dezessete

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CALUM

Quando ela entrou no corredor que ligava nossos aposentos, eu achava que sabia exatamente que direção ela ia tomar. Mas me enganei profundamente quando o barulho ia se afastando gradativamente enquanto ela caminhava na direção do próprio quarto.

Ah, Heather. Por que você precisa tornar tudo mais difícil?

Vou desabotoando os botões da minha camisa um por um, sinto meu corpo pegando fogo. Depois que a experimentei, eu me sentia como um viciado em ópio, precisando de mais um pouco dela. Um beijo na escuridão da noite, um na claridade do dia e quase no meio de todo mundo.

Acho que precisamos progredir um pouco.

Apago o castiçal que deixei propositalmente próximo à porta e a fecho depois de sair, assim tenho certeza que ninguém vai me incomodar. Alguns passos e já estou em frente aos aposentos dela. Pela fresta de baixo é possível ver a luz de um castiçal acesa, o que me diz que ela ainda está acordada.

Entro sem bater e a visão não poderia ser melhor.

Heather está deitada no divã, usando uma camisola de tecido gasto e uma cigarrilha entre os lábios macios, queimando devagar. Era a própria visão do paraíso, pra ficar melhor só se ela não estivesse usando absolutamente nada. Seria a própria musa de Michelangelo.

— Já não basta Heather Campbell chorar em pedidos de casamento, agora também fuma escondido? — digo com um tom baixo para não assustá-la, mas não funciona, ela quase pula do divã quando escuta minha voz.

— Pelo amor dos céus, Calum, que diabos você está fazendo aqui? — ela diz e inclina o corpo na direção do cinzeiro, mas me aproximo e intercepto seu braço antes que ela consiga apagar a cigarrilha.

Nosso olhar se cruza por um momento e, involuntariamente, passo a língua pelos lábios. Ação que imediatamente faz ela desviar os olhos dos meus para a minha boca. Trago a mão dela próxima de mim e capturo a cigarrilha com os lábios, enquanto deixo meu corpo se acomodar ao lado dela no divã. Dou um trago longo, soltando a fumaça para o lado oposto.

O olhar que ela me dá seria capaz de esquentar uma vila inteira no inverno de tão quente e perigoso.

Sinto minha calça se apertar só com esse gesto idiota, é como se eu fosse um moleque com os hormônios pulsando por todo meu corpo e não um chefe de família bem crescido. O proibido de toda essa situação mexe com os meus instintos. Preciso tanto dela que, depois daquela proposta, eu me sentia tentado pelo diabo toda vez que sentia o perfume cítrico e reparava nos seus vestidos apertados no busto.

O Conde Irwin tinha razão quando me disse anos atrás que quando queremos uma mulher que não deveríamos querer e, muito menos ter, os desejos se tornavam animalescos.

Pena que ele não me dá mais conselhos assim, depois do matrimônio esse é o único assunto que ele sabe falar.

— O que está fazendo aqui? — Heather me questiona, me tirando do meu devaneio, enquanto dá mais um trago e levando a mão até a minha boca novamente.

— Deixei a porta aberta, mas você não apareceu — beijo uma parte da sua mão, antes de por a cigarrilha na boca.

Ela ri.

— Eu decidi que hoje era dia de ter um pouco de juízo, mas já que você está aqui...

Com uma das mãos tiro a cigarrilha dos dedos dela e a apago no cinzeiro. Eu podia sentir a tensão nela pela forma com que seus mamilos marcavam a camisola.

Isso é algo tão íntimo e, pela milésima vez, minha mente emite um alerta para toda essa situação. Por que a quero afinal?

É egoísta da minha parte arruinar uma jovem dama dessa forma pelo simples fato que ela parece se derreter quando eu a toco. Ela poderia ter um futuro com alguém, com o Marquês Hemmings, eu...

baile de primavera | cthOnde histórias criam vida. Descubra agora