Capítulo 23

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Wednesday Addams

–Wednesday! –Mia, que estava sentada no sofá, falou animada, enquanto tinha um grande sorriso no rosto.

–Oi, Mia! –Sorri, e a abracei, beijando sua cabeça em seguida. –Como você está?

–Estou normal. –Deu de ombros. –Pode se sentar. –Chegou um pouco para o lado, e eu me sentei no espaço vazio do sofá.

–Onde está a nossa mãe, Mia? –Perguntou Enid, com certo tom de hesitação na voz.

–Ela veio aqui antes do almoço, mas só me encarou e saiu. –Mia respondeu, com uma carinha triste.

–Você almoçou o que hoje? –Enid questionou.

–Comi uns biscoitos e tomei um suco. Não consegui ficar em pé por muito tempo, porque meu tornozelo tava doendo. –Apontou para o tornozelo, ainda engessado.

Em minha mente, apenas uma coisa ecoava: Como a própria mãe não teve a coragem de fazer um almoço digno para a filha que está incapacitada?

Está melhor agora? –Enid indagou, claramente preocupada.

–Eu tomei o remédio, e melhorou um pouquinho. –Sorriu fraco. –Lina chegou faz pouco tempo, está no quarto porque está com dor de cabeça.

–Tudo bem, depois nós resolvemos isso. –Sorriu. –Wednesday veio aqui ver você.

–O que? –Mia abriu a boca, e eu não conti a risada. –Quer dizer que a Wednesday Addams veio aqui em casa, apenas para me ver? Que tipo de multiverso é esse? Em que momento da minha vida eu fiquei tão sortuda? Enid acho que minha pressão está caindo! –Ela fala dramaticamente, e Enid revirou os olhos, enquanto ria das falas da irmã.

–E por que eu não viria, senhorita? –Levantei a sobrancelha, e ela encolhei os ombros, com um beicinho no rosto. Mia era extremamente parecida com Enid. –Sua irmã me disse que você andava muito para baixo, fiquei preocupada. –A olhei, e ela suspirou. Enid se levantou, e deu uma piscadinha. Eu assenti, e me virei de frente para Mia. –Você quer conversar? Sei que não somos muito próximas, e não quero te pressionar a falar nada que te deixe desconfortável.

–Tudo bem, eu não me importo em falar. –Sorriu fraco. –Essa situação com a mamãe vem me deixando meio desanimada, entende? –Olhou para baixo. –Eu não sabia que ela tratava as minhas irmãs desse jeito. Toda vez que ela ia falar alguma coisa, ela me tirava de perto, ou me mandava fazer alguma coisa do lado de fora, mas nunca passou na minha cabeça que ela poderia fazer alguma coisa assim. –Começou a tamborilhar os dedos no braço do sofá. –Ela nunca tinha feito nada para mim, até o dia que eu machuquei o pé. –Falou com um pesar na voz. –Quando aconteceu, eu pensei que era brincadeira, mas ela me ignorou pelo resto dia, e brigou muito comigo quando cheguei em casa. A Badá não sabe, mas depois que chegamos do hospital e ela foi dormir, eu vim pra sala e chorei muito. Enid e Lina não me falam, mas sei que meu pai sempre me tratou melhor, justamente porque eu não sabia de metade das coisas que ele fazia. –Ela respirou fundo, e um ponto de interrogação se formou na minha mente. O que será que pode ter acontecido? –Mas eu não consigo sentir raiva dele, e me sinto culpada as vezes. Minhas irmãs são meu tudo, sabe? Elas sempre fizeram de tudo para cuidar de mim, sempre peitaram quem fosse para me defender, e me dói muito pensar no quanto elas sofreram, enquanto eu fui poupada de tudo. –Vi seus olhos ficarem cheios de lágrima, e antes que qualquer uma caísse, ela passou as mãos ali. –Mas também fico triste por não saber mais quem é a minha mãe. Eu já não me sinto bem perto dela. –Abaixou a cabeça, e eu segurei sua mão.

Photograph || WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora