Jantar Shiba

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Estava embalada em um casaco branco de pelinhos enquanto caminhava pelas calçadas bem iluminadas desse bairro caro que a família Shiba mora, eu respirei fundo assim que cheguei no portão, tinha um Ford Mustang azul parado na porta.
Aquilo gritava uma crise de meia idade sem precedentes, eu podia sentir o cheiro de uma farra com prostitutas e Black label.

Toquei a campanhinha enquanto repensava todas as minhas escolhas de vida, eu torcia pra que fosse a Yuzuha ou o Hakkai que abrissem a porta, assim podiam me explicar a situação, para a minha infelicidade, eu logo vi a forma imensa do Taiju saindo de dentro da casa, vindo na minha direção.

— Eu não acreditei quando ela disse que você viria mesmo — ele disse como se fosse ruim eu estar lá, o homem abre o portão e eu me aproximo.

Acho que era a primeira vez que eu via ele de camisa, eu não tenho felicidade nenhuma nisso, mas era uma camisa social azul escura quase preta e a calça era social também... Comecei a me sentir pouco arrumada.

Enquanto estava entrando, ele me travou com o braço.

— O que significa Too much? — ele perguntou isso sério demais para que eu aguentasse.

— Yuzuha te disse isso? — perguntei dando risadinhas, na hora ele virou o rosto já parecendo meio bravo com a minha reação — Significa que algo é demais... É muito pra determinada situação

Apoio minhas mãos no peito dele, como esse cara pode ser mais novo? Isso deve ser um castigo!!!

— Se é sobre a sua roupa, tá ótima — falei com uma confiança absoluta no olhar, eu vivi pra ver Taiju Shiba nervoso pra jantar com o próprio pai.

Recebi um sorrisinho, diferente dos psicóticos, ele parecia só estar me agradecendo silenciosamente.
O irmão mais velho dos Shiba me guiou para dentro e disse onde eu podia deixar o casaco, finalmente mostrei o que estava vestindo. Era bem simples, uma calça flare de um tecido quentinho na cor preta e uma blusa off White de gola alta e mangas longas, tinha um colar ponto de luz douradinho em forma de estrela por cima da gola só pra dar um charminho.

— Você chegou — Yuzuha diz baixinho ao me ver, ela parecia estar sendo pressionanda pela atmosfera da casa, na verdade, até eu podia sentir isso.

Eu conhecia as pessoas aqui, um pouco menos o Taiju, mas sabia que eram adolescentes bem rebeldes e cheios de opiniões... Só que aqui... Eles pareciam o tempo todo estar esperando algo pular das sombras

Como pessoas ricas, foi realmente uma pessoa paga que cozinhou para eles nessa noite tão "especial" que patriarca da família estava de volta.

Sentamos os três na sala, nos esprememos Hakkai, Yuzuha e eu em um sofá só enquanto Taiju se sentava sozinho no sofá da frente. O clima era meio frio e ninguém falava muito, o clima da casa era esse.
Se ninguém me dissesse que pessoas moram aqui, eu teria certeza de que é uma daquelas casas para catálogo de roupa, mesa e banho... Um estúdio feito para parecer uma casa mas sem a parte das pessoas, não pareciam ter existido bons momentos naquela casa, ela era vazia mesmo cheia de móveis caros.

— Ei — eu quebrei o silêncio, parecia que alguém tinha jogado um prato no chão pela reação dos irmãos no cômodo comigo — o que a gente vai comer hoje?

— É alguma coisa com purê e ervilha, certeza — Hakkai diz dando uma risadinha enquanto Yuzuha e Taiju fazem semblantes de desgosto muito parecidos.

— Eu detesto purê — Yuzuha murmura, ela estava com um vestido preto e um bolerinho rosa que parecia se ballet

— Detesto ervilha — Taiju murmura com o rosto apoiado na mão enquanto o cotovelo estava apoiado na perna, as caras feias os faziam parecer crianças mimadas.

O clima ficou menos gélido depois desse papinho sobre o que iamos comer, esforço que foi completamente invalidado quando o primeiro passo foi ouvido lá do topo da escada.

Um homem que parecia um bicheiro desce as escadas, calça de alfaiataria branca para combinar com o terno de mesma cor, enquanto vestia uma camisa de estampas vermelhas incompreensíveis vermelhas por dentro. Era um homem grande e forte com cara de que não valia nada... Uma versão futura do Taiju se ele não tomar nenhuma atitude na vida, já que o olhar de psicótico dominador era o mesmo.

Eu me levantei assim que ele desceu o último degrau da escada, indo em sua direção.

— Prazer senhor Shiba sou Mizuki Yachimari — estendo minha mão para ele, isso parecia ser uma afronta já que ele encarou minha mão umas três vezes antes de apertar — Sou amiga dos seus filhos.

Ele tentou apertar minha mão muito forte, tática comum entre essa galera que trabalha em mercado empresarial, mas o meu pai tinha me ensinado um truque na época do ensino fundamental que funcionava pra fazer parecer que seu aperto era mais forte do que o outro, pude sentir que o Senhor Shiba já havia começado a me detestar.

O jantar foi um inferno, parecia que eu estava jantando com um predador, Yuzuha que era bem da falastrona parecia se enrolar até para pedir um pouco de sal, o Hakkai que era bem divertido e até doce só se dirigia as pessoas com palavras chave e totalmente secas, mas o mais impressionante para mim era o Taiju, um homem daquele tamanho parecia ter sido encolhido como um rato.

Isso tinha motivo.

Qualquer um que falasse muito, era silenciado de maneira grosseira, se o Hakkai era muito educado, o pai dizia que ele não agia que nem homem... Já o Taiju... Bem, ele simplesmente passou mais de duas horas ouvindo sobre como ele era imprestável como herdeiro, como ele não soube ser um irmão decente para seus irmãos mais novos e todo tipo de coisa que ele pudesse usar para humilhar ele da maneira mais sutil possível.

Eu podia ver que o garfo que Taiju usava para comer estava levemente entortando por causa da raiva com que ele o apertava.
Para ter uma noção, durante essa noite esse velho não se cresceu para cima de mim por eu sempre cortá-lo a qualquer sinal de grosseiria, mas eu não conseguia simplesmente impedir que ele agisse assim com os filhos, tinha medo de piorar tudo assim que fosse embora.

Até que chegou a temida hora, ele se ligou que eu estava ali como uma estranha no ninho.

— Mas o que a Senhorita está fazendo aqui justamente nesse jantar em família? — ele perguntou limpando sua boca grosseiramente com a toalha da mesa.

E agora? Eu não posso simplesmente dizer "eu estou aqui porquê seus filhos tem medo de você, como eles queriam ter uma noite civilizada me chamaram pra ver se eu podia te segurar, seu animal"

Aproveitei o curto tempo de mastigação que eu possuía para tentar formar alguma coisa na minha cabeça, mas a Yuzuha foi mais rápida.

— Ela é namorada do Taiju, papai! — ela falou batendo as mãos na mesa, ficando de pé enquanto isso.

Acho que eu tô morta.

Você é problema meu - Taiju Shiba Onde histórias criam vida. Descubra agora