Capítulo 8

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Atualização de quinta feira: ainda me sinto exausta, mas, pelo lado bom, Stella está melhorando comigo. Agora ela não passa cem por cento do tempo tentando me ofender quando estamos no mesmo recinto... Abaixou para noventa e sete por cento, o que eu considero uma grande vitória para minha segunda semana de trabalho.

Sigo agindo com perfeição, chegando mais cedo e pegando peças que eles guardam num grande estoque de roupas por aqui para usar. Percebi que Stella não se agrada em me ver com meias-calças, tiaras ou muitas camas de roupas sobrepostas, porque a lembram muito de personagens adolescentes — presumo que ela não está mais na fase de curtir esse tipo de coisa. O ar adulto que adotei graças a Savannah está me ajudando também. Me sinto bem mais confiante em cima desses sapatos que podem comprar meses do meu aluguel.

— Escute bem, Hathaway... — Estou correndo e anotando tudo que ela fala sem perguntar. — Alaska Willson acaba de chegar para a nossa sessão de fotos. Lena vai entrevistá-la e nós acompanharemos... — Minha pressão quase abaixa ao ouvir o nome. Alaska é, tipo, minha cantora favorita de toda a vida! Eu não posso acreditar que ela está no mesmo lugar que eu e que vou vê-la em questão de minutos. Alaska Marie Fray — sobrenome de solteira — começou a fazer sucesso a uma década atrás e ainda arrecada fãs por todo o globo com letras marcantes e profundas sobre experiências pessoais e seus grandes amigos. Passei horas fazendo trabalhos na faculdade enquanto a ouvia. Ela é como Beyonce, uma estrela do pop que têm o nome marcado com selo de ouro na indústria e seis álbuns consagradíssimos. — ...Hathaway? — Stella me puxa para a realidade. Estamos no elevador. — Você ouviu o que eu disse?

— Eu ouvi... Quer dizer, meu Deus, vou conhecer Alaska! Agora eu entendo por que todas as garotas se matariam para ter o meu emprego. Eu amo meu emprego! — reprimo a vontade de dar pulinhos e tento prender minha vontade de sorrir para as paredes inutilmente.

Stella franze o lábio superior e me dirige um de seus olhares de águia.

— Se contenha. Sky Fray também veio acompanhá-la. Estou tentando conseguir que ele pose com ela, mas não sei se quero só ela ou os dois juntos. Ele também funciona muito bem, só que um jogador de futebol não vai chamar tanta atenção quanto uma diva do pop. A comunidade LGBTQIA sei-lá-o-quê mais ama elas. Teremos um container de edições vendidas na mesma hora que sair. — Falcone faz gestos com os dedos e parece estar conversando mais consigo.

— Olha, talvez possa fazer os dois. Você coloca a foto dela na capa, faze uma matéria exclusivamente e outra parte "Alaska fala do casamento com o astro do futebol americano e como têm sido os anos de glória", então dedica fotos deles para essa parte. Pode tomar mais espaço do que o programado, mas todos sabemos que o público não se cansa de saber da vida dela. — Dou minha sincera opinião, certa e direta, tão convicta do que estou dizendo que Stella reduz o passo e me olha.

— Vou pensar nessa possibilidade... Não é como se cortar a parte de Kelley sobre a volta da moda floral fosse uma tragédia.

Meu eu interior comemora com soquinhos no ar. Ela não só não falou que não precisa das minhas opiniões como disse vai considerar. Essa semana pode ficar melhor? Penso que não, mas estou redondamente enganada. Quando o elevador se abre e passamos pelo primeiro corredor, damos de cara com um amplo espaço. Há a aba de fotografia com um grande telão branco no chão e na parede, araras de roupa, bancos e câmeras. Ignoro totalmente a equipe trabalhando quando a vejo. Alaska deve ser cinco centímetros menor que eu, está com os cabelos tingidos de louro claro e usa um belo vestido verde-água. Ela se levanta para nos receber.

— Meu Deus! — Dou um gritinho e abro os braços. Ela não pensa duas vezes. É o abraço mais gostoso do mundo; ela têm o melhor perfume do mundo e é a menina mais linda do mundo. Digo a mim mesma para me afastar porque meus olhos estão cheios de lágrimas. A emoção não pode ser descrita. Tentando comparar, seria como os cristãos encontrando Deus. — Desculpe, desculpe. Minha chefe vai me demitir por isso, mas não pude evitar. Sou sua maior fã...

Alaska mostra covinhas ao sorrir.

— Qual seu nome? — ela me pergunta.

— Elena. Elena Hathaway.

— Bom, Elena, eu proíbo sua chefe de te demitir. Se acontecer, não piso aqui nunca mais. — Alaska garante. Ouso espiar Stella, que está petrificada de tanto choque pelo que acabei de fazer. Ela rapidamente muda para algo leve e estende a mão. — Stella, como vai?

— Alaska, querida. Que bom que veio. — E elas trocam dois beijinhos. Eu não entendo como Stella pode estar tão calma na frente dessa mulher. Como é estar acostumada com gente famosa? Não me imagino assim. — Onde está seu marido?

— Sky? Batendo papo com o fotógrafo. Ele também é superfã... Homens e futebol. — Alaska faz uma careta.

— Ela quer saber se vocês vão posar juntos para nossa revista. — Corto a conversa e é tarde demais para impedir. Stella me fuzila. Alaska sorri. — Ele não está muito à fim, mas vou dar um jeito de convencê-lo agora que pediu, Elena. Me concedem um minuto? — ambas fazemos que sim e ela vai até o homem alto que conversa com um cara baixo e feioso. Sky é famoso por ter um ótimo desempenho em campo, além da aparência perfeita. A esposa o puxa pela barra da camiseta e os dois se perdem da nossa vista por alguns momentos. Mordo o lábio inferior para Stella e sua fúria. — Pensando na melhor forma de esconder meu corpo depois de me matar lentamente?

Ela cruza os braços.

— Ah, você pode apostar que eu estou.

Ah, essa não... 


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