Procura-se um padrinho

Capítulo - 9

"Seus olhos sussurraram: Já nos conhecemos?
Do outro lado da sala, a sua silhueta
Começa a caminhar em minha direção
Começa a divertida conversa
Contraponho todas as suas observações rápidas como
Se passasse bilhetes em segredo"

Enchanted - Taylor Swift

BÁRBARA ALENCAR

O nervosismo me consumia, cada segundo que se passava verificava a entrada ou os minutos pelo celular. A consequência da mentira já se fazia presente, mãos suadas, coração acelerado, frio na barriga e diversas ideias do que meu encontro poderia fazer ao descobrir a verdade. Nem ao certo sabia o que dizer ou fazer quando o visse.

Por que quando o vi. Qualquer palavra que estivesse em minha mente não saiu, meus olhos se alargaram e faltou sair baba da minha boca de tão aberta que estava. Nada e nem ninguém me preparou para o que meus olhos enxergaram. Meu futuro namorado falso é tão alto, músculos em lugares certos, estiloso com suas correntes, anéis e jaqueta de couro e o que não poderia faltar, uma moto. Desconfiava que Henrique era muito bonito e tinha uma baita de uma presença, mas ele ultrapassou a beleza com seu rosto másculo, olhos intrigantes e sua pele negra.

Mas na verdade não estava preparada quando ele concordou tranquilamente - talvez não tão tranquilo assim - ser meu namorado de mentira. O peso da mentira já estava em minhas costas por isso fiquei tão surpresa. Demorou alguns segundos para entender que ele tinha aceitado, para retirar o papel e a caneta da bolsa para selar nosso acordo. Sabia que deveria ter trazido o contrato, até que não foi tão difícil.

Quando percebi que precisava de um padrinho comecei correr atrás dessa ideia maluca. Preferi me antecipar e deixar algumas coisas claras, não conheço o cara da minha frente, não sei a sua índole então o mais sensato na minha cabeça era fazer um contrato de procura-se um padrinho.

- O que seria isso? - perguntou franzindo o cenho.

- Nosso contrato de namoro e do seu serviço como padrinho, com algumas regras - disse o óbvio empurrando o papel e a caneta para ele. - Pode ler com calma.

- Você tá zoando com a minha cara? - pergunta rindo e quando ele percebe que não estou brincando começa a ler. - Sem beijo, abraços, carinhos e sexo, mas é obrigatório ter uma aliança de namoro. É sério isso?

- Todo casal do século vinte e um, tem aliança no dedo, como vão acreditar que somos namorados apaixonados sem uma? - me defendo.

- Os casais do século vinte, também transam e se beijam, sabia? - fala com ironia.

- Mas o nosso caso é que não somos um casal de verdade, estamos fingindo esqueceu? E eu não quero ser beijada por você e hipótese alguma transar. - respondi sem pensar.

- Como se fossemos nós beijar do nada e depois transar, sinceramente eu também não tenho nenhuma vontade, fica tranquila. Porra, esse relacionamento nem começou e já estamos brigando, isso não vai dar certo. - jogou a cabeça pra trás bufando.

- Se seguirmos as regras vai dar certo - insisti.

- Me diga como então Sherlock Holmes - debochou.

Tinha consciência que casal se beija, ficam grudados e trocam carinhos. Só que eu preferia não ter nada do tipo com meu namorado falso. Sou leitora e sei muito bem como acaba no final do primeiro beijo de mentirinha, os carinhos trocados viram sentimentos e tudo sai do controle. Sei que é vida real, mas não posso ser descuidada. Já pensou que loucura? Não, pela santa almas não posso nem pensar nisso.