Capítulo 36

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Cada dia que passava eu agradecia mais e mais por ter aquelas pessoas ao meu redor, mas principalmente porque Wakasa havia parado de ligar pra mim.

Eu odiava ter que atendê-lo, odiava ouvir ele falando coisas sujas sobre mim e sentia nojo por cada palavra vinda dele. Ter que ouvir as ameaças que ele fazia com meus amigos e principalmente com Haru me deixavam constantemente enjoada e cabisbaixa.

Eu queria poder contar a todos quem ele realmente era, mas eu sabia dos riscos que todos corriam se eu abrisse minha boca. Imaushi deixou bem claro o que ele poderia fazer ao causar o acidente de Marcel, e olha que nós dois sequer chegamos a ter uma convivência tão estável quanto a que estou tendo com Haru, Wakasa era uma pessoa cruel e na maioria das vezes sem escrúpulos e não tinha medo de machucar as pessoas. Afinal, eu era a prova viva do quão imundo e perverso ele poderia ser.

Por outro lado eu me via relativamente bem, agora com a presença de Mai na equipe as coisas ficaram cada vez mais organizadas e fáceis para a banda. Mas o que mais me incomodava ali era a frequência com que eu a pegava me encarando, parecia até que ela estava memorizando cada passo e gesto meu e sempre que eu a via fazer isso meu coração ficava apertado.

Apesar de que Haru já tinha me alertado várias vezes que era eu que a encarava com um olhar estranho, mas eu sabia que aquilo era um reflexo meu e não uma atitude sem fundamentos.

— [Nome], você errou o tempo de novo. – Draken disse com um olhar sério. — Tem certeza de que tá tudo bem?

— Desculpa gente. – pedi cabisbaixa. — Só estou um pouco perdida nos meus pensamentos, nada demais.

— Tenta relaxar, gatinha. – Kei disse com aquele lindo sorriso no rosto.

— Vou tentar, gatinho. – respondi esboçando um sorriso. — Podemos tentar novamente?

— Claro. – Responderam em uníssono.

E mais uma vez iniciamos o ensaio, eu tentava focar em cada uma das músicas para que tudo saísse com perfeição. Haruchiyo se empolgava a cada música de Imagine Dragons que tocavámos e principalmente com as músicas de Coldplay,  era uma seleção de sons realmente estranha mas era algo que apenas cada um de nós sabia o real significado das coisas.

Cada música ali era escolhida a dedo e com um sentimento único ao tomar tal decisão. Pouco a pouco fomos fazendo tudo o que precisava ser feito e assim o ensaio chegou ao fim, como sempre sentamos juntos e fomos conversar e comer alguma coisa, ninguém ali era de ferro. Era quase uma lei o momento de descanso pós-ensaio para depois ir cada um para a sua casa.

— [Nome]? – Mai chamou com a voz receosa, me encarando com uma certa desconfiança.
— Sim?

— Desculpa a pergunta, mas é que eu sou muito curiosa e queria saber a quanto tempo você e o Haru estão juntos. – Questionou desviando o olhar.

— Bom, Haruchiyo e eu estamos juntos há um tempinho. – falei esboçando um sorriso. — E pode me perguntar tudo o que quiser.

— Oh sim, claro. – Mai disse e ficou um pouco em silêncio, como se processasse minhas últimas palavras. — E como se conheceram? Vocês parecem tão diferentes, mas se dão tão bem.

— Longa história. – respondi dando risada. — Mas em resumo, Vyctoria ganhou um convite com direito a acompanhante para uma das tantas festas que ele dá e me levou com ela, lá conversamos um pouco e depois eu descobri que ele é amigo de longa data dos meninos.

— Que coisa mais interessante!

— Eu que o diga, o mundo realmente é bem pequeno. – falei a encarando. — Às vezes pessoas que nem imaginamos se conhecem.

Look at the Camera • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora