Faeria {Jikook/Hiatos}

1°|Capítulo 54 - Jungkook

- Você tem certeza do que está fazendo? - disse Seokjin se aproximando de nós, após envolver Jimin e Taehyung com sua névoa, os botando para dormir.

Estávamos quase todos nós na cozinha, com meu corpo recostado na mesa ao lado de Carrot; Namjoon de frente para mim com os braços cruzados, exibindo seu peitoral através da camisa comprida marrom e de gola role, e Hoseok um pouco distante de nós, olhando ambos no sofá, adormecidos.

Yoongi havia sido o único - além de Jimin e Taehyung que não sabiam - a se recusar fazer parte do plano de deter Odete. Ele oficialmente decidiu que fingiria sobre não saber da minha existência, logo após me chamar de "babaca".

- Sinceramente... Não, mas eu quero salva-lo. Estou disposto a fazer tudo para deixá-lo bem - digo suspirando e sentindo meu coração apertar - É a única opção que teremos.

Eu não sabia como daria certo, ou se daria certo, tudo o que nos restava era a esperança. O silencio tomou conta do cômodo quando eu disse a última frase, tudo o que sobrou no fundo, foi a tv ainda rodando o filme, o bater dos pés de Hoseok, querendo discordar de tudo, surtar, e se agarrar em sua paixão não correspondida que estava dormindo. Ele apenas se manteu em silencio, remoendo o que havia dentro de si, pronto para me esculachar, mas ele me entendia, pois estava disposto a fazer o mesmo por Taehyung se estivesse em meu lugar.

Eu quero te proteger Jimin, e eu não poderei fazer isso se a ilha estiver destruída, ou o mundo. Diferente de mim, você precisa que a Narradora fique viva. Se Odete conseguir destruir o salgueiro, ela conseguira matar Narradora, mas para isso, ela precisa da chave do encantamento que retirara a barreira que protege a arvore - A coroa do felizes para sempre, a única arma capaz de reduzir o salgueiro a cinzas.

Jimin assim como todos os outros nesse apartamento, fazem parte dos contos de fadas. Já eu, somente metade; eu sou parte desse mundo, eu sou as sombras, não morrerei se a ilha for destruída, mas eles sim. Sem a Serafim dos contos de fadas, eles morrerão, as histórias de seus pais voltarão a ser apenas isso, histórias, e seus filhos serão como se nunca tivessem existido; assim como todas as versões das princesas, até sobrar as originais, que foram esquecidas com o passar dos anos.

Mesmo sabendo que nossas almas são uma só, qual a garantia de que ele sobreviva comigo? Eu não podia arriscar, por isso, eu tinha que salva-lo.

Nós já estamos prontos para ir em busca da chave de Namjoon, e assim que amanhecer, partiremos em busca do momento aguardado. Amanhã pode ser o fim que todos temem, ou o fim dos desastres causados por minha irmã. Tudo estava em nossas mãos, e meu coração se apavorava em saber que enfrentaríamos alguém bem mais forte que nós.

Ao meu lado, escuto Carrot fungando, e derramando lagrimas, amostrando seus longos cabelos brancos grudados em sua bochecha enxarcada e seus olhos acinzentados brilhando.

- Sinto muito Kook... Eu não devia ter feito isso - disse a coelha, murmurando em meio as suas lagrimas que pingaram em meu braço quando a puxei para abraça-la, e reconforta-la.

- Tudo bem Carrot...

Já ouviu falar na história do violino de diamante? Se não ouviu, irei contar agora. O violino é uma das sete primeiras armas criadas nesse mundo, e presenteadas a um dos sete guardiões das memórias. Ele é uma das piores armas, armas que são chamadas de tesouros primordiais. Não há muito sobre o que eles são capazes de fazer, apenas sabemos que somente seus portadores têm sabedoria de seu poder. Mas nas histórias dizem que o violino de diamante começa a tocar, quando nossos sentimentos são verdadeiros, quando temos empatia um com o outro, quando somos bondosos. Ele toca quando nos colocamos um no lugar do outro, e compreendemos o que o outro está sentindo. O violino de diamante, exala bondade, e mesmo sabendo que ele é uma arma criada para destruição, sua melodia pode ser usada para acalmar aqueles que se sentem apavorados - apenas uma teoria que vi na internet - e nesse exato momento, escuto o violino estar tocando, quando abraço Carrot e ela retribui, me apertando com a mesma força que Jimin sempre me aperta.