Agora Sim?

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Era dia primeiro de janeiro, um dia ótimo pra se ter ressaca ou esperança em um novo ano.

Taiju estava encaixotando suas coisas, ele ainda não sabia pra onde ia, mas não queria mais estar no caminho dos irmãos... Tudo que ele encostava tinha a capacidade de deixar de existir, então ele achou melhor não tocar mais em coisas queridas.

Yuzuha e Hakkai estavam divididos, com o coração apertado, era um alívio Taiju estar saindo de casa, ao mesmo tempo era horrível pensar que poderiam nunca mais vê-lo... Já que foi exatamente isso que ele disse naquela manhã.

— Quando voltarem eu não vou mais estar aqui, não se preocupem — ele ainda era grosseiro, e Hakkai temia enfrentá-lo mesmo que não tremesse mais antes de fazê-lo.

Isso era tão estranho, a menos de uma semana eles haviam tentado matar Taiju.
Como a própria Yuzuha disse no natal, eles se odiavam tanto que tentaram se matar, mas ainda se amavam.

Os irmãos mais novos tinham saído de casa para não ver o irmão indo embora, mas Hakkai flagrou sua irmã chorando pouco depois de deixarem sua casa.
Taiju colocava as últimas coisas em uma caixa. Ele abandonaria itens que foram muito queridos por ele ali, seu aquário era o principal.
Depois do que houve com Yachi, Taiju perdeu seu ânimo por dias e assim não conseguiu nem alimentar ou limpar o aquário, ele viu seus queridos peixes padecendo e o vidro se esverdeando sem que ele tivesse a capacidade de se erguer para impedir que isso acontecesse. Limpar aquilo depois foi ainda mais sofrível.

Agora o aquário estava assim como ele, limpo, vazio e inútil, uma caixa de vidro para memórias bobas.

Ele terminou de colocar tudo no carro, ele tinha comprado com as economias que a Black Dragons rendia pra ele, olhou pra trás e percebeu como não sentiria falta daquele lugar.
Não sentiria falta do local que foi o palco de suas maiores atrocidades, suas maiores humilhações.
Mas sentiria falta, uma falta imensa das pessoas que ele gostava, sentiria falta dos irmãos, das memórias com a sua mãe e das memórias de seus primeiros momentos com a Yachi... Disso ele sentiria falta pro resto da vida.

Quando entrou em seu esportivo vermelho, Taiju mandou uma única mensagem para seu irmão mais novo.

"Podem voltar pra casa quando quiserem. Deixei minha chave na caixa de correio"

Deixa o celular de lado e toma seu rumo, que ele mesmo descobriria daqui pra frente.

Hakkai viu a mensagem e congelou, ficou encarando a tela luminosa tanto que sua irmã puxou o pulso dele, olhando o que havia escrito. Ao olhar para o rosto de seu azulado irmão, ela percebe tímidas lágrimas escorrendo em suas bochechas... Ela sentiu esse baque assim que saíram se casa, e sentiria de novo quando chegassem.
Era como se um inferno estivesse acabado apenas para começar outro.

Eles chegaram, a primeira refeição sem a perspectiva da chegada de Taiju fez o número de pratos e porções preparadas diminuir, o que gerou certos desequilíbrios no tempero da comida feita por Yuzuha que não estava acostumada a cozinhar somente para os dois, Taiju comia ao menos um cavalo por dia. E era a comida dela uma das poucas coisas que ele já abriu a boca para elogiá-la antes de conhecer a Yachi, já que depois de começar a namorar, Taiju realmente tinha passado a ser mais atencioso, reparando até quando Yuzuha testava novos penteados para ir a escola.

— Nossa, tocando ao mesmo tempo — a garota da uma risadinha sem graça quando, ao mesmo tempo seus celulares começam a tocar em cima da mesa de jantar.

Era o mesmo número, completamente desconhecido. Assim que atendem escutam uma voz conhecida.

— Quem é? — a voz áspera de Taiju estava do outro lado da linha, mas não era ele a fazer a ligação.

— Taiju? — Hakkai murmura.

— Hakkai? — nem o irmão mais velho entendeu bem o que tinha acontecido.

Os três ouviram um suspiro profundo na linha e ficaram em silêncio.

— SEUS FILHOS DE PUTA! — o berro fez os três darem um pulinho para longe de seus celulares — EU FICO FORA POR SEiS MeSes e VOCÊS TEntam se matar!

A voz era meio rouca e falhada, mas reconhecível o suficiente para quase fazer Taiju bater seu carro.

— Misu! — Os irmãos sorriem ao mesmo tempo sem nem ao menos se olharem.

— SEM ESSA, NÃO VÃO ME COMPRAR COM ESSE JEITINHO FOFO — mas eles honestamente já tinham amolecido o coração dela — Venham até o hospital agora, eu acho bom vocês não esperarem eu me recuperar ou vou reunir os três pela orelha!

Ela desliga a chamada e a linha cai, Hakkai e Yuzuha se levantam imediatamente, derrubando as cadeiras que eles nem se importam de levantar. Foram buscar seus casacos e sapatos para irem correndo até o hospital.

Taiju apenas pegou um caminho diferente e arrancou na direção do hospital, ele estava com o coração na garganta, incrédulo que cinco dias após o pior dia de sua vida algo bom de verdade aconteceu.

Eles chegam com questão de cinco minutos de diferença, sendo Taiju quem chegou depois devido o trânsito, ele não sabia quanto o trânsito para carros podia ser complexo.

Quando ele entrou, seus irmãos esperavam na recepção. Ambos viram como o irmão mais velho estava trêmulo e quebradiço como uma folha seca no outono, então se posicionaram um de cada lado, segurando a manga do casaco dele, o que, por algum motivo, fazia ele se acalmar.
Taiju se focava na pequena pressão exercida pelos seus irmãos nas suas mangas, sentindo como se pudesse respirar mesmo naquele ar hermético de hospital cheirando a éter.

Eles entraram no quarto quando autorizados, vendo uma Misuki bem mais magra, os cabelos crescidos e olhos fundos, nem parecia ser a dona da voz estressada ao telefone.

— Vocês! — Ela quase pula da cama para ir até os três, mas é segurada por uma enfermeira — droga, venham aqui, eu preciso abraçar vocês!

Ela abre os braços e, de alguma forma, os três se encaixam ali, mas foram majoritáriamente envolvidos pelos longos e densos braços de Taiju.

— Você teve a audácia de crescer em seis meses, Hakkai? — ela dá um tapinha na cabeça do irmão do meio, sorrindo.

— Seu cabelo tá tão lindo Yuzuha... Você é linda — Ela dá um beijinho na testa da menor.

Taiju fica um pouco pra trás, ele sentia que não merecia que ela reparasse em nada nele, ele não tinha mudado... Sua aparência era exatamente a que ela deixou.

Ela parecia definitivamente estar dando bastante atenção aos irmãos de Taiju, na verdade, apenas estava esperando para ver se seu namorado tomaria alguma atitude.

— Eu já escovei os dentes três vezes, sabia? — ela fala olhando exclusivamente para Taiju, queria que ele entendesse o recado.

Ele entendeu e deu um sorrisinho.

— Virem de costas — ele manda os irmãos.

— Não — eles dizem pondo as mãos na cintura.

— Porra, vira logo, caralho, eu ainda sou seu irmão mais velho — ele briga, mas não é como se estivesse impondo sua autoridade do jeito violento de sempre.

— Se fuder, só porque namora e a gente não — Yuzuha murmura, ela é Hakkai mostrando os dedos do meio para Taiju antes de virarem de costas.

Taiju não perdeu tempo, segurou o rosto de Misu entre suas mãos, fazendo um leve carinho em suas bochechas antes de beijá-la, um beijo repleto de saudade, mas dava para notar como ela estava tão sensível, ela não se movia muito bem mas ainda deu um sorriso lindo quando seus lábios se afastaram

— Eu te amo — o Sussurro dele saiu como uma presse, baixa e fervorosa. Depositando um leve beijo na testa da mulher.

Você é problema meu - Taiju Shiba Onde histórias criam vida. Descubra agora