Em seus olhos.

Tempo.

Segurei no rosto de Valentina com minhas duas mãos, olhei nos olhos da mesma por segundos, em silêncio.

Ela também estava com os olhos marejados.

- Valen, eu te amo tanto que me assusta. Eu não me vejo sem você, e me parece certo 99% do tempo, porque você é quem eu quero do meu lado pra sempre. Eu acredito que você não quis me magoar, mas não anula o que me fez sentir. Eu ainda to muito irritada, mas acima disso, eu to magoada. 
As vezes eu sinto que tudo que você quer de mim é submissão. E eu não me importo, mas sabe o que eu me importo? Você não correr por mim também. Eu nunca receberia de outra pessoa as coisas que você recebe da Fernanda, e outras coisas que você faz também, porque eu sei que iria te irritar, e antes disso, eu não me sentiria confortável, essa é a diferença..

Valentina ouvia tudo em silêncio, nesse momento uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

- Eu acredito e sinto verdadeiramente o quanto você também me ama e também me quer. Mas eu não posso fazer sozinha o que deveria ser feito por nós duas.

- Você tá terminando comigo?

- Não. Eu não quero e acredito que eu nem consiga. Eu só to sendo sincera com você, e acredito que precisamos de um tempo.

- Eu não preciso de tempo, eu preciso é de você.

- Eu preciso, to me sentindo um pouco distante de mim.

- To te fazendo mal?

- Não. Você me faz bem como ninguém, mas algumas situações, e a falta de outras, sim..

- Eu prometo que vou me policiar em relação a Fernanda, colocar um limite maior entre nós duas. E eu não quero apenas submissão de você, eu quero você, como minha mulher. Você é a única coisa que me importa, eu sinto muito por não deixar isso claro como deveria ser.

- Eu sou sua mulher, Valentina.

Falei com convicção.

Sequei o rosto de Valentina  com o polegar e fiz um carinho ali.

- Mas nesse momento eu não me sinto em paz pra ser minha, e assim ser sua, acho que só preciso pensar um pouco.

Era verdade, eu sabia que seria horrível passar um dia se quer sem o toque, o cheiro e os beijos de Valentina, mas eu realmente estava me sentindo distante de mim. Meu amor por ela estava me fazendo aceitar coisas que nunca cogitei antes, sem ao menos notar, acho que é assim quando se quer viver a vida toda com alguém. Mas agora vendo que ela não se disponibiliza e não se abdica de volta, e está sempre confortável em me ter em suas mãos, perde todo o sentido.  Será que ela não queria viver a vida comigo?

Valentina respirou fundo e fechou os olhos, ela tava com o nariz vermelho e seus olhos transbordavam.

Eu estava da mesma forma.

Eu dei um selinho demorado na mesma e me afastei.

- Posso te deixar em casa?

- Melhor não, você bebeu..

- Tudo bem, eu não vou insistir.

Peguei minhas coisas e fui em direção a porta, abri a mesma e olhei Valentina mais uma vez.

- Eu te amo, não esquece.

- Eu te amo, não esquece.

Ela repetiu e ficou me olhando enquanto eu saia.

Meu coração apertava a cada degrau que eu descia daquela escada.

Quando desci só Eduarda estava pela sala.