1°|Capítulo 64 - Jimin

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Havia uma voz me chamando, me alcançando no mais profundo lugar de meus sonhos e pesadelos. Sei que Oizus sempre esteve comigo em meus pesadelos, e somente hoje no futuro, eu sei quem ela realmente é. Vozes que eu certamente reconheço me despertam de um pesadelo nada bom, um pesadelo no qual eu sequer me lembrava de ter tido na infância.

Acordo em meio ao devaneio, sentindo meu rosto cheio de lagrimas e minhas mãozinhas pequenininhas coçando meus olhos; meu nariz fungando e meu pequeno coração batendo acelerado. Eu estava sentado na cama, com minhas pernas ainda cobertas.

- Jimin - chamou a voz feminina, mantendo-a doce como algodão doce, me fazendo murmurar - outro pesadelo?

Mamãe me abraça, se aconchegando ao meu lado, esperando que eu parasse de me fungar para lhe contar o que havia acontecido.

- Uhum - digo ainda manhoso, abrindo meus olhinhos para mamãe, me permitindo vê-la melhor, e ver como estava linda com a luz da lua atravessando a janela de meu quarto e seus cabelos formando cachos nas pontas.

Na infância, eu tinha muitos pesadelos, a maioria eram tristes, com eles sempre me trazendo a lembrança do garoto de cabelos negros chorando com a marca das garras do lobo em seu braço. E em muitas vezes, eu me via desesperado, e chorando ainda mais, por Oizus ser cruel o bastante com uma criança, para dala a visão do garoto, destroçado pelo lobo. Sem choro, sem nada, apenas o corpo de uma criança da minha altura, completamente mutilado.

- O garoto... - digo manhoso.

- Outro pesadelo com ele querido?

Balanço a cabeça, assentindo.

- Eu tenho que protege-lo mamãe! Eu tenho que voltar a ver ele, eu preciso encontra-lo! - digo derramando mais lagrimas enquanto minha mãe dá um sorriso gentil - eu o amo!

- Admiro que goste de seu amigo querido, mas ele está bem, e algum dia, irá encontra-lo de novo - disse mamãe acariciado meus cabelos dourados.

Mas eu me lembro dessa cena na época, e foi exatamente o momento em que me assumi sem ter consciência disso.

E por algum motivo, esse momento com minha mãe, teve uma melodia que tocou no fundo de minha mente, uma música calma, com a voz graciosa ao som de um violão no fundo. Eu amava a forma como mamãe cuidava de mim, e sendo a única praticamente; papai nunca foi de querer construir uma relação comigo, e mesmo que nessa época eu possa ter chorando muito, hoje em dia, eu não dou a mínima. Os contos de fadas nem sempre são os mesmos para outras pessoas; para alguns, são tão sombrios que o glamour se torna a última coisa possível para nós.

Sou um Encantado, e por mais que eu ame mamãe e seu nome, o meu sobrenome... O sobrenome Encantado se tornou aquele que detesto. É claro que faço jus a ele, mas eu prefiro o Grimhilde; nasci para ter esse sobrenome específico.

- Amigo? - indago. Eu sabia exatamente o que era um amigo nessa época, mas não era assim que eu me referia quando eu disse que amo aquele garoto. E foi a partir desse momento em que minha mãe teve a confirmação de que eu era gay. Depois de uns anos ela me contou que sempre sabia, e foi bem engraçado quando ela me disse sobre isso.

- Quando você nasceu e vi o quanto era parecido comigo, encantador... belo... e nosso sorriso sendo igual; eu pensei "Hmmm, é gay".

Me lembro que depois dessa fala, Fay e eu disparamos a rir tanto, que o chá que bebíamos saiu de nossas narinas, deixando nossos narizes ardendo e nossas barrigas doendo.

- O gaydar de uma mãe nunca falha. Apenas se ela é sonsa o suficiente para negar que o filho não seja, pois as mães, sempre sabem.

Finalizou mamãe.

Faeria {Jikook/Hiatos}Onde histórias criam vida. Descubra agora