CALUM
Gaston tinha acabado de me trazer um chá com leite. Eu decidi trabalhar de casa hoje e havia bastante contabilidade para checar e ver se não estava tendo nenhum problema com a papelada e com a safra de algumas de nossas fazendas.
Ser chefe de família se resume a isso, otimizar o dinheiro o máximo possível, checar números e cuidar que não falte nada à minha irmã e aos meus criados.
Não era tão difícil assim.
Nem percebo quanto tempo se passou desde que terminei o chá e comecei a analisar. Quando minha mente já está ficando cansada, começo a pensar em Michael e no seu presente para a Senhorita Mary.
O que de tão impossível uma mulher pode querer? Vestidos? Uma nova casa? Mais criados? Sapatos? Flores? Cartas?
Dou uma risada quando penso na minha irmã, o mais impossível que Mali queria quando se casou era um filho. Um pequeno herdeiro para ocupar seus dias enquanto Henry estivesse na guerra. Mas ela foi privada disso logo no início, a convocação dele não podia esperar e ele era corajoso o suficiente para não ser um desertor da sua função.
Uma batida na porta.
Começa a se passar pela minha cabeça o que será que Heather gostaria de ganhar...
— Arquiduque, chegaram correspondências — a voz de Gaston invade novamente o ambiente.
— Deixe em cima do aparador do meu quarto, depois eu dou uma olhada.
— Milorde, há algo que chamou minha atenção e creio que não deva esperar, é uma carta endereçada especificamente ao senhor e tem o logo do exército britânico.
Sinto meu peito gelar. Me levanto rapidamente e ele me entrega as cartas, me deixando sozinho em seguida. A carta específica com o logo da coroa e a insígnia das forças armadas tem um papel de boa qualidade embora um pouco manchado, do que identifico como sendo possivelmente pólvora, e a caligrafia torta do meu nome é muito parecida com a do meu cunhado, o Duque Henry Knight.
Por um momento, sinto certo alívio, isso pode querer dizer que Henry ainda está vivo.
Mas, por outro lado, me assusta que ele não tenha mandado uma carta para minha irmã antes com notícias sobre o seu paradeiro. Algo nessa novidade não me surpreendia, pelo contrário, me deixava ainda mais preocupado.
Fico sem reação por um momento e quando penso em abrir a carta e finalmente descobrir o que está acontecendo, escuto uma movimentação no andar de baixo.
Heather e Mali devem ter chego da casa da Madame Irwin.
Coloco a carta na primeira gaveta da escrivaninha e me encaro no grande espelho que fica na outra ponta do escritório. Afrouxo a gravata e deixo dois botões da camisa desabotoados, revelando um pouco do meu tórax bronzeado do que normalmente deveria.
Em partes era por que o dia estava bem quente e, em outras, por que eu queria provocar Heather, mesmo que indiretamente.
Nem preciso ir até elas. Num sopetão a porta se abre e Heather pula pra dentro do escritório sem nem ter dado tempo de eu me preparar para o que vinha em seguida.
Os braços finos dela vieram direto para o meu pescoço e ela me envolveu em um abraço animado. Involuntariamente, participo do abraço e puxo a sua cintura pra mais perto de mim, fecho os olhos enquanto dou um cheiro profundo nos seus cabelos.
A mistura de limoncello característica dela estava ali por toda parte, como se ela tivesse sido feita de natureza.
— Calum, nós conseguimos! — ela fala alto em um estado de animação — Sabemos o que a Senhorita Mary quer ganhar de presente.
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baile de primavera | cth
FanfictionHeather Campbell é uma jovem de personalidade forte que não faz questão nenhuma de preencher as lacunas que a sociedade impõe à ela. Calum Hood é um libertino do pior tipo, aquele que se orgulha da sua solteirice mas por trás de todo o discurso anti...