Até ontem.

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(Vocês pedem e eu não consigo dizer não, sou igual a Luiza!!! Hahaha
Ouçam a música.)

Assim que Luiza saiu daquele quarto eu me senti morta por dentro.

Não era um adeus, mas eu senti como se fosse, e isso me destruiu.

Eu gritei, de raiva, de mim mesma, por toda a vida que eu tive até então, e por conseguir afastar a única pessoa que tinha me mostrado o que era o amor e me amado de volta.

Mas eu também gritei de dor.

Em um impulso eu acabei quebrando meu celular na parede, assim como meu abajur,  e o notebook..

Eu queria por a dor pra fora, mas não foi feito.

Passei a noite em claro, a cada instante uma avalanche de culpa me atingia. Como eu pude ser tão burra?

Luiza tinha me dito tempo atrás, que não era o amor que sustentava uma relação, mas sim a relação que sustentava o amor.

Eu não me atentei aos detalhes.

Achei que amor demasiado seria suficiente pra ela ficar.

E esse amor demasiado fez ela ir.

Na verdade, eu sabia o que era o amor?

Eu sentia amor em cada sorriso, em cada beijo, em cada palavra.

Eu sentia amor no som da risada de Luiza, na sua voz manhosa ao acordar.

Eu sentia amor no seu silêncio confortável, no seu barulho.

Eu sentia amor a cada transa, calma ou violenta.

Eu sentia amor em seus olhos.

Era genuinamente bom e diferente de tudo que eu já tinha sentido antes.

Era vivo.

É, eu sou capaz de sentir amor. Mas sou capaz de amar da forma correta?

Eu fui capaz de fazer Luiza sentir o meu amor?

Talvez sim. Mas da forma correta?

Existe forma correta de amar?

Passei os três dias seguintes mergulhada em culpa.

Era estranho, eu não sabia em quê me culpar, então me culpava sobre tudo.

A nossa última discussão ecoava em minha cabeça.

Realmente, tive ausências e excessos, que se quer percebi.

Muita coisa continuava normal para mim, e eu se quer percebia ser errado. Como ainda sair pra festas, como ainda sempre responder em tom de flerte os elogios pelo Instagram, ou como ainda manter a Fernanda em minha vida quase que da mesma forma de antes.

E é óbvio que nada disso me parece certo agora.

Eu tinha parado de transar com a Fernanda, e com qualquer outra pessoa.

O mínimo, como disse Luiza.

Mas quantos outros mínimos eu deixei de fazer por puro ego? Ou por não enxergar serem necessários?

E bom, eu omitia também algumas coisas pra Luiza, pra não ser cobrada ou repreendida.

Sobre o Guilherme eu não me arrependo de nada, eu sei bem quem ele é, eu sei bem as intenções dele.

Mas eu também sei quem é a Fernanda, e sei das intenções dela comigo.

E não cortei como deveria..

Era confortável pra mim estar ali para Luiza, com cuidado, querer e desejo.

Enquanto ela estava para mim de incontáveis formas.

Em seus olhos.Onde histórias criam vida. Descubra agora