estava chapadinho quando leu isso para você. - Wanda zombou a fazendo rir depois de insistir para que Natasha lesse o poema para ela.

- Você não gostou?

- Eu odiei. É muito profundo e triste, Kate provavelmente gostaria. Ela tem essa vibe de Jasper do Crepúsculo.

Natasha assentiu e bloqueou seu celular, deixando-o na mesa de cabeceira ao lado da cama e voltando a observar Wanda, deitada exausta após todas aquelas horas seguidas de sexo. Suas pálpebras pareciam pesadas e ela estava sonolenta, lutando para ficar acordada.

- Qual é a sua relação com a Kate, vocês são um casal em um relacionamento aberto ou algo assim? - Natasha perguntou, fazendo Wanda rir.

- Claro que não, essa é a coisa mais ridícula que já ouvi. Kate é minha amiga, cuidamos uma da outra para sobreviver.

- Kate é órfã também?

- Não, mas ela não tem contato com a família por conta da sua orientação sexual. - Wanda explicou, o sono a estava deixando um pouco grogue e com a língua solta.

- Você está caindo de sono, porque não dorme? - Natasha perguntou ao apagar a luz do abajur.

- Porque você não dorme? Não tem que acordar em algumas horas? Eu vou ficar o dia todo aqui nesse quarto amanhã com a bunda para cima e o ar condicionado no 19.

- Quer que eu durma para tirar mais fotos? - Natasha perguntou séria e Wanda sorriu.

- Já aprendi a minha lição. Eu só queria criar memórias, gosto do que nós temos. Estou ficando apegada a sua chupada.

- Não vou deixá-la. - Natasha falou. - Não precisa se preocupar em me chantagear. Estou encantada, pela sua buceta cara e sua boca suja, você tem seu charme.

Isso fez as duas rirem juntas.

- Durma, Wanda. - Natasha se deixou escorregar na cama, se deitando ao seu lado. - Do que você tem medo?

- Sabia que dormindo é quando ficamos mais vulneráveis? - Wanda resmungou com a voz rouca e os olhos fechados.

- Não vou machucá-la. - Natasha sussurrou.

- Talvez eu machuque você. - Foi a última coisa, quase incompreensível que Wanda disse antes de pegar no sono.

Natasha levou mais algum tempo para dormir, ainda observando a garota apagada do seu lado. Wanda dormia tranquilamente e sua respiração estava calma. Bem diferente do caos que ela era quando estava acordada. Naquela noite, Natasha pegou no sono assistindo Wanda.

Quando acordou na manhã seguinte, Natasha se levantou primeiro e encontrou Wanda ainda dormindo profundamente, ela puxou o lençol que estava embolado sobre seus pés e a cobriu, a temperatura sempre caía naquela hora da manhã. Tomou um banho e se vestiu para o trabalho. Antes de ir, pegou um bloco de notas com o logo do hotel e deixou um bilhete na mesinha do lado da cama de Wanda com seu celular.
Era sexta-feira e seu último dia de trabalho naquela semana, no dia seguinte, Steve estaria de volta e sua vida retornaria a mesma rotina massacrante de antes.

Souvenir - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora