Capítulo 11

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Estou mais que linda nesse vestido tomara-que-caia prateado e brilhante na metade das coxas com decote profundo nas costas. Também tem a gargantilha com imitações falsas de diamante e os saltos vermelho-sangue completam perfeitamente o código de vestimenta.

Quando eu e Dyanne somos liberadas da grande fila de espera na frente da Lux, entramos por um corredor azul-escuro com luzes de LED nas extremidades das paredes. Uma cortina nos separa da parte de dentro da boate. O lado esquerdo é altíssimo o primeiro andar está composto por um grande bar na parte sul, a pista de dança oeste e alguns nichos de convivência espalhados. Entrelaço meus braços aos de Dyanne. Ela está divina com uma calça de vinil e top frente única pêgo no meu armário.

— Maya ia adorar. Uma pena que ela esteja em Skarye Fall de novo.

— Uma pena mesmo.

Minha amiga se segura em mim e nós corremos para o bar. Peço uma caipirinha de caju e Dyanne vodca com energético e gelo. Como estamos cheios de energia, partimos para debaixo do globo espelhado. Nelly Furtado ginga o vocal e a batida conosco para aqueles que se aventuram a mexer os quadris. Oscilo entre dançar, abaixar o vestido, dar gritinhos e sorrir. É disso que preciso após duas longas semanas insanas com Stella Falcone e seu gênio intragável. Cada centavo deixado aqui vai ser o dinheiro mais bem gasto de toda a minha vida, porque já nem penso tanto no meu trabalho ao fim do primeiro copo.

— Vou pegar outra! — aviso para Dy, que quase se esfrega em um cara alto e negro que conheceu a poucos segundos.

Sou um pouco fraca para bebida, admito, portanto, tenho de prestar atenção redobrada ao descer os poucos degraus e não esbarrar em ninguém ou causar um desastre. Quando jogo meus cotovelos em cima do balcão, o barman musculoso se vira para mim e tenho quase certeza de que ele é gay. Ele ri, mostrando que se lembra de mim.

— Outra, por favor.

— E para mim também. — Uma voz infiltra-se entre mim e sinto um corpo passando do meu lado. Homens são abusados e... E esse é conhecido. Ninguém mais ninguém menos que Gabe Williams em uma camiseta de botões preta e muito perfume masculino inebriando meu nariz.

O sorriso ladino faz com que eu e o barman nos derretamos. Minha expressão de surpresa incrédula já diz tudo o que estou sentindo.

— Meu Deus, o que você faz aqui? — estendo os braços e ele segura minha cintura, beija-me na bochecha e se afasta.

— Ouvi você dizendo mais cedo que vinha pra cá. Como não respondeu minha mensagem, precisei vir aqui conversar pessoalmente... Isso ou esperar segunda-feira de novo. — Ele se dirige ao responsável por minha bebida e gesticula. — Quero o que quer que ela esteja bebendo também, por favor. Obrigado.

— Ah, faz tanto tempo que não ouço alguém agradecendo uma pessoa que esteja fazendo seu trabalho bem-feito. — Minha necessidade de desabafar surge de repente. Não quero ser levada de volta para a Vogue, mas é um comentário que sinto necessidade de fazer: — Quer dizer, eu sei que esse pobre não está fazendo nada além de ganhar seu dinheiro, mas se não fosse por ele, não teríamos essas deliciosas bebidas. Por que as pessoas precisam tratar ele como se não estivesse fazendo mais que suas obrigações? Sim, ele é tá, mas também não é como se merecesse ser tratado como um cão.

Gabe analisa palavra por palavra que sai da minha boca e maneia o queixo.

— Por que sinto que isso não é sobre ele e sim sobre sua chefe terrível agindo como uma madrasta má dos contos de fada com você? — Ele desliza a bunda no banquinho vago ao lado e consigo ver um pouco de suas grossas coxas marcadas na calça cinza. — E eu sei bem como é se esforçar para entregar um bom serviço e ser ignorado. Nem todas as clientes da loja são tão adoráveis, sabia?

Balanço a cabeça.

— Eu não deveria estar falando disso, é só que... Urgh, aquela mulher me deixa louca. — Sigo o exemplo dele. Nossas caipirinhas chegam a nós e ambos agradecemos de novo ao barman. Olho para ele, resignada. — Juro que a partir de agora não vou mais falar de nada que envolva meu emprego.

Gabe ergue o canto da sobrancelha em dúvida.

— Vejamos até quando isso dura, mocinha.

✿ ✿ ✿


Saio vitoriosa e consigo não falar da revista, Stella e seus relacionados por boa parte da noite. Gabe interroga todo o meu histórico, gosto e sonhos pro futuro. Nós debatemos perspectivas, coisas que gostamos e não gostamos. Quando Dyanne aparece para dizer que estou sumida por quase uma hora, eu noto o cabelo bagunçado dela e posso apostar que ela estava transando no banheiro. Gabe não reluta em ir para a pista e dançar comigo. Ele não encosta muito em mim, apenas segura meus quadris vez ou outra e busca ter o máximo de certeza. É uma noite perfeita. Por volta da meia-noite, Dyanne recebe uma ligação da ex-namorada e avisa que precisa dar uma escapulida. Entendo que não preciso esperar por ela em casa até de manhã. Ela também se certifica de que Gabe vai cuidar de mim, ameaçando a integridade do pênis dele, antes de ir. Sob uma batida remix de Elle Gouding, estico meus braços pelos ombros dele, seus dedos prendem minha cintura e nós nos beijamos.

✿ ✿ ✿


Gabe se oferece para me trazer em casa em sua motocicleta. Durante a viagem me agarro firme em sua cintura, mantenho o equilíbrio como posso e vejo as luzes da cidade bagunçando meu senso de percepção. É uma viagem e tanto.

— Moro aqui. — Digo a ele, empurrando a porta do saguão. Subimos para o segundo andar e ele enfia as mãos nos bolsos, esperando que eu abra a porta e o convide para entrar. Destranco a fechadura. — Certo, acho que por hoje é isso, pessoal. — Eu brinco, imitando o narrador dos Looney Tunes. — Obrigada por me trazer. Nos vemos na segunda de novo?

Gabe abre e fecha a boca depressa. Essa não é a resposta que ele esperava, aparentemente. Espero uma reação hostil, mas ele apenas faz um gesto positivo e mostra os dentes.

— Estarei ansioso para preparar o café da sua chefe... Tenha uma boa noite, Elena. — Com o sinal de saudação, despede-se.

Espero que ele se vire para puxá-lo bruscamente pela camiseta.

— É brincadeira, bobo.

Tomo, novamente, atitude ao beijá-lo na boca. Gabe afunda a língua na minha e traz uma boa sensação de euforia ao morder meu lábio. Eu não persisto em fingir que isso vai acabar aqui mesmo. Entro dentro do apartamento com seu corpo contra o meu e ele se encarrega de bater à porta para nos dar privacidade dos expectadores curiosos.


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