Capítulo - 26

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"Ninguém disse que seria fácil
É uma pena nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil
Mas também ninguém nunca disse que seria tão difícil
Oh, me leve de volta ao começo"

The Scientist - Coldplay

RAVI HENRIQUE

O ano novo se passou e não tive notícia da Bárbara. Depois, passou alguns dias e ela não voltou para o Rio de Janeiro. Como eu sei disso? Por que o seu desinfetante - que eu acho fedido, porém estou com saudade até dele - não ficou empreguinado seu fedor no apartamento.

Com muita persuasão Maria Júlia me contou quando ela voltou de viagem, só que a garota não deixei nenhum rastro que está presente no apartamento, pois já faz um mês da sua volta e eu ainda não esbarrei com ela.

O problema é que eu sinto sua falta, sinto falta do seu cheiro de morango, do seu sorriso tímido, do seu cabelo cheiroso, das suas roupas estranhas, de dormir e acordar do seu lado, da sua mania chata de limpeza e sinto falta até das suas velas ridículas.

Sinto falta pra caralho dela.

E por isso decidi voltar a trabalhar antes de terminar minhas férias. Não aguentei três dias ficar nesse apartamento sozinho pensando no que vivemos. Agora, estou trabalhando mas concordo que meu humor parece de um ogro.

Cara fechada, bico maior do que o monte Evereste, olheiras marcantes pela falta de dormir e sem muita paciência ultimamente.

É assim que estou vivendo nas últimas semanas.

- Eu juro que vou mandar mensagem para Babi, estou cansado de ver sua cara de bunda pelo corredor desse hospital - Yudi diz bravo trocando de roupa.

Nosso plantão acabou, mas se me pedisse para trabalhar mais algumas horas, com toda certeza aceitaria. Por mais que estou cansado, ficaria aqui perambulando por esse hospital ao invés de ficar no apartamento pensando no Barbie ruiva.

- Para de graça.

- Vou mandar agora - pega o celular e começa a gravar um áudio. - Olha aqui Barbie ruiva, por tudo que é mais sagrado, volta para o meu amigo...

Vou até Yudi e pego seu celular com brusquidão das suas mãos.

Não acredito que esse idiota realmente tá mandando mensagem para ela.

O mais rápido possível apago o áudio que ele estava enviando.

- Tá maluco? - questiono empurrando seu iPhone em seu peito, com uma força mais que o necessário.

- Tudo isso se resolveria se você conversasse com ela - Yudi aponta o dedo indicador no meu peito. - Mas o meu melhor amigo é um bunda mole que prefere ficar aqui remoendo o sofrimento.

- Vai se foder - bato na sua mão que está encostado em mim.

- Diferente de você, hoje eu vou foder - sorri debochado.

- Tchau, Yudi - nego com a cabeça.

- Irmão, para o bem da sua saúde, vai atrás dessa mulher que ronda sua cabeça - segura em meus ombros e olha dentro dos meus olhos. - Conquiste ela novamente e vai ser feliz, caralho.

- Se conselho fosse bom, seria vendido - pego minhas coisas e me preparo para ir embora. - Não se intromete na minha vida.

Meu melhor amigo revirou os olhos e me deu um tapa na minha nuca.

Sai do hospital indo em direção a minha moto para ter o meu momento. Pilotar a minha moto de madrugada, sentir o vento no rosto e a adrenalina de atingir uma velocidade alta, pois poucos veículos se encontram na rua.

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