Capítulo 36

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— Ah, Dyanne... — desabo na minha cama ao fim de longas horas de conversa com minha melhor amiga.

Ela odeia Thommy Crueser agora e deve passar todas as horas livres de seu dia fazendo comentários de ódio nas redes sociais contra ele. E também me deu um tapa na testa por eu ser tão impulsivamente burra ao me colocar numa situação de risco tão gratuitamente. O que a acalmou foi ser atualizada dos detalhes recentes da minha vida sexual com Stella.

— Uau... — ela fala pela primeira vez em cinco minutos. — Eu nem sei o que dizer. Tipo, meu Deus, você deu pra chefe gostosona e rica que te humilhou por tanto tempo... E não é que eu não esteja feliz, só que parece uma fanfic muito louca do Wattpad. — Sincera até demais. — Conta mais enquanto eu tento digerir tudo isso.

Aliso meu umbigo, olho para o teto e narro tudo que aconteceu depois da minha primeira noite com Stella, quando acordamos abraçadas na cama dela pela manhã e tomamos café-da-manhã no restaurante do hotel. Nosso passeio pela praça, almoço, o bate-papo que tivemos e toda a incrível tarde por Hong Kong antes de arrumarmos nossas malas para voltar aos Estados Unidos. É como um filme mudo e fofo ao som de uma música romântica que roda no fundo da minha cabeça. Stella esteve tão de bom-humor que não me ofendeu nenhuma vez sequer e sorriu, de seu modo comedido, mais vezes que posso contar. O fim perfeito para uma viagem que começou tão turbulenta.

— ...e depois disso ela me trouxe aqui.

— Por que não foram logo pra casa dela repetir o sexo selvagem que tiveram na madrugada?

Ah, esqueci de mencionar que também teve essa parte em sequência a nossa transa na mesa, pouco depois de eu estar recuperada do primeiro round.

— Porque ela tem que se encontrar com o advogado e ver depressa o que podem fazer para ela ter o filho mais perto de novo, antes que Thommy dê um jeito de se safar. — Remexo no meu colchão, me apoio pelo cotovelo e deito a bochecha na palma. — Se tudo der certo acho que vou conhecer ele muito em breve.

Dy faz careta.

— Não é estranho ser madrasta tão jovem?

— Já me acostumei com a ideia. Além do quê não sei se vou ser madrasta... Eu e Stella estamos tentando ver como vai funcionar isso entre nós... Ah, e ela também vai me ajudar com todo esse escândalo e exposição minha na internet. Não tive coragem de olhar nem o Instagram depois do vídeo viralizar. — Ainda tenho que lidar com isso... Só de pensar minha cabeça dói. Tudo seria melhor se eu pudesse apenas aproveitar o fato de ter conseguido Stella para mim.

— Falando nisso, você vai ter que dar cabo de um bocado de textos do Gabe. Ele veio aqui ontem procurar saber de você e parece preocupado...

— Santa Guadalupe. — Gabe! Também têm Gabe. Afundo minha cara no travesseiro com a esperança de que possa me afogar. — Não posso simplesmente ignorar ele, né?

— Você é um homem?

— Não.

— Ótimo.

De novo Dyanne me fazendo repensar e ir atrás de soluções complicadas.

— Tem razão... Argh!

Fecho os olhos. Meu celular vibra. É Stella.

— Alô? — imediatamente sento-me sob o edredom. — Você já falou com o advogado?

Ainda não consegui encontrá-lo. Enfim, eu estive conversando com um amigo do ramo de jornalismo investigativo e ele disse que vai ser questão de tempo para alguém descobrir seu endereço e repórteres aparecerem aos montes na sua porta.

— Repórteres? — não vou ter paz se isso acontecer. Eu tenho uma ideia do quão essas criaturas são ferozes por um furo de matéria. — Que merda... O que eu vou fazer? Sair pela janela todos os dias bem mais cedo do que o normal?

Stella ri do outro lado da linha.

Não se preocupe. Eu tenho um apartamento no Upper East Side perfeito pra você e sua amiga... Dyanne, não? Estava pensando em alugar, de qualquer modo.

Espere aí.

— O quê? Você sabe que não posso pagar um apartamento no Upper East Side, não sabe?

Pode se eu fizer por um preço acessível. — Barganha ela.

Stella está oferecendo uma oportunidade que eu não imaginaria ter em tão pouco tempo. Na minha cabeça eu nunca teria condições de morar no Upper East Side nos primeiros dez anos pós-faculdade. É... um sonho! E sei que se contrariá-la vou criar uma fera.

— E eu posso pelo menos visitar para saber se é do meu agrado? — provoco de volta.

Óbvio que vai ser. — Stella decreta, certeira.

Eu reviro os meus dois olhos. Stella pode ser lerda algumas vezes. É raro, mas acontece. Como agora.

— Eu estava pensando que a dona pudesse me levar para lá e mostrar tudo com calma...

Silêncio.

Acho que entendi melhor... — ela baixa o tom de voz. — Posso ver essa possibilidade, mas tenho que verificar com minha assistente se tenho vaga livre na agenda primeiro. Ela quem cuida dessa parte.

Mordo o lábio.

— Tenho certeza de que ela pode se esforçar...

— Elena?! — Dyanne chama.

Eu mal percebi que ela saiu do quarto. Com o aparelho na orelha, saio atrás da minha melhor amiga, pronta para bater na cabeça dela por interromper a primeira boa chamada por telefone que tenho com Stella. Para minha grande tristeza, Dyanne está parada ao lado da porta... com Gabe. E ele não tem uma cara nada boa. 


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