Capítulo - 14

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"Dizemos que somos amigos, mas eu estou te olhando do outro lado da sala
Não faz sentido, porque estamos brigando por causa do que fazemos
E não tem como eu acabar ficando com você
Mas amigos não olham para amigos desse jeito
Amigos não olham para amigos desse jeito"

That Way — Tate McRae

BÁRBARA ALENCAR

A noiva decidiu usar a cor verde como paleta para o casamento. As madrinhas com vestidos no tom de verde esmeralda, os padrinhos com terno bege e a  gravata com o mesmo tom do vestido. Já o noivo inovou com seu terno personalizado com um tom de verde mais claro do que os vestidos, porém a gravata combina perfeitamente com as dos padrinhos.

Por mais que a atração do dia fosse os noivos com os looks totalmente despojados e diferentes combinando com a paleta escolhida para o casamento. Sabia que teria olhos apenas para uma única pessoa. Não faço a menor ideia de como, porém Ravi conseguiu ficar três vezes mais bonito de terno do que ele é normalmente. Só perdeu para a versão sem camisa.

O terno não foi feito sob medida, pois estava sendo experimentado para fazer os ajustes, mas parece que ele nasceu para usar a peça, pois ficou perfeito em seu corpo fazendo um contraste incrível com sua pele negra. A imagem ficou xerocada na minha mente, pois ainda fico repassando cada mínimo detalhe da roupa em seu corpo. 

Isso que já passa das meia noite, já comemos pizza com os noivos enquanto jogávamos conversa fora, já decidimos o que iremos fazer no domingo e agora estamos indo dormir. 

Ter ganhado um beijo na bochecha, aguentar suas gracinhas, ser colocada para dormir, ser encarada com seu olhar penetrante e  ter a imagem do seu corpo no terno é cinco vezes mais fácil do que dividir uma cama com Ravi. 

Tentei vir antes dele e tentar dormir primeiro, mas não adiantou em nada, conforme fechava os olhos a única coisa que veio em mente é ele de terno.

E agora ele adentra o quarto apenas com uma samba canção. É assim que ele quer dormir do meu lado?

Meu namorado de mentira está me testando. Não é possível.

— O que é isso? — questiono quando ele deita ao meu lado e tenta pegar minha coberta para se cobrir.

— Qualé, agora vai negar um pedaço de coberta?

— Só por cima do meu cadáver vamos dividir uma coberta juntos. Já não basta a cama.

Bufo irritada, deixo meu kindle na mesa da cabeceira e me enrolo na coberta inteirinha, igual uma criança emburrada que não quer dividir comida.

— Querida, para sua informação foi você mesma que me pediu, na verdade me implorou para dividir o quarto — levanta nervoso e abre meu guarda roupa para pegar uma manta — Se quer saber, ontem você nem reclamou de ficar de baixo da coberta comigo, até me abraçou — sorri debochado.

— Mentiroso, nunca iria fazer isso. Mas se caso fiz não lembro, estava bêbada de sono  — rebato dando de ombros.

— Ah, então você é dessas? Se não lembra, não aconteceu? 

Concordo gesticulando minha cabeça e sorri cínica. Ravi se ajeita e deita de lado virado para mim.

Para falar a verdade não faço ideia do que fiz no dia anterior, nem me lembro de ter vindo pra cama. Então uma ideia brilha em minha mente, levanto vou até o armário pego mas algumas cobertas, dobro elas em um retângulo fino, coloco no meio da cama fazendo um muro separando nossos corpos, agora não preciso ficar com medo de dormir e fazer alguma coisa que me constranja e me comprometa mais ainda com meu colega de apartamento, que agora divide o quarto e a cama comigo.

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