Manhã

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Acordei bem cedo ainda com o rosto encostado nas costas do Taiju, meus braços ao redor dele, o que estava por baixo estava simplesmente dormente mesmo assim os dedos dele faziam singelos carinhos enquanto o grandão respirava.

Dei a liberdade pra minha pobre mãozinha que estava debaixo daqueles cem quilos de músculo, indo dar uma olhada pra ver se o garoto acordou, mas acho que nunca esteve tão adormecido na vida, os lábios entreabertos e a respiração calma quase sem som... Esse maluco tinha tudo pra roncar que nem um motor de chevete e ainda assim tinha um sono super calmo.

Lembrando da brincadeira de noite passada, aproximei meus lábios do ouvido dele

— Taiju, Taiju, Taiju — Sussurro o nome dele três vezes seguidas com um sorrisinho travesso nos lábios.

O garoto de cabelo azul e branco solta um grunhido demorado como um urso acordando da hibernação com um sorrisinho de primavera... Como isso pode ser tão fofo?

— Finalmente essa palhaçada acabou, nunca mais falo nada junto com você não — ele resmungou se virando pra mim ainda com os olhos meio fechados de sono, me agarrando como um travesseiro, encostando seu rosto na minha clavícula

— Bom dia pra você também — estava fazendo carinho nos cabelos dele enquanto falava.

Foi assim que a gente enrolou mais meia hora na cama.

— Eu pensei que ele tinha te matado lá em cima — É a primeira coisa que a Yuzuha diz quando me vê descendo as escadas. — Hakkai disse que estava com medo que ele comesse a sua cara...

— Hakkai! — olho pro garoto de cabelos azuis, arregalando os olhos.

No mesmo instante o garoto fica muito vermelho, mas acho que o Taiju nem ouviu direito.

A atmosfera dessa casa era muito ruim, mesmo sem o pai deles presente agora, o Taiju fazia o clima ficar bem ruim, já que ele sempre se expressava de um jeito grosseiro com todo mundo e eles simplesmente ficavam a pelo menos dois metros de distância por questão de segurança.

Enquanto eu divagava silenciosamente com uma caneca de café nas mãos, minha visão estava desfocada e eu pensava em umas coisas não muito importantes, quando reparei três borrões se juntando na minha frente

Pisquei algumas vezes para o foco da visão voltar, quando fiz isso quase dei um pulo, vendo os três irmãos na minha frente com a cabeça inclinada e uma cara de pura interrogação!

— Que?! — o gritinho de susto escapou dos meus lábios e eu acabei de desequilibrando da cadeira alta da cozinha... Me proporcionando uma linda queda com as pernas pro ar.

A torrente de risadas foi inevitável, eu ouvia os três rindo da minha desgraça, sorte que eu derrubei o café só no chão e não em mim. Ainda tava muito quente.

— Muito bom ser a fonte de entretenimento familiar e tal, mas dá pra me dar uma ajudinha!? — digo esticando minhas mãos pro teto, eu não conseguiria levantar sem fazer uma cena três vezes mais patética do que essa.

Quando as risadas se estabilizam, sinto uma mão enorme segurando a minha mão direita e uma pequena e mais delicada segurando minha mão esquerda. Taiju e Yuzuha me ajudaram a levantar, como minhas pernas ainda seguravam aquela banqueta alta da cozinha, eu meio que voltei sentada.

Enquanto eles faziam isso o Hakkai tinha ido buscar papel toalha pra limpar o chão.

— Você tomou um susto tão grande assim olhando pra nossa cara? — Yuzu perguntou batendo uma mão na outra.

— Vocês estavam me encarando enquanto eu viajava, tomei um susto fudido — Digo fazendo uma careta ao encostar na minha nuca, ela tinha ficado dolorida.

— Se machucou? Você caiu feio — Hakkai diz levantando meu cabelo pra dar uma olhada.

— Eu só bati, tá de boa — dou uma risadinha

Dei uma rápida olhada para Taiju, ele virou de costas rapidamente, mas ele parecia estar olhando um momento antes.

Tomamos café e eu subi pra trocar de roupa, enquanto isso Hakkai e Yuzuha tiveram que correr pra escola. Eu me apressei por não querer atrasar o Taiju, é engraçado que um cara desse tamanho ainda tá na escola.

Desci as escadas pensando que ele estaria me esperando com uma cara de bravo, mas ele estava mesmo era com cara de sono enquanto estava jogado no sofá usando o uniforme de uma escola particular que eu não reconhecia.

— pronto pronto —Digo isso já saindo da casa, detestando sentir que estava incomodando.

Ele me olha com as sobrancelhas arqueadas, como se não estivesse entendendo minhas atitudes.

— Eu vou te levar em casa — ele diz girando a chave na mão.

— Não vai não — Digo de cara feia enquanto ele tranca a porta de casa.

— não foi uma pergunta, vem logo — ele passa na minha frente e vai até a garagem.

De lá ele tira uma moto preta com detalhes brancos.

— não tem capacete? — perguntei quando ele me pede pra subir.

— Capacete... É cada uma né — ele ri, como se fosse um ABSURDO eu querer um capacete pra andar de moto em Tokyo! — tenho nem carteira. Sobe logo.

— NEM PENSAR — nego com a cabeça, eu não consigo conceber essa ideia agora não — você é menor de idade... Levanta, eu piloto.

— Eu vou ter que pilotar de qualquer jeito — pra ele ainda parecia um absurdo eu querer respeitar as leis de trânsito.

— Não comigo junto... Você é muito novo pra se matar comigo na garupa — fiz sinal pra ele levantar.

— São só três anos, sua mocreia — ele estava ficando meio bravo

— Piorou, levanta logo

— A moto é minha

— olha o tamanho do Foda-se.

No fim, lá estava eu pilotando a moto do Taiju, mesmo sem capacete...

Olha, eu vou admitir um negócio, eu não estava com medo de andar numa moto pilotada por ele ou algo do tipo, acho que eu queria bem mais era só pilotar uma moto mesmo depois de tanto tempo. Mas a cara de insatisfação dele enquanto era obrigado a segurar na minha cintura era um Plus.

Desci bem na frente do meu prédio, sorrindo bem animada. O ar fresco da manhã e um pouco de adrenalina causada pela minha leve discussão e o medo de meter a cara no asfalto me deixou revigorada.

— Obrigada pela carona — disse sorrindo cinicamente enquanto ajeitava meu casaco.

— Eu mereço um agradecimento melhor depois de ter que ceder a minha moto né? — ele diz com os braços cruzados e a mesma marra de sempre.

— Você tá me pedindo um beijinho, moleque? — falo rindo, a cara dele se avermelhou na hora.

Taiju com aquele jeitão todo se vê obrigado a virar o rosto pra eu não poder contemplar a sua carinha com vergonha? Eu comecei a rir.

— Eu odeio quando você me chama de moleque — ele resmunga entre os dentes.

— Eu já gosto bastante — Seguro o queixo dele e roubo um beijinho de sua boca. Tenho a ligeira impressão que eu vi a moto bambear um pouco





Você é problema meu - Taiju Shiba Onde histórias criam vida. Descubra agora