Capítulo - 27

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"Mas essa sou eu engolindo meu orgulho
Em pé na sua frente dizendo que sinto muito por aquela noite
E eu volto para dezembro
Acontece que a liberdade não se mostrou nada além de saudades suas
Desejando ter percebido o que eu tinha quando você era meu
E eu volto para dezembro, dou meia volta
E faço tudo ficar bem
E eu volto a dezembro, dou meia volta
E mudo de ideia
Eu volto para dezembro todo o tempo"

Back To December - Taylor Swift

BÁRBARA ALENCAR

Sou leitora e uma grande porcentagem dos leitores não saem, não socializam, não vão em balada, não fazem quase nada relacionado a pessoas. Essa porcentagem gosta de ficar em casa lendo seus livros, fugindo da sua própria realidade, sonhar com seus crushes literários, comprar livros, falar sobre livros e respirar livros. Mas o inesperado aconteceu.

Maria Júlia me obrigou a ir em uma festa e eu aceitei. Acho que ainda estou doente, não é possível.

A garota chegou toda carinhosa, simpática e gentil com seus olhos de gato de botas e me chantageou para eu ir com ela. Sem meu consentimento, minha amiga tomou a liberdade de comprar uma fantasia para mim ir a festa de carnaval e me disse que se eu não fosse, euzinha teria que pagar a roupa.

Cogitei até em pagar, mas depois que vi que o valor estava chegando muito perto dos quatro dígitos, desisti. Afinal, estou juntando todo dinheiro possível para sair do apartamento que divido com Ravi. Por isso que no último mês, fiquei trabalhando mais que o normal para ter uma renda extra, esse foi o motivo que acabei ficando doente.

Estava indo a faculdade de manhã, a tarde ia para o meu estágio na empresa IDS, a noite terei duas horas para meu trabalho como bookinfluencer e corria para lanchonete. Ao decorrer do dia não me alimentava muito bem e tudo indica que acabei comendo algo que me deu uma intoxicação alimentar.

Mas nos primeiros dias que nada parava no meu estômago, não posso negar que senti um medo de estar grávida. Sei que usamos camisinha, mas às vezes elas não são eficazes, podem estourar ou sei lá apenas não proteger cem porcento e eu não tomo nenhum tipo de remédio. Dá para entender meu desespero.

Para não ficar com a pulga atrás da orelha fiz uns quatro testes de gravidez. Fiquei muito aliviada quando não deu nada.

Ser mãe agora não estava nos meus planos, principalmente o Ravi sendo o pai e eu estando com um ódio mortal dele. Mas, não sou do tipo de pessoa que não pode nem pensar em estar grávida. Quero filhos, mas não agora e com a pessoa certa.

Levei uma semana para me recuperar cem por cento e voltar para essa rotina. Verdade seja dita, se Ravi não tivesse me ajudado, estaria até hoje doente. Sua persistência, seu cuidado e sua gentileza me ajudaram muito. Única vez que vou ser grata por morar com Ravi que é médico.

Resumindo, fui obrigada a vir nessa festa com uma fantasia horrível de pirata. É um vestido personalizado com mangas de renda branca, um corset de amarração na frente, modelando a cintura na cor vermelha. A saia é construída por duas camadas, a primeira é bufante dando volume no vestido com o tecido de veludo na cor vermelha, a segunda camada é rodada com um tecido de chiffon na cor preta. Na frente ele é bem acima dos meus joelhos, sendo bem curto e atrás possui uma cauda. Para completar, a fantasia veio com uma cinta liga com meia na cor preta e alguns lacinhos ridículos, chapéu de pirata, botas de cano baixo, cabelo alisado com cachos na ponta e uma maquiagem extravagante.

Estou em um lugar indesejável, com uma roupa totalmente diferente do que estou acostumada a usar e muito desconfortável com o ambiente. Viemos a um pub bem famoso aqui no Rio, a festa é privada e temática por causa do carnaval. Se duvidar, aqui tem mais gente do que é permitido na lotação máxima do local.

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