Querido Diário

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Jimin:

Existem coisas na vida que a gente pode simplesmente desistir de lutar sobre, eu estava pensando nisso, eu tinha certeza que eu ia desistir de tudo, iria parar de patinar, iria parar de pensar em Sunny, iria parar com tudo, até que ela reapareceu, ela reapareceu na exposição dela e parte minha procurava por ela.

Todas as minhas partes procuram por Sunny.

Mas quando eu a encontrei outra vez, nós não tivemos outra opção, eu digo nós porque eu sinto que nossos corpos se atraem e que Sunny é o meu ponto fraco tanto quanto eu sou o dela, em um dia eu consegui perceber que o meu corpo chama pelo dela o tanto quanto o dela chama pelo meu.

Mas agora ela está fugindo, fungindo dizendo que essa não é ela, fugindo dizendo que essa não é a vida dela, mas o que eu posso fazer? Se eu não consegui deixar ela, se eu não consigo parar de ama-la.

- Tá fugindo de mim - digo assim que eu piso no depósito da galeria, Sunny que estava sentada em uma banqueta em frente a uma tela, dá um pulo e se vira já fazendo cara feia, sorrio porque ela continua tendo o beicinho mais lindo do mundo - Dois dias Sunny, no primeiro eu até entendi, deixei que você ficasse aqui porque esse é o mundo que você conhece é o mundo que está acostumada nos últimos três anos, mas os dias estão passando e eu preciso que você veja quem você era antes do acidente.

Ela me olha por segundos que parecem intermináveis, antes de soltar um longo suspiro e se virar para a frente encarando a tela em branco.

- Eu não posso me distrair, a exposição na Coréia é importante para mim, esse é o meu trabalho, eu posso procurar por mim em outra ocasião, mas eu não posso ignorar quem eu sou agora - ela fala mas sua voz parece triste - Por mais que eu consiga fazer o que eu tenho que fazer.

- O que tem que fazer? - pergunto e me aproximo dela, puxando uma outra banqueta para o lado dela que se senta na beirada da sua, apenas para não ficar próxima de mim, ela respira fundo e eu assisto enquanto ela engole saliva, sorrindo por deixa-la nervosa, quando olho para a sua palheta percebo que as suas tintas são diferentes - Você começou a fazer pintura a óleo, finalmente conseguiu perder o medo, você costumava a dizer que era muito difícil, que não sabia como controlar a tinta e que ....

Paro de falar quando percebo que os seus olhos estão paralisados em mim como se ela tivesse hipnotizada, olho no fundo dos seus olhos sabendo que posso me perder neles por muito tempo.

Ela estica a mão e toca no meu rosto, mas eu não ouso me mexer, não quero que ela acorde do transe que sente quando olha para mim, não quero parar de sentir o seu toque quente sobre a minha pele que é tão gelada desde que ela se foi.

- Fique atrás da tela - ela pede e meus olhos ficam parados em seus lábios cheios e macios - Eu vou te pintar.

Lembranças de uma Sunny sensível expostas ao seu segredos na primeira vez que me pintou aparecem na minha mente.

- Por que? por que quer me pintar? - mas quando eu falo, ela parece perceber, parece entender o que está acontecendo, puxa sua mão rápido demais deixando a pele aquecida pela sua mão, esfria outra vez pela falta dela.

- Preciso de um quadro, uma garota destruiu o quadro das borboletas e agora o lugar estar vazio, mas eu acho, acho que eu estou quebrada - ela fala voltando a olhar para a tela vazia - Quebrada...

Ela sussurra para si mesma.

- Por que estaria quebrada?

- Porque eu não consigo fazer aquilo que eu nunca tive problema em fazer, eu aprendi como pintar em óleo eu sempre quis aprender isso, mas agora, eu não faço ideia do que fazer e tem um buraco na minha exposição - ela me olha e eu queria poder abraça-la, queria poder fazer essa sensação que eu sei que ela já sentiu sair dela.

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