Capítulo 15

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Achou que eu tava brincando? 🤨

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O acordo estava firmado e os dias foram passando. Sanzu e eu a partir daquele dia nos tornamos namorados por acordo, todas as exceções e pontos foram debatidos e por algum motivo ele estava mais animado que o comum.

Talvez aquela cabeça oca dele não tivesse a menor noção das consequências que essa mentira iria trazer para nós ou talvez ele achou nisso a brecha perfeita para tirar a pouca sanidade que eu tinha sobrando.

Aos poucos fomos falando sobre nossas vidas pessoais um para o outro, Sanzu me contou sobre sua rotina e eu acabei fazendo o mesmo, assim podíamos fazer coisas juntos em nossos horários vagos.

Naquele dia, por motivos de necessidade, precisei passar o dia na casa dele. Haruchiyo precisava fazer algumas publis e ao saberem do nosso "relacionamento" várias lojas enviaram kits para casais, a maioria era de comidas e acessórios que combinavam e obviamente eu precisei entrar nessa.

— Pronto, acabamos por agora. – ele disse jogando a caixa de bombons em cima da cama. — Quer algum ou eu posso dar pra Senju?

— Impressionante, você só me faz pergunta idiota. – respondi o encarando com desgosto. — Me dá isso aqui.

— Olha a boca cupcake. – reclamou me entregando a caixa. — Isso não é jeito de falar com seu namorado.

— Sanzu, se existisse você e o cara que mais odeio em uma sala e eu tivesse que escolher somente um. – falei encarando os bombons e pensando em qual comeria primeiro. — Eu escolheria a pessoa que mais odeio.

— Você mente descaradamente. – Ele disse dando risada e voltando para a outra ponta da cama.

— Não vai querer nenhum? – Questionei com a boca cheia e oferecendo um para ele.

— Eu não como esse tipo de coisa.

— Fresco.

— Ah eu sou fresco? –perguntou ficando de pé e colocando a mão na cintura. — Você fica aí toda não me toque, me xinga de forma totalmente grátis e vem me chamar de fresco?

— Sim. – confirmei dando risada. — Você é fresco. Você não gosta de chocolate ao leite, logo isso te torna fresco.

— Argh, é um saco discutir com você!

— Digo o mesmo axolote. – Falei e ele me encarou com uma expressão completamente indecifrável.

— Você me chamou de que? –Ele pergunta semicerrando o olhar.

— Axolote. – respondi e peguei um bombom de trufa branca com licor de cereja. — Sabe aqueles bichinhos rosados com cara de idiota? Então, eles parecem você.

— Olha, você tem a língua bem afiada para alguém que tinha a fama de garota tímida do campus. – Respondeu esboçando uma careta.

— Como sabe disso? – Pergunto confusa pois era quase impossível dele saber daquela história.

— As pessoas falam demais, sabia disso? – respondeu mudando de posição entre os pés. — Não é difícil saber de coisas assim.

— Sei…

Sanzu deu uma risadinha, provavelmente pensando em alguma coisa sórdida naquela cabeça oca dele, mas foi interrompido pelo toque do celular. Provavelmente alguém querendo tratar de alguma publi ou algum dos amigos tapados dele.

— Eu já volto, cupcake. – disse fazendo careta ao encarar a tela do aparelho. — Preciso atender isso.

— Vá e não volte mais. – Falei mostrando o dedo.

— A casa é minha! – Disse saindo do quarto e batendo a porta com força.

— Quebra caralho! – falei em alto e bom som. — Sabe fazer porta agora?

Muito provavelmente ele deveria estar me xingando ou elaborando algum de seus planos para me atormentar. Mas, eu esperava do fundo do meu coração que ele se ferrasse.

Aproveitei aquele momento de paz que era tê-lo distante de mim e fui caminhar pelo quarto. O espaço era amplo e bem elaborado para as necessidades de vlogs dele, as paredes em tons de cinza e branco, alguns pôsteres aleatórios decorando a parede, no teto uma bela luminária e a varanda que tinha vista para a área da piscina da residência, e um banheiro que deveria ser igual um banheiro público.

— Esse vagabundo tem tanta sorte. – falei me aproximando da mesa. — Se eu tivesse uns vinte rins e vendesse todos eles, ainda assim não seria capaz de juntar todo o dinheiro para comprar um PC igual a esse.

Fiquei passeando pelo espaço e vez ou outra parando de frente para o grande espelho que tinha ficando em uma parte da parede, a vista ficava inteiramente focada na cama. Um lugar um tanto peculiar para se colocar tal objeto.

Fiquei ali parada de olhos fechados, tentando mentalizar tudo o que eu iria fazer depois de sair dali. Primeiro iria comprar algumas cordas novas para meus instrumentos, depois comprar uma fatia de torta de morangos com um belo chocolate quente, entregar o livro da biblioteca e pegar outro interessante e…

— Tira as mãos de mim. –Falei ao sentir aquele toque em minha cintura.

Assim que abri os olhos, Haruchiyo estava parado de pé, atrás de mim e umas das mãos em minha cintura, enquanto mexia no celular com a mão livre. Um sorriso presunçoso estampava aquele rosto, os olhos azuis tão travessos e convidativos.

— Desculpa, te assustei? – Perguntou afastando a mão.

— Sim, você sabe que não gosto quando me tocam sem aviso. – Respondi secamente.

— Você nunca me falou o motivo disso. – ele disse pensativo mas sem se afastar. — Por quê?

— Eu não confio em você, não gosto de você e muito menos temos intimidade suficiente para isso.

— Somos namorados, quer mais intimidade que isso? – Questionou sonso.

— Sanzu, pela milésima vez. – falei me afastando dele. — Nós não namoramos.

— Não é isso que as pessoas pensam. – Falou dando risada.

— Eu te odeio.

— Décima vez que você diz isso hoje.

— Ah, que lindo, você está contando.  – Falei e dei um sorrisinho falso.

— Não vou discutir com você. – ele disse pegando minha mochila no canto do quarto. — Sou um homem maduro e que não tem tempo para discussões bobas.

— E lá vamos nós para os cinco minutos de maturidade de Haruchiyo Sanzu. – falei o encarando. — Não precisa ir me deixar em casa hoje, tenho alguns lugares para ir e não quero te atrapalhar.

— Relaxa cupcake, o acordo foi te buscar e te deixar em casa. Eu não me importo em te levar onde você quiser.

— Eu sempre quis um motorista particular! 

Sanzu desceu as escadas dando risada e falando sobre nossos possíveis próximos trabalhos, entre eles a ida a um resort que tinha fontes termais. Meu sonho era um dia visitar aquele bendito lugar, eu já havia ido em algumas fontes termais com minha família, mas nenhuma experiência seria comparada com ficar hospedado durante quatro dias naquele lugar.

Um a um fomos passando nos lugares que planejei, obviamente acabamos sendo abordados para foto com fãs em alguns pontos, principalmente quando descemos para comprar minha fatia de torta. Era incrível ver aquele lado carismático e nada irritante de Haruchiyo, se ele atormentasse os fãs igual fazia comigo…

— Bom, aqui estamos. – Ele disse estacionando a moto na frente da minha casa.

— Obrigada por isso. – Esbocei um sorriso em agradecimento.

— Não precisa agradecer. – falou arqueando as sobrancelhas. — Até a próxima, Cup.

— Até, Axolote.

Look at the Camera • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora