quinze

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HEATHER

Meu coração ainda estava disparado desde que Mali nos encontrou no banheiro do segundo andar e eu estava tentando com toda célula do meu corpo não deixar que ela percebesse que havia algo, por que ela era boa nisso, em me ler e descobrir meus segredos. Mas mantive a compostura o quanto pude, até encontrar o Marquês Hemmings próximo à escada e sentir todos os meus nervos se contraindo ao mesmo tempo. Ainda mais quando, curiosamente, ele nos questionou exatamente sobre a existência de um toalete no andar de cima, pergunta a qual Mali respondeu com precisão que ficava na segunda porta à direita e que tinha acabado de me resgatar de lá.

— O que foi, Heather? — ela deu um aperto de leve no braço que entrelaçava o meu. — Está com medo que haja algum odor no toalete?

— É... — resmungo e imediatamente me lembro que ainda estou no meu personagem puritano. — Isso mesmo, você acabou de mandá-lo para a morte.

Mali ri da minha piada e diz que não há com o que eu me preocupar e que provavelmente ele ia se entreter com as bonitas obras de arte na parede antes de finalmente encontrar o seu destino.

Torci pra ela ter razão mas, antes de tudo, torci para que ele não encontrasse Calum. Deve ter dado tempo suficiente dele sair de lá sem ser visto. Eu não sei mas...

O tilintar de uma colher em uma taça fina quebra todo o meu fluxo de pensamentos. Os meus e o de todo mundo, aliás. Visconde Clifford está próximo a mesa dos canapés e, sorrindo como se tivesse descoberto uma mina de ouro, ele segura delicadamente a taça responsável por chamar a atenção de todos.

Começo a ficar entediada antes mesmo dele abrir a boca por que não existe novidade nenhuma em qualquer coisa que ele vá dizer. O Visconde Michael Clifford vai pedir a Senhorita Mary em casamento e eu seria capaz de gritar para todo mundo que beijei o Arquiduque se ele fizesse um discurso diferente tamanha era minha confiança neste fato.

— Gostaria da atenção de todos, por favor — o Visconde começou. — Em nossa sociedade é sempre um evento a temporada de primavera, na qual as damas são apresentadas e uma infinidade de uniões se firmam, muitas delas talvez por acordos financeiros, não podemos deixar passar. No entanto, muitas delas mediante o amor das duas partes e, hoje especificamente, eu gostaria de propor um brinde a isso, ao amor!

A maior parte das pessoas no salão que estava com uma taça na mão, ergue-a acompanhando o Visconde em seu brinde.

— Mas, além disso, eu gostaria de enfatizar que durante todas as temporadas de primavera que frequentei, nenhuma dama me encantou mais que a Senhorita Mary, neta dos Marqueses de Sunsex — ele levanta a taça mais uma vez em direção aos avós de Mary e, finalmente, caminha em direção à ela, que parece que vai desmaiar a qualquer momento. — Um brinde a você, milady, dama de valor moral inestimável e dona de uma beleza que faria qualquer um neste salão se render aos seus pés.

O Visconde então entrega a pequena taça à ela e se abaixa em um joelho com uma pequena caixa de veludo nas mãos.

Exatamente como eu já previa, quase tenho vontade de bocejar.

Passeio com os olhos pelo salão, todos estão focados no novo casal e parecem estar pensando em diversas coisas. Se seus filhos vão ser bonitos, em que presente de casamento vão dar, quais serão as flores, se sequer vão ser convidados. O de sempre.

Calum está parado próximo à escada e quase dou uma risada para a expressão igualmente entediada que ele faz. Neste ponto, nós concordamos sem ressalva alguma. Como se fosse um imã, o olhar dele desvia na minha direção e ele revira os olhos como se estivéssemos tendo uma conversa telepática a respeito da situação.

baile de primavera | cthOnde histórias criam vida. Descubra agora